Terça-feira, 1 de dezembro de 2020 - 08h40
O
pleito municipal é o período em que os partidos e os líderes constroem pontes
para as eleições gerais em que estarão em jogo o Palácio do Planalto e seu
presidencialismo desvirtuado pelo partidarismo desde que FHC negociou a
reeleição por interesse pessoal. Por aquele erro grave, em consequência os
“donos” dos palácios estaduais e paços municipais também se julgam no direito
de acomodar interesses ao formar maioria parlamentar, apenas evitando trombar
com o MP para não se complicar junto à opinião pública e à Justiça.
Vencer
eleições é a parte fácil. O candidato eleito assume no ano seguinte e enfrenta
a parte difícil: a realidade de problemas que na campanha eleitoral pregou como
fáceis de resolver. Os vencidos, por sua vez, iniciam campanhas sobretudo para
deputados federais e estaduais, dois anos depois.
Finda
a festa do voto e da campanha otimista, assumir, lidar com finanças enroladas,
obras paradas e queixas dos cidadãos é o choque de realidade em que o eleito
fica sob pressão. Na deles, os vencidos lhes apontam erros, esperando criar
musculatura e ter sucesso dentro de dois anos. Mas há uma diferença para os velhos
scripts: desta vez entraram em vigor plenamente as cláusulas de barreira, que
proibiram as coligações. Marcados para morrer em 2022, os partidos sem bom
desempenho nestas eleições vão em 2021 sair para a guerra em favor das
coligações.
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Estados evangélicos
Os
Estados do Rio de Janeiro, Espirito Santo e Rondônia são os que detém os maiores
percentuais de evangélicos no País, algo em torno de 30 por cento das suas
populações e são regiões onde viceja o bolsonarismo de raiz. Mas no Rio de Janeiro
o candidato do presidente, o bispo Marcelo Crivella (Republicanos) foi
esmagado, em Rondônia a candidata bolsonarista Cristiane Lopes foi derrotada. No
entanto, no Espirito Santo os evangélicos bolsonaristas tiveram uma grande
vitória.
Onda bolsonarista
Ao
contrário da onda Lula que se prolongou com duas grandes vitórias do ex-presidente
petista e uma de Dilma, a onda bolsonarista perdeu o fôlego em pouco tempo. Em Porto
Velho, os candidatos mais ligados ao presidente Bolsonaro no primeiro turno,
sargento Eyder Brasil (PSL) e Breno Mendes (Avante) naufragaram pesadamente.
Representando o segmento no segundo turno, Cristiane Minhoca foi derrotada. Em todo
o Brasil a onda paralisou.
PT na pior
Mas
na pior mesmo ficaram os petistas negacionistas de seus golpes aplicados pelo
Brasil afora. Não elegeram prefeito em nenhuma capital e em Rondônia quase
virou pó. O PT virou símbolo de rapinagem e o PSOL, seu substituto, virou um PT
retrô, aquele que era honesto e ideológico e por ser mais coerente ganhou
espaço na esquerda e com isto já está engolindo o Lulapetismo. A esquerda está
se afastando dos petistas, agora se transformados em bodes de bicheira.
Boa sacada
Em
busca de retomar a popularidade perdida com o bolsonarismo em Rondônia, o governador
Marcos Rocha teve uma boa sacada para se recuperar na capital com o asfaltamento
em Porto Velho da estrada do Belmonte, uma reivindicação de 30 anos da
população que padecia no inverno com atoleiros e no verão com uma poeira
daquelas. Também a estrada da penal, acesso aos portos de exportação de soja
deverá receber pavimentação ao longo de 2021. O exército foi chamado para parceria
e Rocha vai economizar com isto 30 por cento do custo.
Ecos da eleição
Na
eleição de domingo, a diferença não foi tão grande como os tucanos esperavam,
mas a vitória de Hildon Chaves (PSDB) foi uma bela façanha desfazendo uma baita
rejeição. O prefeito projetava no horário gratuito uma capital rondoniense
linda e maravilhosa, mas ao mesmo tempo a cidade pintada em belas cores, detinha
recordes terceiro-mundistas em termos de abastecimento de água, coleta de
esgoto, mortalidade infantil, desmatamento e queimadas, alagamentos no inverno
amazônico e creches inacabadas. Mas com bom marketing, prevaleceu o lado
positivo.
Via Direta
*** O Ibope voltou a errar feio nas suas
pesquisas em 2020 em várias capitais. Dava empate técnico em Recife e Porto
Alegre e as diferenças ao final dos escrutínios dos votos foram significativas *** Em Porto Velho, o
instituto previa uma diferença de 20 por cento dos votos a favor do tucano Hildon
Chaves e ao final tivemos menos de nove por cento *** Os tucanos devem ter ficado assustados em Porto Velho, pois acreditavam
numa vitória avalassadora e a coisa quase ficou feia *** Os governadores de
Santa Catarina e do Amazonas se livraram de impeachment. Tiveram que negociar a
permanência e se dobrar de joelhos aos deputados estaduais *** A coisa deve custado os olhos da cara e quem paga a conta é o
erário.
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