Sexta-feira, 25 de junho de 2010 - 09h01
Lopes, um destemido, entregou a vida à defesa de famílias camponeses do Araguaia /DIVULGAÇÃO |
EPAMINONDAS HENK
Amazônias
BELÉM, Pará — Um dos mais corajosos e históricos camponeses do Araguaia foi assassinado há um ano, em 15 de junho, quando defendia famílias que ocupavam terras das fazendas Batente e Bradesco, no município de Conceição do Araguaia, no sul do estado, a 1.020 quilômetros de Belém. Mandantes do crime ainda estão impunes.
Lopes morreu quando se preparava para depor como testemunha contra representantes de fazendeiros que mataram o camponês “De Assis” na Fazenda Nazaré. Ao mesmo tempo, mobilizou famílias do acampamento Gabriel Pimenta para barrar as investidas de jagunços encarregados de corromper lideranças, para retirar as famílias da área.
Segundo a LCP, uma das maiores qualidades de Lopes foi “não se deixar levar pelo canto da sereia do oportunismo, que acomodou em repartições públicas das gerências petistas ou corrompeu abertamente outras antigas lideranças camponesas da região”. “Ele também recusou a chantagem do falso ambientalismo, utilizada principalmente na região amazônica para garantir os interesses do imperialismo sobre as riquíssimas terras do Pará”, assinala a nota.
– O companheiro Luiz (assim o chamavam) encampou as consignas da Revolução Agrária: tomar, cortar e entregar para os camponeses pobres sem terra, ou com pouca terra, todas as terras do latifúndio! – lembra a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) no Pará e Tocantins, numa nota na qual enaltece o trabalho de seu coordenador regional.
Onde atuou
Luiz Lopes reuniu antigos e novos camponeses do Araguaia e organizou em 2005 a coordenação da LCP, cujas bandeiras abraçou, encorajando a luta das famílias que ocupavam terras nas fazendas Jacutinga, Talismã e Capivara (Área Revolucionária Gabriel Pimenta). Essas famílias travaram a luta pela Fazenda Forkilha, que mexeu na estrutura latifundiária no sul do Pará.
– Com a luta dele, as massas passaram a fazer com as próprias mãos no sul do Pará o que Lula e Ana Júlia prometeram e não cumpriram, e tomaram dezenas de latifúndios! – proclamou a LCP. O movimento critica “oportunistas do do PT, PCdoB e de outras laias”, atribuindo-lhes conluio com o latifúndio na repressão aos camponeses.
A LCP refere-se à denominada “Operação Paz no Campo”, no final de 2007, considerada a maior operação militar contra camponeses em luta pela terra no sul do Pará. “Foi a maior operação de guerra desencadeada na região desde o regime militar contra os combatentes do Araguaia, na década de 1970.
Na ocasião, Lopes denunciou torturas e o assassinato de 13 companheiros, em conseqüência da ocupação da Fazenda Forkilha.
– Foi um período de condições muito difíceis — diz a nota.
LCP organizou-se no sul do Pará e ali se fortaleceu a partir da “Operação paz no Campo”, considerada a pior repressão policial no campo, desde a Guerrilha do Araguaia |
Cestas básicas
A LCP lamenta que, naquela ocasião, o líder do MST, João Pedro Stédile associou-se ao dirigente da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar, Pedro Alcântara da Fetraf, aos quais acusa de terem “traficado influência no Incra, para vender lotes, expulsar camponeses de terras e distribuir cestas básicas”.
— Seguimos combatendo, companheiro Luiz Lopes! A cada encontro, reforçamos nosso juramento de dar a própria vida para honrar nossos mártires e conquistar a terra, o pão e uma Nova Democracia, aumentando a nossa confiança e decisão de seguirmos com as massas libertando as terras, destruindo o latifúndio, organizando as Assembléias do Poder Popular, nossa produção, as Escolas Populares, enfim, a gloriosa Revolução Agrária! – acrescenta a LCP.
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