Quinta-feira, 17 de outubro de 2013 - 13h10
EPAMINONDAS HENK
De Porto Velho
Sete entidades reunidas no movimento Articulação Estadual pela Educação no Campo pedem a paralisação do programa de telecurso lançado pelo Governo de Rondônia: “Professor a distância, dentro de um estúdio,desconsidera as diferenças culturais, regionais e a sociobiodiversidade”, fecha postos de trabalho e compromete o conhecimento, queixam-se. “Não se constrói uma educação do campo desvinculando-a da realidade camponesa”, advertem.
Aprovado sem consulta ao seu público-alvo, o Programa de Ensino Médio com Intermediação Tecnológica adotado em Rondônia não promoveria a interação entre educador e educando. Segundo a Articulação Estadual pela Educação, os rodízios de turmas funcionariam com a criação de102 telessalas espalhadas no campo, numa média de um a dois dias de aula por ano, porém, a interação com o (a) professor (a) é feita a distância. Nos outros dias, os estudantes do campo não terão suas dúvidas respondidas pela gravação reproduzida”
Até 1916, o governo federal pretende “universalizar” o atendimento escolar à população de quatro a 17 anos. Em Rondônia cerca 30,4 mil alunos de Ensino Médio estão fora da sala de aula, e destes, a maior parte mora no campo. “Não basta que o povo tenha acesso à educação, é preciso que essa educação tenha qualidade. O povo quer conhecimento, não apenas diploma”, adverte o movimento.
Suspeitando que a interação educador-educando-comunidade deixe de existir, o movimento questiona: “A construção coletiva de uma horta, uma visita (...) poderão ser supervisionadas a distância?”.
Reprise do antigo telecurso
Em vez do sistema de videoconferência moldado no pioneiro telecurso da Fundação Roberto Marinho, o movimento formado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rural, Associação das Escolas Famílias Agrícolas, Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Pequenos Agricultores, Comissão Pastoral da Terra e Escola Popular Padre Ezequiel Ramim (Diocese de Ji-Paraná) exige a construção de escolas “do e no” campo.
Fundamentam-se no acúmulo de experiências pedagógicas exitosas já existentes em Rondônia e no Brasil, acreditando na possibilidade da construção de um currículo específico, na contratação via concurso público de professores habilitados em todas as áreas, e na infraestrutura necessária para atender a essas escolas.
Em 2001, o primeiro apoio financeiro a uma escola camponesa em Rondônia teve a autoria do então senador e hoje deputado federal Amir Lando (PMDB-RO), ao destinar emenda à Escola Camponesa em Corumbiara. De lá para cá, contam-se nos dedos manifestações simpáticas ao modelo. Em Ariquemes, um juiz chegou a interditar o ônibus que atendia à escola camponesa num acampamento.
Precário
Em nota, a Articulação Estadual pela Educação do Campo repudia o programa: “Ele precariza a já empobrecida educação oferecida aos agricultores familiares camponeses”. Critica ainda o parecer favorável dado pelo conselheiro estadual de educação João Ramão, representante do Sindicato dos Trabalhadores na Educação do Estado de Rondônia: “Tal medida cria uma barreira ainda maior para oferecimento de educação de qualidade no campo”.
Lembra a Articulação que o telecurso fora concebido nos escritórios do Banco Mundial – financiador do Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil em Rondônia, nos anos 1980 – e conveniado com a Fundação Roberto Marinho.
“O que vão fazer com os professores que terão suas salas de aula fechadas?” – indaga o movimento. “Medida semelhante já ocorre em muitas escolas na cidade, onde uma turma é acompanhada por um ‘monitor’ que deverá ‘auxiliar no aprendizado dos educandos em todas as áreas do conhecimento”, assinalam.
A nota assinada pelas entidades lamenta que professores “serão substituídos por televisores para enriquecer ainda mais as multinacionais e a Rede Globo, enquanto se empobrece cada vez mais a educação dos povos do campo”.
Acusa o programa de desconsiderar constantes apagões na telecomunicação no País, a quebra e o tempo de reposição de equipamentos públicos, bem como a falta de energia que atinge atualmente várias escolas do campo”.
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