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Sementes e mudas fazem a riqueza indígena no norte mato-grossense


Sementes e mudas fazem a riqueza indígena no norte mato-grossense - Gente de Opinião

Maravilha! Além do pequi, indígenas do noroeste mato-grossense cultivam espécies nativas, das quais recolhem óleo de copaíba, sementes de ingá, jenipapo e peroba /PAUTA SOCIOAMBIENTAL
 

 
 

ANDRÉ ALVES
Pauta Ambiental
De Cuiabá (MT)

Após um ano repleto de reuniões, oficinas e outras atividades que apoiam a gestão territorial e estruturação de cadeias produtivas, os povos indígenas Mynky e Manoki demonstram o quanto estão interessados em investir na elaboração de planos de gestão, na formação de viveiros de mudas para reflorestamento, no plantio e no manejo do pequi e na coleta de sementes nativas. Essas foram as ações de maior sucesso durante o primeiro ano do Projeto Berço das Águas, executado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) com patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental, na bacia do rio Juruena, em Mato Grosso.
 

A coleta de sementes nativas, prática tradicional entre os indígenas, foi amplamente apoiada pelo projeto por meio de acompanhamento, pesagem, beneficiamento, armazenamento e comercialização. Cerca de 150 indígenas participaram intensamente dessas atividades, com destaque para o envolvimento de mulheres e jovens. Juntos, obtiveram renda superior a oito mil reais em três meses com a venda das sementes, que totalizaram em 2011 cerca de 1,5 toneladas.

A diversidade de espécies nativas recolhidas, incluindo copaíba, ingá, jenipapo e peroba, é importante no contexto regional do noroeste do Mato Grosso, podendo atender futuramente a centenas de propriedades que precisam reflorestar áreas degradadas.

Viveiros

 

Conscientes do potencial socioeconômico e ambiental do trabalho dedicado às espécies nativas, o povo Manoki engajou-se na formação de grandes viveiros que atendem a aldeias inteiras, com capacidade estimada em 30 mil mudas cada um, além de iniciativas na escala familiar. Em território Mynky, os indígenas preferiram consolidar um viveiro principal, onde foram produzidas cerca de quatro mil mudas.
 

Dessas, 600 mudas de seringueira foram plantadas em áreas de capoeira, conforme o interesse dos Mynky em acessar o látex mais próximo das moradias. Para os Manoki, por sua vez, o maior êxito do trabalho nas aldeias tem nome: Caryocar brasiliense – o apreciadíssimo pequi.
 

A partir do diagnóstico florestal que o Projeto Berço das Águas apoiou em junho de 2011, foi possível estimar que em território Manoki existam mais de cinco mil pés de pequi, fruto essencial aos hábitos de consumo dos povos do Centro-Oeste. Por uma característica muito peculiar, os indígenas conseguem coletar o fruto de quatro a cinco vezes na mesma árvore a cada temporada, de outubro a dezembro. Ano passado, foram semeados aproximadamente 600 quilos de pequi. Por causa dessa boa safra, eles estão muito animados com a produção de mudas desta espécie, que superaram cinco mil unidades em janeiro. Por isso, eles podem se tornar um dos maiores produtores de pequi do estado.

 

Galinhas, mandioca, melancia...
 

O Projeto Berço das Águas tem dado suporte também à consolidação de sistemas agroflorestais (SAFs) nos territórios, através da criação de galináceos e de plantios consorciados de árvores nativas, mandioca, melancia, abóbora, entre outras.
 

O sucesso das iniciativas do Projeto Berço das Águas está vinculado ao apoio qualificado de demandas indígenas, a partir das atividades tradicionais e dos interesses da comunidade na gestão de seu território.
 

O incentivo à autonomia indígena é estratégico para que as ações de importância socioambiental e econômica para os povos Mynky e Manoki sejam implementadas e continuadas, consolidando-se em alternativas reais ao desmatamento entre o Cerrado e a Amazônia.

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