ANDRÉ ALVES
Pauta Socioambiental
Como parte da capacitação oferecida pelo projeto Poço de Carbono Juruena, 71 agricultores que participam do projeto conheceram um experimento bem sucedido de sistema agroflorestal em Cortriguaçu, Noroeste de Mato Grosso. O casal Silvio de Souza e Veridiana Vieira há mais de cinco anos trabalha com a pupunheira em plantio consorciado com arroz, feijão, melancia e árvores nativas.
O casal conta que no primeiro ano do plantio da pupunheira o resultado foi ruim devido ao longo período de seca, o que comprometeu quase 90% das mudas plantadas. Mas, ao invés de desistir, decidiram apostar no cultivo do palmito, cuja venda é rápida, e implantaram um sistema de irrigação para toda a área cultivada de cerca de 170 mil pés da palmeira. Cada cova em média produz 2 hastes de palmito por ano podendo produzir até 6 hastes. Cada haste é comercializada a R$ 1,30.
Os agricultores conheceram a propriedade, as áreas de cultivo e presenciaram o corte das hastes das palmeiras para serem comercializadas. Jesse Carvalho, técnico de campo do projeto Poço de Carbono Juruena, explica que estes intercâmbios facilitam a compreensão dos agricultores sobre o potencial dos sistemas agroflorestais na prática. “Vendo as experiências bem sucedidas, os agricultores descobrem que é vantajoso diversificar a produção, garantindo uma renda melhor para a família além de ajudar a conservar o meio ambiente”, explica.
“Os agricultores ficaram satisfeitos com a visita, pois tiveram contato com uma realidade diferenciada, que, mesmo com contratempos, a confiança e a persistência do casal fizeram com que hoje tenha na propriedade uma vitrine para outros agricultores”, complementa Carvalho. O projeto é desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – Aderjur e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental.
Como funciona
O projeto Poço de Carbono Juruena teve início em janeiro de 2010 e além de envolver mais de 260 famílias de Juruena tem a meta de plantar um milhão e quinhentas mil mudas de espécies frutíferas e florestais nativas da Amazônia. A adesão dos agricultores ao projeto é espontânea e vem aumentando com os resultados obtidos pelas famílias que já participam. Além das mudas, os agricultores recebem orientação técnica, capacitações, insumos e participam de intercâmbios em outras experiências consolidadas na região. Outro importante trabalho relacionado à redução de emissões de carbono vem sendo realizado pelo projeto através do uso de uma serraria portátil, que aproveita a madeira morta das roças e pastagens.
Além da formação dos sistemas agroflorestais, o projeto incentiva também a Coopavam e Amca, que trabalham com a castanha do Brasil e seus derivados. Para garantir a sustentabilidade, os técnicos do projeto ajudam a viabilizar projetos com instituições como a Conab. Além disso, empresas como a Natura Cosméticos também fazem parte desta iniciativa. O objetivo final deste trabalho é garantir a conservação da floresta, através da valorização de produtos florestais não madeireiros e do uso múltiplo dessas áreas.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)