Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Amazônias - Gente de Opinião
Amazônias

Museu de Médici busca objetos milenares


Museu de Médici busca objetos milenares - Gente de Opinião
Equipe do Museu de Presidente Médici: compromisso com o estudo da terra presta e com a localização de peças antigas usadas por civilizações ancestrais na região /DIVULGAÇÃO


 

Gente de Opinião

MONTEZUMA CRUZ
Amazônias

 

ROLIM DE MOURA – Até hoje não se identificaram na Amazônia Ocidental estruturas que indiquem algum grau de centralização política ou desigualdade social compatíveis com estados ou impérios. Pesquisadores de instituições em atividade na região vêm buscando isso, com base na descoberta de geoglifos no Acre e em Rondônia.


No meio da terra preta, a doutora em arqueologia Maria Coimbra de Oliveira, diretora do Centro de Pesquisas e Museu Regional de Arqueologia de Rondônia e o professor de História e mestre em arqueologia regional José da Silva Garcia esperam encontrar esses vestígios na Zona da Mata. O museu regional, cujas atividades iniciaram-se em 2007, fica em Presidente Médici, na BR-364.


A diretora do museu e o professor Garcia também estudam a terra preta e se reuniram este mês com o pesquisador da Unir José Rodolfo Granha sua equipe. Segundo Maria Oliveira, o papel do museu é importante para o resgate de fragmentos históricos, pelo fato de os agricultores encontrá-los, quando revolvem o solo. Necessitam orientação para salvar peças de alto valor científico.


O museu regional é fruto da parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura Municipal de Presidente Médici. É mantido pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Seu acerto é composto basicamente por artefatos e fragmentos líticos e cerâmicos.


Colecionadores particulares doaram aos responsáveis as primeiras peças. A missão deles agora caminha para a parte mais desafiadora: levar a pesquisa a outros sítios arqueológicos da região centro-leste de Rondônia, onde existe uma variedade de rochas e cerâmicas.


Outra parte do acervo foi recolhida em estradas e campos cultiváveis pelos próprios pesquisadores, lembra a diretora. “Depois que o museu abriu as portas recebemos outras famílias trazendo peças encontradas em quintais e terrenos”, ela conta.

 

Museu de Médici busca objetos milenares - Gente de Opinião
 Além do barranco, avistam-se as palmeiras, que fazem parte da memória indígena. Árvore contribuiu para a elaboração e arranjo dos Sistemas Agroflorestais


 

As palmeiras na memória indígena

ROLIM DE MOURA – Enormes quantidades de resíduos de pescado iam se acumulando e com o passar dos anos, décadas e até séculos, verificou-se que as espécies frutíferas especificamente as palmeiras demandavam uma elevada quantidade de fósforo em sua constituição. Aliás, praticamente quase todas as frutíferas demandam de boas quantidades de fósforo para funcionamento e regulagem de seu metabolismo, assim como de suas funções para sua reprodução.


Assim o professor Granha descreve algumas combinações arbóreas memorizadas pelas populações indígenas e que contribuíram mais tarde para a elaboração e arranjo dos Sistemas Agroflorestais. Houve na Amazônia, segundo ele, um aperfeiçoamento contínuo que incentivou a economia local e regional em muitos rios, por causa dos excedentes dessa produção agrícola-florestal.


Granha lembra que serão necessários muitos investimentos em pesquisas para se entender fenômenos antigos, entre os quais a terra preta. “Na atualidade do século XXI, a terra preta deve ser compreendida em face da atual dinâmica de exaustão em gastos e desperdícios de resíduos que são apoiadas pelos atuais modelos de crescimento econômico respaldados, em sua maioria, pela classe dirigente que influi nos rumos nacionais da Amazônia Brasileira”, salienta.


Esses modelos não se ajustam nas manutenções de seus ecossistemas, terrestres e aquáticos. “Possuem vida curta, ele adverte, porque aceleram exponencialmente a outra meia vida fracionária dos empreendimentos antrópicos (*) na região”, ele adverte. “A alternativa é o desenvolvimento sustentável, que não é equivocado ou de mão única”, assinala.


Pesquisas nas regiões equatoriais, particularmente na Amazônia Brasileira, persistem à míngua de recursos e investimentos. A Unir e o Museu Regional em Médici esperam dias melhores, um tanto preocupados com modelos de zoneamento em vigor. Não é para menos: a cultura da soja não poupa nem as franjas da Flona Jamari, a primeira floresta nacional brasileira. E o boi, há décadas pisoteia terras onde hoje já é impossível pesquisar.


Como conciliar tudo isso? A pergunta do professor e de seus auxiliares é se Rondônia terá a oportunidade de ver funcionar Sistemas Agroflorestais Multiestratificados (*), a utilização de Adubação Verde e o Plantio Direto em pequenas propriedades agrícolas possam garantir grande parte da incessante busca aos primórdios da história desta parte da América do Sul. (M.C.)
 

(*) Relativo à ação do homem.
(**) Acamado, que sofreu estratificação.

 

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Evento acontece nesta segunda com mais de 80 seringueiros sobre produção sustentável da borracha na Amazônia

Evento acontece nesta segunda com mais de 80 seringueiros sobre produção sustentável da borracha na Amazônia

Nesta segunda-feira, 26 de fevereiro, a partir das 9h, começa o 2º Grande Encontro Estadual do Extrativismo da Borracha, com mais de 80 seringueiros

Concertação pela Amazônia lança, na Cúpula, em Belém, documento com propostas para o território

Concertação pela Amazônia lança, na Cúpula, em Belém, documento com propostas para o território

A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia chega aos Diálogos Amazônicos, da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), nos dias 4 a 6 agosto, com sua terce

Cúpula da Amazônia: Organizações indígenas realizam Assembleia internacional para promover a importância dos territórios e povos no enfrentamento da crise climática

Cúpula da Amazônia: Organizações indígenas realizam Assembleia internacional para promover a importância dos territórios e povos no enfrentamento da crise climática

A 'Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia' reunirá, na cidade de Belém, no Pará, entre os dias 4 e 8 de agosto, representações regionais e naci

Preparatória para Cúpula da Amazônia debate futuro sustentável e prosperidade dos povos tradicionais

Preparatória para Cúpula da Amazônia debate futuro sustentável e prosperidade dos povos tradicionais

A Cúpula da Amazônia acontece nos próximos dias 8 e 9 de agosto, pela primeira vez, em Belém do Pará. O encontro é um marco das relações entre o Bra

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)