Quarta-feira, 28 de abril de 2010 - 18h02
Pioneiro Gilberto, quando administrador, distribuiu lotes à populaçao, deu nome a ruas e perdeu um filho na cidade /FOLHA DO SUL |
JULIO OLIVAR (*)
Amazônias
VILHENA, Rondônia — Considerado o primeiro prefeito de Vilhena, o cearense Gilberto Barros de Lima, de 83 anos, vive há 10 anos em Cáceres (MT), a 520 quilômetros de Vilhena. Em declarações à Folha do Sul, desta cidade, ele disse sentir-se “desprestigiado e pouco reconhecido pelo seu trabalho”.
— Hoje vivo com uma aposentadoria como servidor federal. Recebo em torno de R$ 1,2 mil e há meses em que gasto mais de R$ 700 só com remédios — conta.
Apesar de, de fato, não ter sido prefeito [ele foi administrador distrital entre 1973 e 1977, antes, portanto, da emancipação da cidade], “seu” Gilberto é considerado como tal.
— Vilhena tinha 300 casas quando assumi a administração. Abri a maior parte das avenidas principais, dei nomes às ruas, trabalhei pela ocupação do núcleo urbano. Não havia orçamento, tudo era um sacrifício danado, mas fiz a minha parte e era tratado como prefeito — recorda.
Lotes gratuitos e perda do filho
Seu Gilberto distribuiu lotes, gratuitamente, nas áreas que hoje são as mais valorizadas de Vilhena. Para ele, nada sobrou:
— Não tenho nem um ‘terreninho’ que seja em Vilhena. Mas faço questão de dizer que neste tempo todo que estou residindo fora, nunca transferi meu voto e volto à cidade em todas as eleições. Eu me considero um vilhenense — diz, visivelmente emocionado.
O pioneiro deixou a cidade porque, na época, suas duas filhas estudavam em Cáceres [hoje são formadas em Letras e Direito] e ele não tinha condições de mantê-las fora de casa. Outro fato que contribuiu para a mudança foi a morte de seu filho caçula, Antônio, em 2000.
— Até hoje não me conformei. Gostaria que a Câmara de Vereadores desse o nome dele a algum logradouro. Eu batizei ruas como Marques Henrique, Liberdade, José do Patrocínio e tantas outras. Será que não mereço receber em vida essa homenagem, vendo o nome do Antônio em algum lugar? — questiona.
Antônio nasceu em Vilhena e morreu, aos 20 anos, atingido por uma árvore, durante uma derrubada.
Em seu exílio, seu Gilberto vive modestamente junto com a esposa, uma filha e um neto. Não esconde o desapontamento com a política.
— Acredito que de uma forma geral os pioneiros são pouco valorizados e os políticos de hoje mal sabem que existimos —avalia.
Reconhecimento até existe. Há dois meses, por exemplo, Gilberto foi um dos homenageados com a comenda Marechal Rondon, a mais alta condecoração dada pelo Governo do Estado, e nem sequer veio recebê-la. Não tinha recursos para viajar.
Aposentadoria especial negada
A “grana” curta levou o pioneiro a enviar um ofício ao prefeito Zé Rover (PP), reivindicando uma aposentadoria especial para ex-prefeito com idade acima de 80 anos.
— É uma questão de necessidade, no meu caso — pondera.
Para o advogado Roberley Finotti, legalmente é impossível ao município conceder aposentadoria especial a ex-prefeitos e ex-administradores.
— Além do orçamento apertado da prefeitura, é preciso considerar que ele [Gilberto] já é aposentado, não havendo, portanto, meios para lhe conceder outro benefício desta natureza — diz.
(*) É editor da Folha do Sul, em Vilhena, e colaborador de Amazônias.
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