Domingo, 25 de janeiro de 2015 - 15h35
Distantes da região central de Porto Velho, pequenos agricultores além-ponte do rio Madeira cultivam arroz, milho, cupuaçu, mandioca, açaí, pupunha, feijão, soja e diversos hortifrutigranjeiros. Às margens da rodovia BR-319 (Porto Velho-Manaus), eles aguardam o momento de receberem o devido incentivo governamental.
Esperançosos, tempos atrás eles se organizaram na Associação dos Produtores e Comunidades da BR-319 e Alto Mucuim (Aprocom). Agora, preveem que na primeira safra após a inauguração da ponte movimentarão R$ 400 milhões com as vendas em Porto Velho, o que reflete o impulso decorrente do valor social e econômico da obra.
Antes mesmo da construção da ponte, produtores dedicados à agricultura familiar haviam atravessado o rio na antiga balsa, e hoje consolidam minifúndios nos quais diversificam hortifrútis, gado leiteiro e de corte e peixes em cativeiro. “A associação é um lugar de excelentes oportunidades, mas enfrenta a falta de estradas boas”, comenta o vice-presidente da Aprocom, Plínio Cella. Ele reivindica o serviço de hora-máquina para destoca e recuperação de áreas degradadas e calcário.
Capoeiras salvas
Cella já foi um os maiores produtores de soja da região, porém, dedica-se atualmente ao abate bovino e à criação de peixes. Informado a respeito da política governamental à produção sustentável, pretende aproveitar “o segundo tempo” do governador Confúcio Moura. Ele começou o levantamento das necessidades de cada um e promete levá-las brevemente a Porto Velho para, se possível, entregá-las pessoalmente a Confúcio.
Pés no chão, firme em seus propósitos, Cella lembra uma das lições de casa que a Aprocom tem feito com a melhor boa vontade: “Recuperamos capoeiras antigas, e eu considero isso de alcance inestimável para uma vida sustentável, porque evita abrir novas áreas para agricultura”.
A produção de grãos e de hortifrútis ainda não oferece precisão estatística, em virtude da falta de um trabalho completo do reconhecimento de pequenas propriedades. Mesmo assim, a Aprocom estima crescimento superior a 100%, em face da ocupação ocorrida no biênio 2013-2014 nas margens e adjacências da BR-319.
Produtos limpos de agrotóxicos
O plantio de hortifrútis levou famílias inteiras a deixarem empregos fixos estabelecidos na Capital para se dedicar exclusivamente ao campo. É o caso da Izaías de Jesus Oliveira, 29 anos, sua esposa Luzinete, 33, e os filhos. Exemplos de prosperidade, eles recuperaram áreas degradadas no sítio onde produzem alimentos limpos de agrotóxicos.
É comum famílias inteiras se movimentarem no plantio e colheita de alface, cenouras, abobrinha, pimentão, maxixe, couve, melancia, manga e outros hortifrútis.
Há um ano trabalhando numa área de 20 ha no Km 18, Gedean Alves Batista, 33, colheu nesta primeira safra pós-ponte seis toneladas de pepino, centenas de caixas de abobrinha, quiabo, cheiro verde, maracujá e algumas carretas de melancia. Para tanto, precisou investir suas economias.
“Tudo limpo de agrotóxicos”, ele garante. Batista disse nunca ter visto técnicos agrícolas ou engenheiros agrônomos na região – nem do município, nem do estado. “Eu sei que o governo e a prefeitura têm programas de incentivo à pequena propriedade rural, mas aqui pra gente ainda não chegou”, disse.
Acompanhado da esposa Sirley, dos filhos Melkisedek e Sabrina, e do pai Aldo Batista, 62, ele tem planos de ampliar a área de lavouras, porém, condiciona aos benefícios que reivindica ao estado. Lembra que, a exemplo dele, “centenas de pequenos agricultores” trabalham com sacrifício em lugares visivelmente inóspitos, utilizando carreadores abertos nos braços por falta de estradas. “Muitos aqui para dentro (nas linhas) perderam o que plantaram, porque não conseguiram tirar para fora (escoar)”, lamentou.
A propriedade de Batista está inserida numa área recentemente ocupada e apta para a produção de hortifrútis. “Eu espero que o governador Confúcio Moura, que tanto estimulou a pequena propriedade e a agroindústria em Ariquemes quando foi prefeito, determine o planejamento de medidas para incentivar o trabalho de tantos que vivem e trabalham na região. Se for preciso, a gente vi lá falar com ele, e eu tenho certeza que vai nos ouvir”.
Documento da terra
“Não é nada fácil”, queixa-se Izaías Oliveira, o chefe da família. Lembra que a falta de assistência obriga as famílias a um esforço incomum para sobreviver. “O preparo da terra é impossível, se a gente não tiver dinheiro para a destoca e para adquirir calcário. Este aqui é comprado por saca e transportado de motocicleta”, relatou.
“Essa situação não pode perdurar”, lamentou. Trabalhando na propriedade de 20 hectares no Km 38 da BR-319, ele tem o apoio direto da esposa Luzinete e dos filhos. Recentemente, eles foram visitados pela equipe do Programa Terra Legal, do Incra, que executou o levantamento topográfico. Com isso, Izaías espera brevemente poder financiar a ampliação das lavouras e, sobretudo, custeá-las, aplicando-lhes a devida correção de solo com calcário e outros insumos.
120 MIL PROPRIEDADES PRODUTIVAS
O secretário estadual de Agricultura Evandro Padovani também soube das dificuldades dessas famílias além-ponte e se mostrou disposto a atender reivindicações. “Tudo o que eles precisarem – aquisição de insumos, calcário, máquinas agrícolas, e serviços de abertura e manutenção de estradas – será possível a partir do momento em que as comunidades levarem suas demandas à Emater e à Seagri”, prometeu Padovani.
Segundo o secretário, Rondônia tem mais de 120 mil propriedades produtivas, daí a necessidade de cada comunidade rural apresentar o rol de reivindicações, habilitando-se aos benefícios da política de incentivos governamentais.
A ponte tornou viáveis projetos na região, ele acredita. Logo, demandas das comunidades da BR-319 são prioritárias. Padovani apenas ressalvou que elas devem observar o limite entre os estados de Rondônia e do Amazonas: “Um não pode, sem autorização, executar obras e serviços no domínio do outro”. Tão logo receber o relatório de demandas, o secretário ordenará o planejamento de ações. Ele solicitou aos agricultores que procurem o escritório local da Emater, onde se cadastrarão para obter benefícios oficiais.
Fonte
Texto: Cleuber Rodrigues
Fotos: Cleuber Rodrigues e Folha do Sul (Vilhena)
Decom - Governo de Rondônia
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