Sexta-feira, 3 de agosto de 2018 - 07h04
ELIAS RIBEIRO PINTO
Diário do Pará
Um dos mais importantes lançamentos do ano de um autor paraense expressa a vivência de mais de meio século de jornalismo na Amazônia produzido pelo mais respeitado e persistente intérprete da região e que dela se tornou uma referência internacional.
Na Trincheira da Verdade: Meio Século de Jornalismo na Amazônia reúne textos que o autor, Lúcio Flávio Pinto, escreveu “especificamente sobre jornalismo ao longo de uma década”.
Este livro revela um Lúcio que talvez passe despercebido ao leitor de seu Jornal Pessoal [um dos jornais alternativos de mais longa duração da história da imprensa brasileira]: o de um intelectual público de seu tempo, como poucos hoje no Brasil.
Por sua riqueza e variedade de assuntos, entre a política e a cultura [de Paulo Francis a Lula, do antropólogo Eduardo Galvão a Lévi-Strauss, de Tinhorão a Vargas Llosa, de Millôr e Cony ao homem do povo], em meio a polêmicas e ao circuito amazônico, este maduro [e não menos combativo] Na Trincheira da Verdade me lembrou o primeiro livro do Lúcio, Amazônia: O Anteato da Destruição, publicado em 1977. Completou 40 anos de lançamento no ano passado. A mesma variedade de assuntos, a riqueza da visão jornalística, cultural, as polêmicas que ainda hoje (in)formam. De lá para cá, Lúcio concebeu uma bibliografia considerável.
A página traz uma entrevista com o Lúcio, da qual destaco este trecho sobre a intolerância presente nas redes sociais:
“Pouco tempo atrás me reuni em São Paulo com velhos amigos jornalistas. Alertas contra o saudosismo fútil e erradio, lamentamos o mundo ao qual temos que nos adaptar (ou sujeitar). Não corresponde aos fins que buscamos com tanto empenho, não coincide com nossos sonhos e utopias. Um mundo egoísta, minimalista, carreirista, pragmático, cínico e inculto. Não uma incultura qualquer, medida por livros consumidos. É a cultura vencida pela boçalidade, pela arrogância, pela superficialidade e pelo arrivismo. Um mundo de agressões primárias, de posições selvagens, de intolerância”.
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“Construímos nosso modo de ser através de muita leitura, do amor pelo conhecimento, da paixão pela descoberta e revelação dos fatos por dentro e por trás dos acontecimentos. Esse patrimônio cabe cada vez menos no mundo virtual e no mundo real de hoje. Mas ainda não perdemos a esperança nem nos deixamos tomar pelo niilismo imobilista. Ainda travamos nossos combates, tentando enriquecê-lo e rejuvenescê-lo. Mas sem muita esperança e, por isso, sem ilusão”.
SOBRE PAULO FRANCIS:
“Talvez chegasse aos 80 anos como a negação do que foi de mais importante: um polemista notável e um editor como poucos. Basta lembrar sua trajetória por Senhor, a revista que esteve muito além do seu tempo (entre 1959 e 1962), o 4º Caderno do Correio da Manhã (1967/68) e a revista Diner’s (1969), três das melhores publicações da história da imprensa brasileira”.
Este Francis ficará. O outro, o mais recente, morreu antes de destruir o que construíra, conforme o enredo da má ficção que forjou."
SOBRE CONY:
“Só mesmo a admiração remanescente pelo escritor me fez voltar a ler Cony depois que ele reivindicou (e conseguiu) uma indenização milionária do governo, mais uma sinecura mensal até o fim dos seus dias, como vítima de perseguição política durante a ditadura.”
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