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Sem novidades, a operação contra crimes ambientais no Abunã


Sem novidades, a operação contra crimes ambientais no Abunã - Gente de Opinião

 

XICO NERY
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PONTA DO ABUNÃ, Rondônia – Não há motivos para comemorar os primeiros dias das operações envolvendo órgãos federais nesta parte da Amazônia Brasileira. É que os investigados são velhos conhecidos da polícia e da Justiça Federal, a maioria formada por madeireiros e fazendeiros que exorbitam na exploração predatória dos recursos naturais da região.

 

Amazônias constatou que diversos acusados de agressões ambientais estão na lista da operação, incluindo-se membros da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia e, em diferentes regiões do Estado, representantes de pequenos municípios. Uma vez mais, a operação se depara com a inexistência de documentação reguladora das atividades madeireiras dessas pessoas, tanto nos órgãos estaduais quanto no Ibama.

 

A operação começou dia três, com o objetivo de “inibir, punir e evitar crimes ambientais a partir da exploração e industrialização ilegal de produtos, sub-produtos florestais e crimes virtuais”. É feita nos dos distritos  de Jaci-Paraná, Mutum-Paraná, Abunã, Forataleza do Abunã, Extrema e Nova Califórnia. A maior atuação tende a ocorrer em terras indígenas e em unidades de conservação invadidas por madeireiras e fazendeiros.

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Madeira e pedras dos Kaxarari

 

Nesse teatro de operações, reclamam lideranças de populações tradicionais dos segmentos indígenas e seringueiras. Ao que parece agentes federais não adentrarão em terras e agrovilas montadas por madeireiros no sul do Amazonas, na divisa com Rondônia, habitada por indígenas da etnia Kaxaxari. Estes são vítimas há três décadas de sucessivos roubos de madeira e pedras. Um ex-deputado federal do Acre foi processado judicialmente por extrair pedras da terra indígena.

 

Na região central dessas localidades, onde ficam localizadas as aldeias e vilarejos é que acontecem as invasões. O roubo de madeira ocorre às claras, sem resistência. Segundo os agentes, a preferência é por angelim vermelho e faveira ferro, que, por ironia dá nome à Operação Dinizia.

 

– É pelas fundiárias das fazendas, através de ramais e varadouros, que, toreiros a serviços de madeireiras de Vista Alegre do Abunã, Extrema e de Rio Branco, enganam burlam a fiscalização há décadas –  denuncia um ex-cabo eleitoral do ex-vereador "Pitico", conhecido em na Ponta do Abunã como comprador de gado. No entanto, o político estaria intermediando negócios de compra e venda de madeira.

 

Sem medição e à noite

 

A Secretaria de Meio Ambiente ainda não se pronunciou a respeito, mas não esconde que existe uma voracidade de uma parte do setor madeireiro em direção às reservas extrativistas ocupadas por populações tradicionais orientadas atualmente pela Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR).

 

Da Ponta do Abunã – onde estão concentradas as maiores madeireiras do município de Porto Velho – chega a notícia de que, entre 2008 e 2009 um madeireiro foi indicado fiel depositário de grandes lotes de madeiras apreendidas durante a "Operação Arco de Fogo". A Força Nacional teria sido enganada, porque os lotes de madeira nobre foram, ao que tudo indica, substituídos por madeira de baixa qualidade no mercado. O resgate demorou e o pátio da madeireira sorteada pela fiscalização ficou livre de incômodo.


 
– Os ilegais apostam na ineficiência das operações federais no Estado – desabafam antigos seringueiros que pedem para não ser identificados. A maioria dos integrantes confessa que "ainda têm medo da picada do anofelino, o mosquito transmissor da malária, e não se atreve adentrar à floresta até os limites das fundiárias, entre as fazendas e agrovilas.

 

É justamente ali que estão as provas dos crimes ambientais, configurados por derrubadas. Outro aspecto dessas ações ainda não investigadas é a avalanche de guias de transporte de produtos animais e florestais nos distritos do entorno da cidade de Porto Velho e do interior de Rondônia. De Vista Alegre do Abunã, a madeira é desovada à noite, muitas vezes sem medição e fiscalização estadual ou federal.

 

Seringueiros e extrativistas de Lábrea e Canutama (ambas no Amazonas), juntamente com os indígenas Kaxaxari se desanimam com a falta de providências. E o pior: são ameaçados por pistoleiros acobertados por fazendeiros e madeireiros.

 

Apesar de alguns êxitos, operações federais envolvendo a Força Nacional de Segurança, a Polícia Federal e militares das Forças Armadas, ainda contam com o respeito de indígenas, seringueiros, extrativistas, ribeirinhos e das populações urbanas. O conceito e a obediência à Cosntituição Federal, por parte de seus componentes, segundo o presidente da OSR, Adão Laia Arteaga, "é a grande esperança para se manter as reservas e a floresta em pé". Mas os predadores continuam soltos, ele sabe. E agem.

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