XICO NERY
Amazônias
PORTO VELHO, Rondônia — O presidente da Organização dos Seringueiros do Estado de Rondônia (OSR),
Adão Laia Arteaga, 39 anos, pediu nesta terça-feira a intervenção simultânea da Polícia Federal, Ministério Público (Federal e Estadual) e da Receita Federal, para que investiguem o destino do dinheiro oriundo dos repasses das compensações dos planos de manejo das reservas extrativistas.
— Trata-se de recursos destinados a melhorar a qualidade de vida das populações tradicionais no entorno das áreas de exploração — ele explicou. De acordo com Arteaga, presidentes de associações e cooperativas das 25 reservas extrativistas (Resex) existentes do estado, além de não apresentarem os balancetes, decidiram cobrar pagamento antecipado dos manejos a madeireiros.
— Muitos planos não foram autorizados pela Secretaria do Desenvolvimento Ambiental e pelo Ministério do Meio Ambiente — denunciou.
Nunca recolheram
A pior situação ocorre nas 14 reservas de Machadinho do Oeste e no Vale do Anari (noroeste do Estado). O ex- presidente da OSR, Osvaldo Castro de Oliveira, 48, declarou em documento:
— Em nove anos que comandei a entidade, ex-presidentes de associações e cooperativas, entre os quais, Antônio Teixeira Santos, Raimundinho de Costa Marques e Antônio Flávio Barros Setúbal (técnico agroflorestal, não é seringueiro) e José Pinheiro Borges, o Dé) nunca pagaram os 10% da OSR, tampouco as mensalidades.
Ainda segundo Oliveira, eles também não esclareceram o sumiço de 500 hectares de madeira nobre de um "talhão" da Resex Rio Preto Jacundá, comercializado pelo madeireiro Avalone Farias nos mercados dos Estados Unidos, Japão, China e Europa.
— O dinheiro recebido por
Dé nunca foi declarado à secretaria, à Receita Federal, nem à Organização dos Seringueiros. A entidade deveria ter recebido 10% da comercialização do produto no ato da saída da reserva.
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Arteaga adverte: recursos deveriam ser aplicados em benefício dos seringueiros /XICO NERY
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Inicialmente, Arteaga foi à sede da Superintendência da Polícia Federal, onde comunicou o que vem ocorrendo dentro das Resex “sob o controle de José Pinheiro e Antônio Flávio. Na próxima quinta-feira, 22, juntamente com o advogado da OSR, ele irá ajuizar ação contra os madeireiros Avalone Farias, que é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia e está em viagem na China); Nilson Cumpinhaque (de Machadinho do Oeste), Wagner Silva (de Jaru), a fim de convencê-los a pagar as compensações, como manda o acordo comercial, supervisionado pela Sedam, ministério, Instituto Chico Mendes de Biodiversidade e OSR.
Mais madeira nobre deixa reserva
PORTO VELHO — Desde o domingo, 18, toreiros ligados ao empresário Avalone Farias, a serviço de uma madeireira de Ariquemes, e Nilson Cupinhaque, retiram madeira de espécies nobres da Reserva Angelim, localizada a três horas da cidade de Machadinho do Oeste, a 347 quilômetros da capital de Rondônia.
— São espécies de exploração proibida pela legislação. O pior é que os manejos estão proibidos — desabafa um seringueiro morador daquela reserva. Ele não identificou, temendo represálias. Segundo disse, "daquele dia até esta manhã (20), saíram mais de dez caminhões carregados de toras".
Informado sobre a situação, Adão Arteaga comunicou o secretário do Desenvolvimento Ambiental, Paulo Roberto Ventura Brandão, na capital. No entanto, segundo informou, não obteve “resposta plausível”. A gerência da Sedam em Machadinho do Oeste exigiu que a denúncia seja feita por fax, apesar de manter equipes de plantão no local sob o comando da analista ambiental Ariana Lima Silva, encarregada de monitorar a ação das empresas madeireiras na região. (X.N.)
Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)