Segunda-feira, 15 de agosto de 2022 - 16h14
Neil
Gaiman,
roteirista da série Sandman, afirmou que os políticos brasileiros confundem as
coisas e as tiram de contexto. As atrocidades verbais da estirpe política
tupiniquim devem ter lhe dado ótimas ideias para novelas de terror, porque muitos
mentem sem piscar, transformam tragédias em coisinhas, evitam discutir
problemas, autoelogiam-se e ofendem os adversários.
Principalmente
usam uma variação da novilíngua, o idioma do Big Brother (1984), de George
Orwell. Conceitos diferentes se juntam na mesma palavra ou ideia. Na linguagem
política brasileira, combater a corrupção significa a vontade de repeti-la. Uma
declaração de guerra às estatais de quem está fora do poder é o mesmo que dizer
que ao assumir criará sua própria estatal.
No debate
de décadas em torno das necessidades da Amazônia venceu um meio termo calcado
na Novilíngua: as empresas chutariam em gol desde que o Estado fizesse a
assistência. As parcerias público-privadas entraram na ordem do dia, mas ainda há
muito barulho sobre o que seria melhor para a região deslanchar sem destruir o
mundo nem arruinar seus povos.
Agora
ressurge a ideia de uma estatal para a Amazônia. Depois do Plano Dubai e da Selva
do Silício, a AmazomBras. Em janeiro, para enfrentar a crise, provavelmente
haverá a entrega de camisas aos descamisados. Camisas de força para quem
reclamar das medidas duras que serão tomadas sem aviso.
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Boa e má
Tem
uma boa e uma má notícia para os adversários que sonhavam com o ex-governador
Ivo Cassol fora do páreo para a eleição de outubro pelo Palácio Rio Madeira,
sede do governo estadual. A boa notícia é que Ivo Cassol vai enfrentar a
jornada sangrando o que pode equilibrar mais as forças nesta disputa. A má notícia:
o cassolismo tem um eleitorado firme e não se importa tanto com uma possível
ameaça da cassação do registro da candidatura. É um povo realmente fiel, parece
corintiano. Em disputas diretas tem sido imbatível, enquanto que apoiando
aliados, um pé frio danado.
Vai sangrando
Que
Ivo se prepare para o desafio. O carimbo na testa de candidatura sangrando é
bravo. Tem o desafio de derrotar o bolsonarista Marcos Rocha na capital e o
outro bolsonarista Marcos Rogério no interior, já que Leo Moraes (Podemos) seu
ex-pupilo e outro postulante devoto a Jair Messias se mostra mais fragilizado neste
confronto. Uma coisa era Ivo disputar a eleição com a candidatura liberada,
outra com o registro ameaçado. No interior Ivo enfrenta uma dupla azeitada (Rogério
ao CPA e Bagatolli ao Senado), na capital Marcos Rocha em dobradinha com Mariana
ao Senado.
Benê na parada
Com
a impossibilidade do Senador Acir Gurgacz (PDT-RO) disputar a reeleição a Frente
Democrática está lançando o professor Benedito Alves. Terá a força a seu favor
dos partidos que dão sustentação a candidatura do ex-presidente Lula ao
Planalto, que são o Solidariedade de Daniel Pereira, o PSB de Mauro Nazif, o
PDT de Acir Gurgacz, o PC do B do ativista Francisco Pantera entre outros
partidos alinhados com o presidenciável petista. Benê (Porto Velho) representa renovação
e vai enfrentar os postulantes bolsonaristas ao Senado Bagatoli (Vilhena) e
Jaqueline Cassol (Rolim de Moura). Tem ainda Expedito Junior (Rolim de Moura) e
Claudia Moura (Ariquemes) num pleito bem regionalizado.
O favoritismo
Sempre
lembrando que favoritismo não vale nadica de nada quando se trata de eleições
em Rondônia, um estado tão sujeito a reviravoltas e efeitos manadas de última
hora, larga como favorito perante o eleitorado bolsonarista, o empresário Jayme
Bagatolli (PL-Vilhena). Neste ambiente é beneficiado pela aliança com Marcos
Rogério (PL-Ji-Paraná) e pela ausência de Acir no pedaço ele desembarca com
tudo também na região central. Cabe a Expedito, forte nos pequenos e médios
municípios melhorar a performance em Ji-Paraná e cercanias, reduzir a rejeição
na capital para ser feliz. E ainda tem a fragmentação de votos na sua base com
Bagatolli e Jaqueline nas regiões de Rolim e Cacoal.
Poder feminino
No
pleito 2022 temos três candidatas ao Senado. Aparece com melhores chances de
polarizar, Mariana Carvalho (Progressistas-Porto Velho) dona de uma forte estrutura
na capital e ainda com apoio do governador Marcos Rocha, do atual prefeito de
Porto Velho Hildon Chaves e de dezenas de prefeitos e vereadores rondonienses.
Do lado de Jaqueline Cassol ela depende muito da transferência de votos do mano
Ivo – no que ele é um pé de coelho às avessas –e ainda tem que se sair melhor
que Expedito e Bagatolli no seu reduto já tão fragmentado. Quanto a Claudia
Moura, apoiada pelo ex-governador Confúcio, sua liderança se restringe a Ariquemes.
Sua vitória seria uma grande zebra na temporada.
Via Direta
*** O Complexo Habitacional Orgulho do Madeira,
um dos maiores do Norte se transformou num refúgio de ladrões, assaltantes,
arrombadores e traficantes *** A região está sob domínio do crime organizado e a situação
só tem piorado nos últimos dois anos ***
Muitos moradores se queixam que foram expulsos para os marginais revenderem
seus apartamentos, desvalorizando os imóveis naquele condomínio popular ***
Trocando de saco para mala: muitos partidos com dificuldades em prestar contas à
justiça eleitoral e com isto impossibilitados de acessar recursos do fundo partidário
*** Vinicius Miguel emplacou como postulante
à Câmara dos Deputados em Porto Velho. Bom também para Nazif *** Os candidatos
mais jovens, como Vinicius, Breno Mendes e Mauricio Carvalho disputam uma fatia
majoritária do eleitorado da capital.
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