Quinta-feira, 20 de janeiro de 2011 - 08h14
Rondônia totaliza seis mil licenciamentos de extração florestal concedidos por Cassol e Cahulla. Ação dos gerentes municipais será seguida à risca, a fim de se evitar mais desvios /MONTEZUMA CRUZ |
XICO NERY
Amazônias
PORTO VELHO, Rondônia – Projetos de manejos, pesca artesanal e de coleta (copaíba, andiroba, látex, mel de abelha, cipós e outros produtos das florestas) serão redirecionados em 2011. No papel, há uma verdadeira revolução a ser feita no estado. Orientadora do governador Confúcio Moura nas questões ambientais, de cultura e de educação, a secretária estadual de Desenvolvimento Ambiental, Nanci Maria Rodrigues (PCdoB) disse a Amazônias que buscará a reestruturação da pasta, visando ações de “caráter inovador”. “Segmentos envolvidos com o extrativismo regional, dentro ou fora das reservas, ganharão força. Temos a obrigação de apresentar à sociedade um novo desenho às políticas públicas de desenvolvimento ao Estado de Rondônia”.
Entre as mudanças por ela anunciadas, algumas contemplam as populações tradicionais, “dentro de reais necessidades”. Provocada a comentar o rumo dos negócios madeireiros, a secretária foi breve: “Os manejos continuam suspensos até o dia 1º de abril”. Ela entende que todos precisam ser ouvidos nesse setor, em respeito à legislação. Em relação às denúncias de irregularidades dentro ou fora das áreas de proteção e preservação, a Sedam e o Ministério Público trabalharão em parceria para aplicar a lei, ela informou.
Licenciamentos irregulares
Oriunda dos quadros do Ibama, Nanci admitiu que, a luta para arrumar a casa é árdua. No entanto, reservou-se ao direito de ainda não se posicionar a respeito de centenas de casos de exploração ilegal de madeira, de essências naturais e licenciamentos indevidos, praticados supostamente por antecessores durante os governos Ivo Narciso Cassol (PP) e João Aparecido Cahulla (PPS). Só o fará, segundo disse, quando tiver os diagnósticos de cada divisão.
Do ponto de vista geral, as mudanças na pasta de defesa ambiental vem ocorrendo lenta e gradualmente. Já se pode inclusive antever que, o setor de fiscalização terá muito trabalho nos quatro anos de governo, ela previu.
Não mencionou detalhes das ações de proteção e preservação ambiental, principalmente nos casos específicos das reservas do bioma de Cujubim, Machadinho do Oeste, Costa Marques (Vale do Guaporé), Ponta do Abunã, Guajará-Mirim e Porto Velho, consideradas o nó-górdio do governo. Também não entrou no assunto das madeireiras ilegais, investigadas pela Força Nacional.
Nanci (D) é cautelosa ao anunciar medidas para conter desmandos no setor ambiental |
A secretária disse que dispõe de mecanismos para tomar medidas. “Para que isso funcione a contento, exorto todos os segmentos produtivos a participar dos novos projetos e adequação daqueles que apresentam indicadores positivos”. É o caso das futuras Câmaras Técnicas, mecanismo pelo qual serão alcançadas populações tradicionais (indígenas e extrativistas).
Indígenas coordenadores
Já estão em marcha na Sedam os denominados planos reestrururantes. Ao lado dos conselhos de desenvolvimento ambiental, eles darão toda atenção às reservas. Um departamento inédito será criado, o que não ocorria desde que a Sedam foi criada, com a escolha de seus dirigentes “a cargo dos atores naturais que habitam as áreas de proteção e preservação”. É o caso dos indígenas, que poderão eleger seus próprios coordenadores dentro das unidades de conservação.
Chamando para si a criação, instalação e funcionamento da Organização dos Seringueiros do Estado de Rondônia (OSR), a secretária lembrou ter uma história de luta e de enfrentar desafios. Colocou-se à disposição das partes envolvidas em ação judicial que tentam resgatar a entidade das mãos de ex-diretores e do atual presidente, o seringueiro Adão Laia Arteaga, 40, cujo retorno ao cargo depende de intervenção judicial.
“Quero conversar com todos, discutir o melhor caminho para sair desse impasse e farei o que o Poder Judiciário decidir”, prometeu.
OSR em compasso de espera
Nanci não quis polemizar a respeito do ocorrido com a sede da OSR, algo ainda sob investigação. A situação foi entregue à Polícia Ambiental, órgão vinculado à Secretaria de Segurança, Justiça e Cidadania, que ainda não se pronunciou. Ela espera esclarecer tudo nas próximas semanas.
Cerca de seis mil licenciamentos concedidos pelos governadores Cassol e Cahulla são carentes de triagem e, da mesma forma, exige pormenorizado exame a ação de diversos gerentes municipais no que diz respeito à celeridade aos novos processos referentes à suspensão dos planos de exploração e extração de madeira nas áreas de reservas.
Foi por causa da exploração ilegal de produtos e essências naturais por madeireiras, cuja inadimplência com as populações nativas é visível há mais de 15 anos, que o governador Confúcio Moura decretou a suspensão dos manejos em Rondônia.
Nesta segunda-feira, 26 de fevereiro, a partir das 9h, começa o 2º Grande Encontro Estadual do Extrativismo da Borracha, com mais de 80 seringueiros
Concertação pela Amazônia lança, na Cúpula, em Belém, documento com propostas para o território
A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia chega aos Diálogos Amazônicos, da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), nos dias 4 a 6 agosto, com sua terce
A 'Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia' reunirá, na cidade de Belém, no Pará, entre os dias 4 e 8 de agosto, representações regionais e naci
Preparatória para Cúpula da Amazônia debate futuro sustentável e prosperidade dos povos tradicionais
A Cúpula da Amazônia acontece nos próximos dias 8 e 9 de agosto, pela primeira vez, em Belém do Pará. O encontro é um marco das relações entre o Bra