Terça-feira, 22 de julho de 2014 - 12h56
Carla Nascentes
Santo Antônio Energia
Quem passa em frente da casa do senhor Domingos Mendes da Silva, de 55 anos, morador do reassentamento Santa Rita, localizado a 54 quilômetros de Porto Velho, não imagina o que ele tem no quintal. Em meio a plantações de frutas, verduras e legumes, ele cuida de uma unidade demonstrativa de criação de um dos maiores peixes de água doce do mundo: o pirarucu.
A estrutura impressiona para um projeto que tem apenas dois anos de existência. São oito caixas d´água de 1000 litros e três tanques para recria e engorda. Os alevinos de cinco centímetros são comprados em Porto Velho. Uma parte é criada por sr. Domingos na unidade demonstrativa por três meses até atingir a fase juvenil (cerca de 20 centímetros), quando é comercializada para outros criadores. A outra parte vai para os tanques maiores onde é feita a engorda para que eles cheguem à fase adulta, o que ocorre depois de aproximadamente um ano, quando atingem até 12 quilos e 90 centímetros.
Segundo os dados da Emater, a produção de pirarucu é crescente. Em dois anos de trabalho já foram comercializados mais de 4 mil exemplares de peixes em idade juvenil e ainda há mais 3,5 toneladas prontas para serem comercializadas. “Ainda estamos no início dos trabalhos. Vendemos para pequenos comerciantes. Mas nossa intenção é aumentar a produção de peixes para que possamos atender a demanda do mercado que é crescente. Pensamos também em vender para outros Estados e até para fora do Brasil. Sonhar não custa nada”, declara o criador.
O sistema superintensivo adotado na unidade demonstrativa maximiza o uso da área, permitindo a produção de até 50 quilos de peixe por metro cúbico de água, enquanto no sistema convencional extensivo, a produção não chega a um quilo de peixe por metro cúbico.
Fertirrigação
O desenvolvimento do projeto em três hectares no sítio do sr. Domingos não termina na criação dos pirarucus. A água dos tanques dos peixes, que é trocada todos os dias, rica em nutrientes como Nitrogênio e Fósforo, é usada na irrigação das plantações da propriedade, cuja produção também é comercializada. São pés de mamão, goiaba, abacaxi, açaí, coco, manga, graviola, abóbora, feijão, maxixe, tudo fertirrigado. A fertirrigação também evita que a água dos tanques seja descartada em igarapés da região, como geralmente acontece em criadouros de peixes.
Tanto as estruturas do criador de pirarucu como a fertirrigação contam com investimentos da Santo Antônio Energia e com o apoio da Emater e da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária (Seagri). O projeto é inovador e possui as licenças prévias de instalação e de operação. “A parceria com a Santo Antônio Energia é muito positiva porque sem a parceria com a empresa não teríamos condições de iniciar este projeto. A concessionária acreditou em nossa ideia e nosso sonho está se tornando realidade”, afirma sr. Domingos, que idealizou todo o projeto ainda quando residia no Joana D´Arc.
Os trabalhos estão indo tão bem que o sítio do sr. Domingos está se tornando um modelo para outros moradores do reassentamento Santa Rita. “Estamos fazendo daqui uma unidade demonstrativa, mostrando a estrutura e os resultados para despertar o interesse nos outros moradores”, explica o engenheiro agrônomo da Emater, Janderson Dalazen.
Justamente para divulgar estes trabalhos, a Santo Antônio Energia, em parceria com a Emater e a Seagri, realizam hoje, terça-feira, um Dia de Campo sobre a produção de pirarucus e frutíferas. O evento ocorre no terreno de sr. Domingos, e tem como público alvo os moradores do reassentamento. Na ocasião, os participantes estão conhecendo cada detalhe deste trabalhado pioneiro. “Caso se interessem em executar projeto semelhante em seus lotes, os participantes poderão obter crédito via Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) com projeto elaborado pela Emater”, conclui Dalazen.
Fotos: Cleriz Muniz/Agência Imagem News
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