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Operário morre no canteiro de Jirau


EPAMINONDAS HENK
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O eletricista Edinaldo da Silva Souza, de 25 anos, morreu após sofrer forte descarga elétrica durante a madrugada de terça-feira (5/3/2013), enquanto trabalhava no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, município de Porto Velho. Ele sofreu um choque fulminante quando fazia serviços de eletricidade, por volta das 2h da madrugada e morreu no local depois de sofrer uma parada cardíaca. De acordo com nota da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia (LCP), o corpo de Edinaldo foi encaminhado para Paraupebas, sua cidade natal.

 

"A construtora Camargo Corrêa disse que o trabalhador teria sido socorrido, mas não resistiu e faleceu no local do acidente. É cisnismo; é a mesma tática de tentar encobrir o desleixo que a Camargo Corrêa tem com os operários e que tem causado muitas outras mortes e que sequer chegam ao conhecimento público", acusa a nota da LCP. Em fevereiro, lembra a entidade, um guindaste da empresa Enesa quebrou no meio, devido ao excesso de peso, matando um operário maranhense. Informações de operários revelam cerca de 400 acidentes leves, somente no mês de janeiro próximo passado.

 

Ainda, conforme a Liga, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) libera dinheiro para as empreiteiras de Jirau e Santo Antônio, entretanto, estaria ocorrendo "uma relação de promiscuidade entre as empreiteiras e membros do governo federal, estadual e cúpula do aparato policial em Rondônia". "São mais de R$ 20 bilhões de recurso público que jorraram dos cofres do BNDES para a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau".

 

A entidade lamenta que, em 2010, os representantes dos consórcios responsáveis pela instalação das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio afirmavam que "os grupos deveriam aplicar, no total, quase R$ 1,2 bilhão em ações de compensação ambiental e social". Segundo dizia o diretor do Consórcio de Energia Sustentável do Brasil, responsável por Jirau, Antonio Luiz Jorge, e o diretor do Consórcio Santo Antônio Energia, Carlos de Araújo, os recursos deveriam ser investidos em projetos de geração de emprego e renda, educação, saúde e moradia.

 

Devido as péssimas condições de trabalho e a opressão existente no canteiro de obras, no dia 28 de fevereiro, houve um início de paralisação na margem esquerda da obra de Jirau.  No dia seguinte, 1º de março, houve uma reunião da Secretária de Segurança Pública de Rondônia, Força Nacional e outros aparatos repressivos junto com dirigentes dos Consórcios e empreiteiras das UHE de Jirau e Santo Antônio (Camargo Corrêa e Odebrecht)  para discutir sobre aumento do policiamento das obras e repressão sobre os operários. Neste mesmo dia, conforme denúncias dos operários, chegaram na obra de Jirau  5 caminhões do exército com soldados e 2 viaturas da PM. Também a tropa da força nacional ocupa o canteiro desde a greve de março/abril de 2012 e foi reforçada com mais elementos. Mas toda essa repressão não cala a luta dos operários e há fortes rumores de paralisação para esta semana.

 

A Liga acusa "peleguismo" no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia: "O Sticcero não teve coragem de encarar os operários nos canteiros de obras e fez uma assembleia distante das usinas de Jirau e Santo Antonio. A reunião foi no domingo, dia 3/3, no clube Ypiranga, em Porto Velho, para fechar as pautas de reivindicações a serem apresentadas para os patrões. Na verdade estão seguindo as ordens das usinas que estão preocupadas em se antecipar nas negociações trabalhistas referente ao dissidio de maio, para isso pressionam o sindicato pra fazer as assembleias logo".

 

 

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