Segunda-feira, 24 de maio de 2010 - 15h13
Amazônias
EDNALDO GOMES
Agência Contilnet
SENA MADUREIRA, AC – O soldado da borracha Antônio Belo de Oliveira, conhecido entre os amigos como ‘Seu Belo’, completou no dia 20 deste mês 105 anos de vida. Nascido no dia 20 de maio de 1905, no município de Pereira, Ceará, ele veio para o Acre ainda jovem, onde constituiu família e se orgulha de, cortando seringa, ter criado 11 filhos.
O idoso centenário se orgulha de nunca ter fumado nenhum tipo de cigarro e muito menos ingerido bebida alcoólica, talvez uma das receitas para viver tanto e intensamente.
Atualmente o idoso centenário reside na Travessa Vital Mendonça, antigo Beco da Abacabeira. Foi lá que nossa reportagem esteve para conhecer um pouco mais dessa história, relatada pela própria fonte.
Veio parar no Acre, porque naquela época lhe apresentaram duas opções: cortar seringa ou ir participar da guerra.
– Aí não pensei duas vezes, resolvi vir cortar seringa – comentou.
‘Seu Belo’ falou também sobre outro motivo que o incentivou a deixar sua terra natal: a promessa de ganhar muito dinheiro com a extração do látex, o que de fato não aconteceu.
Vida no Seringal Oriental
Museu da Borracha, em Rio Branco: o banner reproduz as condições oferecidas aos nordestinos para atraí-los a trabalhar na Amazônia durante o ciclo da borracha |
Foi nesta comunidade do Rio Purus onde ‘Seu Belo’ criou e educou seus 11 filhos, fruto de um casamento com dona Maria Santa de Oliveira, com quem viveu mais de 50 anos. Segundo ele, naquela época não chegava a ser um campeão na fabricação da borracha, mas por ano conseguia fazer em torno de 1.200 quilos.
– Era o suficiente pra não deixar falta nada para os meninos. Acordava sempre de madrugada e não tinha hora marcada pra voltar pra casa. Só deixei o Seringal Oriental porque os filhos cresceram e precisaram vir estudar na cidade – explicou.
Naufrágio no Rio Purus
O Rio Purus, que no início lhe acolheu bem, foi o responsável por um momento de grande aflição na vida dele. Relatou que conduzia sua família para a cidade com a intenção de comprar o rancho do mês quando sofreu um naufrágio. Na embarcação vinham duas crianças, uma delas com poucos meses de vida. Todos conseguiram sobreviver.
– Aquela foi a maior dificuldade que já passei, principalmente porque não sei nadar. A mão de Deus que nos salvou – contou, emocionado.
Os prejuízos foram apenas materiais. Três espingardas que ele trazia foram parar no fundo do Rio e a família ficou somente com a roupa do corpo.
Recebe todo mês a aposentadoria
Nem mesmo o avançar da idade faz com que o idoso deixe de realizar algumas façanhas. Uma delas é ir sozinho a agência bancária para receber seu salário de Soldado da Borracha. Este mês ele, além de receber sozinho o dinheiro, ainda se deslocou a Casa Lotérica e pagou uma conta de luz.
– Não sei se no outro mês vou conseguir fazer isso de novo – comentou.
Os 105 anos de vida foram comemorados de maneira bem modesta. O aposentado recebeu a visita de vários amigos, familiares, mas nada de festa.
– Para mim o mais importante é estar com vida e saúde – destacou.
Apesar de sempre sorridente, ‘Seu Belo’ muda a aparência quando falamos de dona Maria Santa de Oliveira, sua esposa, falecida no ano de 2007. Emocionado ele afirma: – Penso nela todos os dias, a saudade é imensa. Às vezes quando estou sozinho chego a chorar relembrando os bons e eternos momentos que passamos juntos – contou.
Atualmente, ele não faz muitas dietas. Como bom brasileiro, gosta de comer principalmente carne, arroz e feijão, e é claro, de tomar café de vez em quando.
– Só não como carne de porco porque me faz mal – afirmou.
Seu Belo educou seus 11 filhos, fruto de um casamento com dona Maria Santa de Oliveira, com quem viveu mais de 50 anos |
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