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Carlos Sperança

Ficção e realidade + Sede ao pote + Força nas urnas


Ficção e realidade + Sede ao pote + Força nas urnas - Gente de Opinião

Ficção e realidade

Na distopia “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos, os negros são expulsos do Brasil sob a cínica alegação política de reparar o crime de trazê-los à força ao país. Para o pensador indígena Ailton Krenak, não só os negros, mas também todos os brancos e povos da Terra estão preparando a medida definitiva que levará todos a ser expulsos do planeta se os avisos contra o desmatamento ilegal, o desequilíbrio ambiental e descontrole climático não forem atendidos a tempo.

O filme de Ramos é a ironia tratando do cinismo. Quando o espectador sai do cinema ou da plataforma de streaming na qual se divertiu com a história improvável, o Brasil continua o mesmo, talvez até pior por conta do aumento da fome e das incompreensões políticas, mas a profecia de Krenak é a ameaça de um cartão vermelho real. Não há como tratá-lo com ironia. O cinismo diante dessa possibilidade é irresponsável.

O drama cinematográfico acaba em alegria geral pela derrota da absurda medida governamental. Os injustos são socados na cara e os justos transformam a desgraça em utopia colorida, reforçando o conceito humanista de que no fim o amor vencerá. Na distopia real de um mundo em cacos, com a economia em frangalhos, o caos ambiental, a guerra ameaçando pela terceira vez se tornar mundial e os líderes políticos mais falando que fazendo, como diz a canção de Luiz Caldas, “haja amor”!

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Sede ao pote

O ex-governador Ivo Cassol (PP) entrou na corrida sucessória com muita sede ao pote, logo desbancando todo mundo, virando a eleição de cabeça para baixo e despontando como o grande favorito da parada. Mas ao discursar que se elegendo será um mandato de oito anos –com eleição agora e reeleição depois –atiçou a ira dos adversários que se uniram para derrubar sua candidatura. Gregos e troianos mexeram os pauzinhos. O resultado da reação (conspiração?) pode acontecer ainda hoje com o julgamento da sua liminar que permitia sua candidatura ao CPA. Vamos ver como vai ficar esta situação toda.

Muda tudo

Cassol caindo do cavalo é o sonho de consumo de todos os postulantes ao governo de Rondônia. Todos são parte interessadas, principalmente os candidatos bolsonaristas Marcos Rocha (União Brasil), Marcos Rogério (PL) e Leo Moraes (Podemos). Mas o principal beneficiado pela possível desgraceira de Ivo seria Leo Moraes que resgataria seu eventual favoritismo na capital e ganharia novas asas com o apoio do ex-senador Expedito Junior (PSD) no interior. Tem muita coisa em jogo e se Ivo ficar de fora, virá vem quente e fervendo para retaliar (os adversários) quem montou sua cama de gato.

Eleições 2022

Com as chapas completas e estratégias prontas para as eleições de outubro, os postulantes ao governo do estado de Rondônia entram em campo para um pleito previsivelmente em dois turnos. São sete candidatos e o último a completar sua chapa foi Leo Moraes (Podemos-Porto Velho) que não se sujeitou a ser vice de Ivo Cassol, até então seu padrinho político, e se aliou ao ex-senador Expedito Junior (PSD-Rolim de Moura), seu novo guru e seu candidato ao Senado. Uma aliança de perdas e ganhos para os dois lados, já que na capital Expedito tem elevada rejeição.

Força nas urnas

Leo e Expedito terão a oportunidade de provar nas urnas a sua força. Leo Moraes que foi abandonado por Cristiane Lopes que foi bem votada a prefeitura de Porto Velho e se bandeou para a turma do governador Marcos Rocha. Expedito que tentou ser bolsonarista, mas foi repelido por Marcos Rogério, então tentou ser Lulista – quase um petista! – e também foi rechaçado pela Frente Democrática. Tanta rejeição não tornaram estas duas lideranças amarguradas, muito pelo contrário. Estão felizes em pular cirandinha e juntos olham o futuro com otimismo.

A expectativa

A expectativa da nova aliança é que Leo Moraes reforce Expedito na capital e que ele ganhe impulso no interior do estado onde o ex-senador tem maior musculatura. Para ser justo, Expedito tem sido um bom pé de coelho, dando sorte aos aliados, mas sendo péssimo estrategista para ele mesmo. Lançou Ivo Cassol e levou um pé. Projetou Marcos Rogério e Mariana e levou outro pé. E de pé em pé vai indo em frente. A favor de Leo: foi o melhor vereador da capital, foi o melhor deputado estadual de Rondônia e é o melhor deputado federal. A favor de Expedito: é um verdadeiro campeão de votos nos pequenos e médios municípios, conferi isto nos mapas eleitorais de pleitos anteriores.

Via Direta

*** Mais uma vez a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa se omitiu e o transloucado deputado Geraldo da Rondônia (PSC-Ariquemes) se safou de ser afastado da Casa de Leis *** É um tal de cipoal de rabos amarrados no Legislativo estadual que anda salvando muita gente dos seus malfeitos. Lebrão, por exemplo, sequer foi molestado, mesmo com a filmagem divulgada dando conta do recebimento de propinas de empresários *** Ainda restam algumas definições sobre o pleito em outubro em Rondônia e elas poderão acontecer no decorre4r desta sexta-feira e poderá influenciar as eleições ao governo de Rondônia e na disputa ao Senado *** Por falar em recursos jurídicos os irmãos Donadoni – Marcos e Natan- não se deram bem nos tribunais. Queriam disputar as eleições através de liminares que foram negadas deixando ambos fora do pleito 2022.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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