Sábado, 21 de maio de 2011 - 18h45
Castelo Branco (e) lembra: "Diferentemente da mandioca tradicional, a açucarada permite encontrar 35% de glicose, 10% de sacarose e apenas 2% de amido na raiz, enquanto na cana apenas 12% é açúcar." /DIVULGAÇÃO |
ANDRÉA AMAZONAS
Agência Pará e Amazônias
BELÉM, Pará – O secretário de Estado de Projetos Estratégicos - Sepe , Sidney Rosa, e o secretário adjunto, David Leal, receberam esta semana o pesquisador da Embrapa Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, para apresentar a um público composto de prefeitos, empresários e representantes de associações de pequenos produtores do Pará sua pesquisa sobre o valor da mandioca açucarada – a mandiocaba – na produção de etanol.
Com resultados relevantes em seu projeto de estudo, o pesquisador destaca que a mandiocaba esbanja glicose e sacarose. Assim, ela é importante matéria-prima que pode ser convertida em etanol com menos desperdício do que a cana-de-açúcar. A pesquisa revela que, diferentemente da mandioca tradicional, na mandioca açucarada é possível encontrar 35% de glicose, 10% de sacarose e apenas 2% de amido na raiz, enquanto na cana apenas 12% é açúcar.
Mandioca da boa: variedade é raríssima, mas pode ganhar incentivo do grupo Yamada, de Belém |
Custo energético reduzido
Outra potencialidade da mandiocaba é que a sua composição de açúcar permite maior rapidez ao processo de conversão em álcool. Enquanto o açúcar da cana leva 14 horas para ser beneficiado, o da mandiocaba leva 10 horas, por dispensar o processo de hidrólise e adição de enzimas importadas, o que reduz o custo energético em até 40%.
Há um grande leque sobre as possibilidades de utilização da mandioca açucarada, desde produtos preparados naturalmente pela indústria alimentícia até sua aplicação também na indústria siderúrgica sem que sobrem resíduos que agridam o meio ambiente.
Por todos os benefícios apresentados na palestra, foi destacada a importância de agregar valor à agricultura familiar e de trazer negócios e investimentos para a Amazônia. O objetivo principal do governo estadual seria incentivar este projeto que pode modificar a forma de pensar a agricultura familiar e o investimento para o pequeno produtor, pois o estado é o maior plantador de mandioca do país, porém ainda não é o maior produtor de seus derivados. “No futuro, seria possível que o etanol pudesse ser produzido e utilizado por sua própria comunidade, além de que eles pudessem usufruir de seus derivados. É este tipo de ação que o Estado busca incentivar”, completou Sidney Rosa.
Sustentabilidade
A pesquisa brasileira interessa também aos chineses, que foram representados por uma pequena comitiva presente na apresentação do projeto de pesquisa na Sepe. A intenção seria implantar esse sistema de agricultura e produção de mandioca açucarada na China para investir também no processo de conversão de açúcar em etanol.
Também presente no evento, Taizó Yamada, presidente do Instituto My Amazon, entusiasta do projeto de pesquisa, ressaltou que não se pode tratar a natureza esquecendo os 24 milhões de habitantes residentes na Amazônia. “A palavra da vez é desenvolvimento sustentável”, destacou.
Castelo Branco (sentado) viajou para Abaetetuba acompanhado de cientistas chineses, a convite de empresários paraenses |
GRUPO YAMADA LEVA PESQUISADOR
Castelo Branco Carvalho esteve em Belém e Abaetetuba, a convite do Grupo Yamada e do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Projetos Estratégicos. Confiante, o técnico da Emater Flávio Ikeda, o principal batalhador para a visita do pesquisador da Embrapa, disse acreditar agora na criação do Programa Estadual de Resgate e Produção da Mandiocaba. Dois pesquisadores chineses também estiveram na região, acompanhando Castelo Branco: os cientistas e professores Songbi Chen e Ou, do Tropical Crops Genetic Resources Institute e do Chinese Academy of Tropical.
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