Segunda-feira, 23 de setembro de 2019 - 14h07
O mercado
de alimentos orgânicos tem ganhado cada vez mais espaço e valorização a medida
que são comprovados os malefícios à saúde humana e ao meio ambiente causados
pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.
O
Instituto Mamirauá, em conjunto com a Rede Maniva de Agroecologia (REMA) e
através da Comissão de Produção Orgânica do Amazonas (CPOrg/AM), realizou de 9
a 13 de setembro a 1º Oficina de Certificação Orgânica do estado. O objetivo foi oferecer aprendizado teórico e
prático de processos de certificação de alimentos orgânicos para agricultores e
técnicos que atuam na região do Médio Solimões, na Amazônia Central.
O evento
foi realizado em parceria com o Sebrae e Secretaria Municipal de Produção e
Abastecimento de Tefé (SEMPA) e em comemoração à Semana Nacional do Alimento
Orgânico, promovida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A
programação da oficina aconteceu na sede do Instituto Mamirauá, localizada
município de Tefé; e na comunidade de Ipapucu, na Floresta Nacional de Tefé
(Flona).
Semana Nacional do Alimento Orgânico
A edição
de 2019 da Semana Nacional do Alimento Orgânico do Amazonas aconteceu em
junho teve como tema “Qualidade e saúde: do plantio ao prato”. A data faz parte
da Campanha Permanente pelo Produto Orgânico, realizada desde 2005 pelas
Comissões de Produção Orgânica com o objetivo de sensibilizar produtores e
consumidores para a importância da produção de base agroecológica de
alimentos orgânicos.
Farinha Uarini
A oficina
teve como foco a certificação orgânica da Farinha Uarini, farinha de mandioca
produzida na região e que obteve recentemente o selo de Indicação Geográfica
(IG).
Um dos
pré-requisitos do uso do selo é que a produção siga os princípios da produção
agroecológica e esteja de acordo com a Lei Nacional de Orgânicos.
“Nessa
oficina eles tiveram acesso a informações de como fazer isso e como também,
possivelmente, se certificar para isso. Agora que os agricultores já
conquistaram o selo da Indicação Geográfica, por que não pensar numa
certificação orgânica? ”, explica Fernanda Viana, coordenadora do Programa de
Manejo de Agroecossistemas (PMA), do Instituto Mamirauá.
Orgânicos no Brasil
No
Brasil, existem três formas de realizar a certificação orgânica.
Na
Certificação por Auditoria, uma instituição é contratada para fazer a
avaliação, orientação e certificação da produção como orgânica. “É uma
modalidade sem participação de grupos, geralmente feita por empresas
individuais”, explica Fernanda.
De acordo
com a técnica, as outras duas modalidades fazem mais sentido às comunidades
ribeirinhas da Amazônia. São elas o Sistema Participativo de Garantia (SPG) e o
Organismo de Controle Social (OCS).
A
primeira concede o selo de orgânico e a segunda, uma declaração. “O tipo de
processo depende do nível de organização e os objetivos dos grupos
interessados. Cada uma cabe num contexto. A OCS é mais acessível e mais prática
e o SPG tem uma exigência um pouco maior, mas que também é possível de se
alcançar aqui na região. Essas categorias são mais interessantes para nossa
região porque envolvem dinâmicas parecidas com as que já se existem aqui:
estimulam a participação das pessoas e o envolvimento das comunidades”, afirma.
Na
programação, foram realizadas palestras sobre agroecologia e produção orgânica
no Amazonas, processo de certificação orgânica no Brasil, Organismo de Controle
Social (OCS) e Sistema Participativo de Garantia (SPG), e discussões sobre o
Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento da Agroecologia e Produção
Orgânica no Médio Solimões e sobre a Política e Plano Estadual de Agroecologia
e Produção Orgânica (PEAPO).
Acessibilidade da certificação
“A
oficina ajuda a desmitificar que o processo de certificação é muito complexo.
Ela serve para simplificar esse entendimento e mostra que é possível promover
essa certificação, que traz não só um produto orgânico, mas valoriza a história
de vida da família e do território”, afirma um dos instrutores da oficina, o
agrônomo Márcio Menezes, coordenador da Rede Maniva de Agroecologia (REMA),
organização que une produtores rurais e organizações no fomento à agroecologia
no estado do Amazonas.
O
profissional afirma que a certificação deve abarcar elementos além da
sustentabilidade do produto. “Contar histórias através de um selo é muito
interessante”, diz.
Os
participantes também realizaram práticas em uma visita a comunidade Ipapucu, da
Floresta Nacional de Tefé (Flona), unidade de conservação federal sob gestão do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Além da participação
do Márcio, a oficina também contou com palestras e orientações de Mariana
Semeghini, membro da Rede Maniva e do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE).
Já os
debates e as dinâmicas em grupo foram mediados por Fernanda Viana, Paula
Araújo, Jacson Rodrigues e Jerusa Cariaga, membros do Programa de Manejo de
Agroecossistemas (PMA) do Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Participaram
da oficina 77 agricultores e afins dos municípios de Tefé, Uarini, Maraã e
Alvarães, das unidades de conservação Floresta Nacional de Tefé (Flona) e
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã e do entorno da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
Raimunda Sales é agricultora da Flona e elogiou a realização do
evento. “Pudemos aprofundar nosso conhecimento para melhorar a produção que a
gente já tem”, disse.
“O evento
foi marco na história da agricultura familiar da região porque a agricultura convencional
vem ganhando forças. Conseguir formar uma articulação deste nível e com a
aderência dos agricultores como foi é um jeito importante de valorizar
agricultura familiar e fortalecer as práticas tradicionais, que são saudáveis e
trazem qualidade de vida tanto paro agricultor quanto para o consumidor”, avalia
Fernanda.
Nesta segunda-feira, 26 de fevereiro, a partir das 9h, começa o 2º Grande Encontro Estadual do Extrativismo da Borracha, com mais de 80 seringueiros
Concertação pela Amazônia lança, na Cúpula, em Belém, documento com propostas para o território
A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia chega aos Diálogos Amazônicos, da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), nos dias 4 a 6 agosto, com sua terce
A 'Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia' reunirá, na cidade de Belém, no Pará, entre os dias 4 e 8 de agosto, representações regionais e naci
Preparatória para Cúpula da Amazônia debate futuro sustentável e prosperidade dos povos tradicionais
A Cúpula da Amazônia acontece nos próximos dias 8 e 9 de agosto, pela primeira vez, em Belém do Pará. O encontro é um marco das relações entre o Bra