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RIO GUAPORÉ PEDE SOCORRO: Preservação cresce, mas contrabando ameaça tartarugas


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Numa só praia, até duas mil tartarugas desovam
 

Com cuidados e técnicas de manejo, o projeto “Quelônios do Guaporé” começa a alcançar metas. Ambientalistas da Ecovale estimam que a taxa de sobrevivência subiu de menos de 1% para 12 e 15% em média. Esse resultado é animador, observa o ambientalista José Soares Neto, Zeca Lula.
 

Em 15 anos, apoiada por brasileiros e bolivianos. a Ecovale devolveu à natureza aproximadamente dez milhões de filhotes de tartarugas e tracajás. “Dependemos de maior estrutura para fiscalizar”, ele se queixa. Contrabandistas conhecem cada entrada e saída no Vale do Guaporé e capturam espécies adultas para vender a R$ 300,00 cada.
 

A estudante do quinto período de Biologia da Faculdade São Lucas em Porto Velho, Queitiane Johns Santiago não conhecia o projeto, mas participou de todas as etapas da soltura, a partir da remoção dos filhotes dos tanques de incubação para a voadeira, reidratação e soltura na rampa de areia. “Uma experiência única e que vale pelo aprendizado de todo o curso”, disse.
 

Segundo Zeca Lula  o aumento do percentual conservacionista é o maior indicativo do êxito do trabalho da Ecovale, embora ainda não seja possível afirmar que os rios da região estejam repovoados.
 

Ao primeiro barulho de motor da voadeira fogem pelas trilhas dos alagados. O ambientalista lamenta a ausência do poder público nas ações de controle ao desmatamento ilegal e abate de espécies, entre as quais, a tartaruga.
 

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Fartura de água e vegetação na incubadora
 

Empreendimentos fixados na região vendem a R$ 40, para turistas, a refeição preparada com carne de tartaruga.  O único órgão público que atua na região com estrutura de fiscalização, mas sem poder de polícia, é a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron).
 

De acordo com Zeca Lula, isso resulta no avanço de pontos de desmatamento dentro da reserva extrativista e a instalação de empreendimentos irregulares, inclusive a construção de casas.
 

Quelônio chora na desova
 

O acordo de cooperação com a Bolívia, por meio do Parque Departamental do Departamento (Estado) do Beni, foi assinado em 2003, prevendo a cessão de guardas-parque, agentes comunitários e guarnições militares nas ações de controle e fiscalização dos rios e praias que servem de berçário para postura e eclosão dos ovos de tartarugas e tracajás.
 

Uma espécie de espetáculo que começa em outubro com o fenômeno da desova, seguido da eclosão dos ovos e nascimento dos filhotes, e devolução à natureza no mês de dezembro.
 

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Até 2 mil tartarugas chegam a desovam numa só praia do Rio Guaporé e seus afluentes. A falta de espaço é por causa da ameaça dos contrabandistas. As espécies escolhem as praias com maior segurança para desovar. Chegam a “botar” entre 160 e 180 ovos, cada.
 

Grandes bancos de areia atraem visitantes e turistas. “As tartarugas permitem até ser tocadas; chegam a escorrer lágrimas do olhos de tanta dor durante o ato da desova”, explica Zeca Lula.
 

Em 15 anos foram soltos nos rios da região cerca de dez milhões de filhotes de tartarugas e tracajás. O projeto nasceu da necessidade de conscientizar a população local para não consumir carne e ovos de espécies ameaçadas de extinção, nem praticar caça predatória.
 

Ribeirinhos, maiores parceiros
 

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Zeca Lula : contrabandistas são inimigos
 

O projeto “Quelônios do Guaporé” conquistou a confiança da população ribeirinha, integrada atualmente às coordenações locais de fiscalização e preservação das espécies. “Tudo indica que estamos apenas no caminho certo, pois outra meta é a geração de emprego e renda para os nativos”, diz o ambientalista.
 

Jorge Félix Calazans, 57 anos, é um dos 12 ribeirinhos contratados pela Ecovale para atuar como piloto de voadeira na fiscalização das praias. Por falta de recursos, a entidade foi obrigada a reduzir a folha de pagamento de 36 para os 12 atuais empregados.
 

Calazans garante que acompanha o trabalho da Ecovale desde 2003, quando a entidade assumiu a coordenação do projeto “Quelônios do Guaporé”, e diz gostar  muito do trabalho que realiza. Quando a reportagem perguntou o que é um dia triste para ele, a resposta foi objetiva: “quando se perde covas de ovos com a cheia do rio”.
 

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Negão atende quando é chamado pelo apelido  
 


Crocodilos atendem pelo nome
 

O jacaré-açu chamado Negão mora há 14 anos próximo ao tapete de algas aquáticas que circundam a pequena ilha onde foi construída a sede da Ecovale. Em poucos minutos, ele atende aos chamados de Zeca Lula.
 

Outros dois crocodilos, Chicão e Felipão desfilam nas imediações do porto, num espetáculo diferente dos protagonistas ferozes de filmes que se tornaram recordes de bilheteria no mundo.
 

Chamam tanto a atenção dos visitantes que raramente alguém sai da Ecovale sem uma foto ou um vídeo dos três. Felipão, o menos dócil, fica agressivo com Negão e Chicão, quando algum visitante joga n’água iscas de carne.
 

Entregues por órgãos ambientais à Ecovale, as antas (tapir) Bernadão e Liza vêm se readptando à região e também se tornaram atrações. Saem pela manhã para a mata próxima e retornam no final do dia para dormir.
 

Bernardão, com três anos de idade chega a passear pela varanda da sede da entidade, e há pouco tempo ganhou a companhia de Liza, de um ano e seis meses de idade.  
 

A Distribuidora Coimbra anunciou no dia 28 de dezembro de 2014 o aumento de 100% da quota de apoio. Segundo Zeca Lula, normalmente quando o empresário ou qualquer outro visitante visita a entidade e conhece mais o projeto, também adere à causa.
 

A Ecovale recebe ainda apoio da Noma do Brasil, fabricante de carrocerias para veículos; da Noma Motors, ambas de Maringá (noroeste do Estado do Paraná); do Centro Universitário Unicesumar e da Concessionária Mitsubishi de Veículos LF, em 2013. O Governo de Rondônia doou uma lancha voadeira para às atividades de fiscalização.
 

O deputado estadual José Eurípedes Lebrão defendeu a formação de parceria entre empresários e políticos para defender os verdadeiros interesses da Amazônia, especialmente o projeto de manejo de quelônios.
 

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Fonte
Texto: Abdoral Cardoso
Fotos: Rosinaldo Machado e José Soares Neto
Decom - Governo de Rondônia

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