Sexta-feira, 11 de março de 2011 - 13h05
Gilberto Costa
Agência Brasil
Brasília – A avaliação é do chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Vieira Barros, que explica que não há como prever a ocorrência de terremoto, mas que é possível calcular eventuais impactos de fenômenos em áreas críticas.
A existência desse tipo de tecnologia aliada a recursos e a planejamento são os elementos que fazem a diferença nos efeitos destrutivos dos terremotos. O especialista compara o terremoto de hoje no Japão e o tremor registrado no Haiti há pouco mais de um ano. No país caribenho, os tremores tiveram menor intensidade (7 graus na escala Richter) mas destruíram praticamente todo país.
Segundo o cientista, desde o tsunami ocorrido na Indonésia (2006), houve grande avanço na instalação de estações sismológicas para monitorar fenômenos semelhantes no Oceano Pacífico. A tecnologia permitiu que os japoneses previssem as ondas. “Uma onda sísmica [do terremoto] viaja a uma velocidade muito grande e é capaz de cruzar a Terra em 20 minutos e chega muito antes da onda oceânica.”
O tsunami no Japão ocorreu porque uma placa tectônica deslizou por baixo de outra no chamado “assoalho oceânico”. São 12 as principais placas tectônicas em toda a Terra, quatro delas estão próximas à localização do Japão. São as placas das Filipinas, do Pacífico, Euro-Asiática e Norte-Americana.
“Qualquer terremoto que acontece no fundo do mar e resulte na movimentação do assoalho oceânico pode gerar tsunami”, explicou o cientista que lembra que, além do movimento verificado no Japão, também podem ser registrados terremotos por causa do afastamento das placas, do deslocamento lateral ou do choque entre elas.
O especialista prevê que os efeitos do tsunami serão sentidos na costa pacífica da América do Sul por volta de meia-noite.
O cientista destaca que é preciso formar mais especialistas na pesquisa de sismologia no Brasil. “A comunidade sismológica nacional cabe dentro de um carro”, calcula.
Para a previsão de outras catástrofes, como o deslizamento de terras causados por chuvas, o governo federal já verificou que faltam profissionais. De acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia, o Brasil tem apenas 100 geólogos especializados e com experiência em avaliar encharcamento de solo e risco de desmoronamento como o episódio registrado na região serrana do Rio de Janeiro no início do ano.
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