Segunda-feira, 17 de junho de 2019 - 18h10
Lançado em 2018, o projeto “Indicação
Geográfica (IG) Pirarucu de Manejo da Região de Mamirauá” avançou para a última
etapa com a criação da Federação de Manejadores de Pirarucu da Região de Mamirauá
(Femapam), organização que atuará como gestora do selo. A 1º Assembleia Geral
da Femapam aconteceu em maio na cidade de Tefé, no Amazonas, e finalizou ciclo
de assembleias das associações da região para debates sobre plano. O projeto
realizado pelo Sebrae com parceria do Instituto Mamirauá visa a valorização do
pescado, que tem crescimento de cerca de 25% ao ano nas áreas de manejo.
Ao todo, nove municípios do
Amazonas serão abrangidos com a indicação geográfica: Alvarães, Fonte Boa,
Japurá, Juruá, Jutaí, Maraã, Tefé, Tonantins e Uarini. A área delimitada abarca
as unidades de conservação Floresta Nacional (Flona) de Tefé, Reserva
Extrativista (Resex) Auatí-Paraná e as reservas de desenvolvimento sustentável Mamirauá
e Amanã. De acordo com o Instituto Inovates, que presta assessoria ao projeto,
será a maior área de indicação geográfica do país.
São mais de duzentas
organizações, entre associações comunitárias e setoriais, envolvidas no plano. Algumas
áreas, como a dos municípios de Tefé e Alvarães, ainda não possuem acordo de
manejo de pesca, mas foram inclusas para que possam utilizar o selo
futuramente, com a implementação do manejo nas áreas.
Os critérios técnicos utilizados
para a indicação foram definidos pela abundância da espécie na região de
Mamirauá. “Essa região é composta de áreas banhadas pelos rios Solimões, Japurá
e Auatí-Paraná – locais altamente produtivos e onde o pirarucu tem
características semelhantes. Com base nisso, foram definidos os municípios
incluídos nesse plano”, explica a coordenadora do Programa de Manejo de Pesca
do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres.
Pesca
ilegal ameaça pirarucu manejado
O manejador e presidente
eleito da Femapam, Pedro Canizio afirma que o projeto irá ajudar no combate à
desvalorização do pirarucu manejado. “Precisamos agir para que nosso produto
seja comprado de forma justa”. Canizio também comemorou a criação da federação.
"Esse momento de união de quase 20 mil manejadores vai trazer progresso e
reconhecimento para o trabalho dos pescadores”.
De acordo com Ana Cláudia, o
produto sofre desvalorização pela prática de pesca ilegal e também pela falta
de estruturas adequadas que descentralizem o escoamento do produto. “Existe uma
carência de infraestrutura. Faltam unidades de processamento e armazenamento
mais próximo das unidades de produção. Atualmente, existem estruturas
centralizadas na capital e esse escoamento de produção impõe dificuldade por
causa do grande número de intermediários nesse processo”, diz, ao referir-se
aos atravessadores, responsáveis pelo transporte do pescado até frigoríficos.
A Indicação Geográfica (IG),
explica a técnica, servirá também como ferramenta de mercado. “A divulgação do
nome tem capacidade de atrair compradores de fora do estado do Amazonas e essa
demanda ajudará a regular o preço do mercado interno. Com isso, o produtor irá
receber um valor mais justo pela produção. ”
Próximas
etapas
A Femapam deverá protocolar a
documentação requisitada pela entidade responsável pelo reconhecimento do selo,
o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em julho deste ano. Após
a entrega, a entidade deverá analisar o pedido e, então, autorizar o uso do
selo.
Entre os critérios escolhidos
para a utilização da marca pelas associações envolvidas, um caderno de notas
técnicas apontará as condições. Qualidade
e boas práticas de manipulação e sanidade do produto são algumas delas.
O projeto “Indicação
Geográfica Pirarucu Manejado de Mamirauá” conta com o apoio do Programa de
Manejo de Pesca e do Núcleo de Inovação e Tecnologias Sustentáveis (Nits) do Instituto
Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC), além de órgãos como Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
Prefeitura de Tefé e outras entidades parceiras.
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