Quinta-feira, 20 de maio de 2021 - 12h24
O estado de Rondônia aprovou a primeira lei que trata de regularização
fundiária apenas em 2020, mas ainda falta regulamentação do dispositivo legal
para garantir que haja destinação para conservação e usos sustentáveis das
florestas públicas não destinadas. É o que concluiu o relatório "Leis e
Práticas de Regularização Fundiária no Estado de Rondônia", liderado
e publicado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Com um território composto, predominantemente, por áreas pertencentes à
União, até dezembro de 2020 a atuação do estado para a regularização fundiária
em áreas federais ocorria por meio de convênio com a União, seguindo as regras
federais.
A nova lei de terras, que será aplicada em terras que serão transferidas
da União para o governo estadual, inovou ao prever a proibição de regularização
fundiária para ocupantes e seus cônjuges ou companheiros que tenham cometido
crime de grilagem. Segundo pesquisadores do Imazon, no entanto, o crime de
grilagem não existe na legislação brasileira e por isso será necessário definir
em decreto como esse requisito será implementado.
Mesmo com esse requisito ligado à proibição de grilagem, os
pesquisadores avaliaram que a lei estadual deixou de pautar um tema relevante,
pois não proíbe a titulação de áreas desmatadas recentemente. "Emitir
títulos de terra para imóveis que continuam desmatando é um prêmio, e não uma
punição ao desmatamento ilegal", ressalta Brenda Brito, coordenadora do
estudo. "Além de permitir a titulação para quem está desmatando, a lei
estadual também falha ao não exigir, antes da titulação, a assinatura de
compromisso para regularização ambiental de todos os imóveis que possuem
desmatamentos ilegais anteriores", completa Brenda.
De acordo com o estudo, 27% do território de Rondônia não estão
destinados ou não há informação sobre sua destinação fundiária. Desse total,
42% já estavam inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), porém, devido à
ausência de informações públicas sobre a situação fundiária desses imóveis (se
posse ou titulados), não foram considerados no relatório na categoria de
imóveis privados (titulados), pois é possível que muitos sejam ocupações em
terra pública sem titulação.
Amazônia Legal
Os pesquisadores estimam que os estados sejam responsáveis por 60% das
áreas ainda sem clareza fundiária na Amazônia Legal. Por essa razão, é
fundamental considerar como as terras públicas estaduais são geridas e quais as
lacunas e oportunidades de investimento e apoio para aumentar a eficiência dos
órgãos fundiários estaduais e na legislação.
O trabalho do Imazon também incluiu o lançamento do relatório "Dez fatos
essenciais sobre Regularização Fundiária na Amazônia Legal", com análises que
ajudam a compreender como as leis e práticas fundiárias atuais acabam
estimulando o desmatamento e a grilagem na região.
Entre as principais conclusões, ainda está o fato de que 43% das áreas
sem destinação fundiária possuem prioridade para conservação, mas que esse dado
não é levado em consideração nos processos de regularização fundiária, o que
pode levar à privatização associada ao desmatamento.
"O tema da indefinição fundiária na Amazônia está sendo discutido
hoje por diferentes públicos e fóruns nacionalmente, devido à relação entre
desmatamento e grilagem de terras. Porém, é necessário compreender como as leis
e práticas fundiárias contribuem com o desmatamento. Com esse relatório,
auxiliamos esse processo de compreensão dos desafios e recomendamos o que pode
ser feito para que a União e os estados adotem leis e práticas fundiárias que
contribuam com a conservação e redução de conflitos no campo", explica
Brenda Brito, pesquisadora do Imazon e coordenadora do estudo.
Para acessar o relatório completo da Amazônia Legal, clique aqui .
Para acessar os dados do estado de Rondônia, clique aqui.
Nesta segunda-feira, 26 de fevereiro, a partir das 9h, começa o 2º Grande Encontro Estadual do Extrativismo da Borracha, com mais de 80 seringueiros
Concertação pela Amazônia lança, na Cúpula, em Belém, documento com propostas para o território
A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia chega aos Diálogos Amazônicos, da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), nos dias 4 a 6 agosto, com sua terce
A 'Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia' reunirá, na cidade de Belém, no Pará, entre os dias 4 e 8 de agosto, representações regionais e naci
Preparatória para Cúpula da Amazônia debate futuro sustentável e prosperidade dos povos tradicionais
A Cúpula da Amazônia acontece nos próximos dias 8 e 9 de agosto, pela primeira vez, em Belém do Pará. O encontro é um marco das relações entre o Bra