Quarta-feira, 21 de julho de 2010 - 18h56
Rio Ouro Preto, um território florestal cada vez mais cheio de problemas, exige investigações policiais /MONTEZUMA CRUZ |
XICO NERY
Amazônias
GUAJARÁ-MIRIM, Rondônia – O ex-gerente da Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, José Maria dos Santos, se passa por seringueiro sem colocação. Dentro das áreas de proteção ambientais existe muita gente estranha ao movimento extrativista e o resultado disso foi um furto de diversos documentos pertencentes à Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR).
A denúncia foi feita nesta quarta-feira pelo presidente da entidade, Adão Arteaga, em novo depoimento ao Departamento de Polícia Federal.
– Acredito que só policiais federais podem acabar com o roubo de madeiras nas reservas – ele disse. O DPF prometeu apurar o sumiço de papéis e máquinas.
A infiltração de estranhos às populações tradicionais – indígenas, castanheiros, seringueiros e ribeirinhos – ocorre há mais de 20 anos e cresceu muito em 2010. Segundo Arteaga, isso se deve às ações de ex-presidentes e diretores da entidade.
Na lista revelada à PF, ao Ministério Público Federal e à Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados aparecem como autores de irregularidades os nomes de Osvaldo Castro de Oliveira e José Maria dos Santos, respectivamente, assessor da Associação de Serigueiros do Vale do Gaporé (Aguapé), membro do comitê de campanha do PT e ex-gerente da Resex do Rio Ouro Preto, no município de Guajará-Mirim.
Furto de documentos e máquinas
De acordo com Artiaga, setores madeireiros de Ariquemes, Cacoal, Cujubim, Ji-Paraná e Machadinho do Oeste apoiaram ações de Oliveira e Santos, que são acusados de subtratraírem da OSR documentos e até máquinas e equipamentos. Entre os documentos encontram-se cópias de projetos apoiados pela bancada federal rondoniense para o Ministério do Meio Ambiente, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social BNDES), prefeituras, câmaras e organismos internacionais.
Um dos documentos, do BNDES, trata do financiamento de uma usina de beneficiamento de castanha-do-Brasil (Bertolleta Excelsa) e de látex natural (borracha).
Madeira ilegal e manejo
À PF, Arteaga relatou ainda que foram furtados documentários produzidos pelo Departamento de Comunicação da OSR e fotogramas que seriam enviados ao Ministério do Meio Ambiente e à Justiça Federal, para comprovar aextração ilegal de madeira nas reservas estaduais, federais.
Relatórios desaparecidos comprovam o calote que as comunidades extrativistas sofrem nesses 20 anos de atuação da entidade. Oliveira e Santos tentam, no Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, a liberação de manejos terceirizados e da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental, reativando desta maneira projetos suspensos em 2009 e 2010.
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