Terça-feira, 15 de janeiro de 2019 - 12h34
Detentora
de um amplo conhecimento da realidade vivida pelas comunidades indígenas,
acumulado desde a implantação em 1998 do Programa de Formação de Professores
Indígenas, denominado Projeto Açaí, e em 2006 do curso de licenciatura
intercultural no campus de Ji-Paraná, a Fundação Universidade Federal de
Rondônia (UNIR) é uma das partícipes da união de esforços institucionais
promovida pelo Ministério Público da União (MPU) visando à superação da crise
decorrente da presença de invasores na área indígena Uru-Eu-Wau-Wau.
Recentemente
foi notícia em rede nacional de televisão a presença de cerca de quarenta
posseiros, todos armados, dispostos à ocupação da área indígena, gerando a
iminência de um conflito, uma vez que os índios se mostram dispostos a
enfrentá-los. Foi para solucionar essa crise, que o procurador da República
Daniel Azevedo Lôbo, chefe do MPU em Rondônia, conclamou instituições como a
UNIR, a seção rondoniense da Ordem dos Advogados do Brasil e a Polícia Federal,
dentre outras, a uma reunião realizada nessa segunda-feira, 14, na qual a UNIR
foi representada pelo professor do Departamento de Ciências Jurídicas (DCJ) e
advogado do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) Gustavo Dandolini, por indicação
do vice-reitor no exercício da reitoria, professor doutor Marcelo Vergotti,
entendendo que todos os esforços possíveis devem ser implementados para que não
haja nenhum tipo de enfrentamento armado entre indígenas e posseiros, com a
resolução da crise de maneira pacífica.
De acordo
com as informações trazidas à reunião, os índios falam em reagir, havendo assim
a ameaça de conflito. A proposta é de que as instituições atuem conjuntamente,
assegurando não apenas que o conflito armado seja evitado, mas também que se
construa uma solução efetiva para o problema. O procurador da República Daniel
Lôbo afirmou que vai ver se consegue o apoio do Governo do Estado, para que a
Polícia Militar apoie a Polícia Federal, já que esta não conta com efetivo
suficiente para ações dessa natureza.
Além da
dirigente da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Ivaneide Bandeira, e
de líderes da etnia Uru-Eu-Wau-Wau, também se fizeram presentes representantes
dos caritianas e o caripunas, tendo sido abordados os problemas vividos, em um
contexto bastante semelhante, em face da invasão das respectivas áreas
indígenas por madeireiros e outros exploradores ilegais dos recursos naturais
encontrados nessas porções territoriais, bem como os interessados em implantar
novas áreas de expansão da pecuária e da sojicultura.
Os índios Uru-Eu-Wau-Wau relataram que os invasores se encontram armados e têm feito seguidas ameaças ao cacique e outras lideranças. Um aspecto ressaltado foi o fato de que é a primeira vez que uma ação de invasão de terra indígena e operada de forma tão ostensiva, já que de outras vezes os invasores sempre agiram adentrando a área onde seus limites não são muito nítidos. Desta vez estão sendo mais ousados, posicionando seus acampamentos próximo ao local em que se encontra a placa com a identificação da área.
Fonte: UNIR
- http://www.unir.br/index.php?pag=noticias&id=26453
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