Quinta-feira, 19 de julho de 2018 - 21h14
MONTEZUMA CRUZ
Um ano atrás elas chegaram a pé, de ônibus, bicicleta e de carona ao terreno da Paróquia São Tiago Maior (Bairro JK, zona leste de Porto Velho). Foram lá participar de 200 horas de diversos cursos básicos. Acompanhei o grupo de mulheres do Residencial Orgulho do Madeira em busca do aperfeiçoamento profissional.
Lembro-me de Ana Paula Camargo com a filha Emanoele no colo. Ela prestava muita atenção nas explicações da costureira profissional Maria José de Oliveira.
Perguntava-lhe se conhecia corte. Ana Paula, que não havia concluído o Ensino Médio, respondia com simplicidade e algum ânimo: “Eu aprendo rápido”. Sua experiência até então era pequena.
Ali estavam, conduzidas por funcionários da Secretaria Estadual da Assistência e do Desenvolvimento Social (Seas), em busca do saber para sobreviverem financeiramente e ganharem o suficiente para pagar prestação mensal e contas de água e energia elétrica nesse residencial da zona leste.
Colegas de Ana Paula sonhavam produzir peças para adultos e se dedicariam também à confecção de roupinhas de bebê. Estariam hoje prontas a conquistar mercado e fornecer essas peças aos novos bebês e futuras noivinhas que representam a demografia desse novo grande bairro porto-velhense?
Eu e muita gente gostaríamos de saber se estagnou ou evoluiu a situação dessas mulheres. Aprenderam, “se viraram nos 30” para vender seus serviços, encantaram-se de fato?
“Roupa sempre vende, roupa na medida e encomendada, melhor ainda. Só preciso encontrar alguém que cuide dessa menina”, explicava-me Ana Paula, segurando o seu bebê de cinco meses.
A professora do grupo era Maria José, moradora na Cohab (zona sul), que, coincidentemente, conhecia algumas alunas do curso, pois já havia dada aulas na zona leste. Na apresentação das máquinas elétricas, ela falava em modelagem e transmitia otimismo às mulheres.
As que cuidavam de filhos e, ao mesmo tempo, queriam aprender, recebiam a energia positiva de Maria José.
Sabendo dos infortúnios de algumas mulheres do Orgulho do Madeira, causados por brigas de casal, pelo flagelo das drogas, e adversidades em geral, medito: Olhai por elas, Senhor.
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