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'Malhadinho do Cerrado' alegrará Vilhena em 2011


 
 
JULIO OLIVAR
Amazônias

VILHENA — O boi-bumbá chegará a Vilhena em 2011. É a manifestação folclórica típica do Norte do Brasil. Quem articula a inclusão do evento no calendário cultural vilhenense é o agitador cultural Átila Ybáñez França, assessor da Secretaria Municipal de Esporte e Cultura (Semec). Vilhena, a 750 quilômetros de Porto Velho, é terra de sojicultores, pecuaristas e madeireiros. 

Para preparar os futuros participantes dos grupos de bois-bumbás vilhenenses, a Semec promove uma oficina com aulas práticas e teóricas. As aulas, gratuitas, começam nesta segunda-feira, 19, e vão até o dia 23, na Casa da Cultura (antigo Centro de Treinamento).

Serão abertas 50 vagas, para pessoas com mais de 13 anos de idade. O criador do Boi Malhadinho, de Guajará Mirim, Muniz de Souza, ministrará as aulas. Segundo Ybáñez, primeiramente é preciso capacitar os brincantes, pois a dança folclórica:

— Isso exige toda uma compreensão sobre a lenda, realçada numa apresentação teatral — ele explica. Os brincantes também precisam aprender a dançar ao ritmo dos instrumentos caboclos. Há, também, as alegorias e as indumentárias montadas em função da festa, que costuma reunir público de milhares de pessoas em Porto Velho e Guajará-Mirim. Nessas cidades, a tradição é mais antiga. 

Influência amazonense

'Malhadinho do Cerrado' alegrará Vilhena em 2011 - Gente de Opinião

Ybáñez: oficinas treinarão brincantes, que serão conscientizados sobre o significado da festa /JULIO OLIVAR

O fato de o boi-bumbá só existir nas duas cidades mais antigas do estado explica-se pela colonizadas de migrantes do Estado do Amazonas. Lá, a tradição é bem mais forte.

Ybáñez garante que, em Vilhena, existem muitos nortistas e nordestinos que se sentem preteridos de uma maior valorização de sua cultura. 

— Se há o Centro de Tradições Gaúchas que preserva muito bem a cultura do Sul do Brasil, por que não olharmos para outros tipos de manifestações? Não se diz muito sobre as tradições, lendas, danças e a cultura em geral ligadas aos caboclos, indígenas e nordestinos”, pondera Átila. 

O projeto da Semec prevê a criação de dois grupos de bois-bumbás para estabelecer uma “concorrência saudável”. A disputa ocorreria sempre no mês de julho, no Parque de Exposições de Vilhena. 

Depois de prepararem os dois grupos folclóricos, serão “batizados” os bois. Existe uma sugestão para um dos grupos: “Malhadinho do Cerrado”. Em seguida, virá a mobilização mais ostensiva para viabilizar o evento, que envolve muita gente além dos brincantes e organizadores: são costureiras, coreógrafos, compositores... E por fim: a mídia para garantir a presença do público.    

Herança genética

Poeta e pedagogo, Ybáñez tem na veia a cultura cabocla. Nascido na bilíngüe Guajará-Mirim, cidade localizada na fronteira do Brasil com a Bolívia, a 1005 km de Vilhena, Átila é filho de uma boliviana muito afeita à cultura [ela era musicista] e, quando criança, costumava sair na ala dos índios no “Boi da Dona Gregória”. 

'Malhadinho do Cerrado' alegrará Vilhena em 2011 - Gente de Opinião

Tradição também na cidade de Parintins (AM), que recebe muitos turistas a cada ano /VIBEFLOG

Na terra natal de Átila, o evento costuma atrair perto de 15 mil pessoas por noite na festa que chega a durar uma semana. Paralelo às alegorias dos bois, o evento inclui brinquedos eletrônicos no parque de diversões, apresentação de cantores locais e as quadrilhas que dão um show à parte.
 

Nascido no Maranhão,
popularizado no Amazonas
 
A lenda do Boi-Bumbá é uma mistura de sátira, comédia, tragédia e drama, deixando sempre clara a fragilidade de o homem diante da força bruta de um boi. Esta essência se originou da lenda de Catirina e Pai Francisco, de origem nordestina, que sofreu adaptação à realidade amazônica. 

Dessa forma, reverencia o boi livre e nativo da Floresta Amazônica, bem como a alegria, sinergia e força das festas indígenas. A festa do boi-bumbá surgiu no Maranhão, que a exportou para o Estado do Amazonas, visitado anualmente por milhares de turistas que vão para conhecer o famoso Festival Folclórico de Parintins, desde 1913. Ali ganhou a cor local. (J.O.)
 
Informações sobre as aulas podem ser obtidas pelo telefone 69 9227-3723, com o próprio Átila Ybáñez.

 

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