Terça-feira, 18 de janeiro de 2011 - 12h02
Raimundo Nonato Melo e Silva
Advogado, poeta, contista
Hoje de manhã um trem veio bater à minha porta, a me lembrar de países e gentes de que não esqueci, senão quando parei aqui e bebi da água do Madeira... E nunca mais icei âncora. Ele se mexia e mexia as bandeirinhas dos vários lugares que sonhei ver em criança, e me meti um dia a isso, desbundando.
Que eu gosto de trens isso gosto. Quiçá fora este eleito por todos os outros veículos que eu estivera usando pra traduzir em verdade meu antigo e já insólito propósito de voyageur, e veio servir de embaixador de ilusões a este peito já deveras lodoso de cotidiano e falta de riscos, fazendo-me sabedor de que há vida lá fora, além do alcance do ônibus coletivo e da televisão.
Tentou hoje de manhã um trem abrir espaços nas teias de aranha de mim, que já são maiores que eu. Não me recordo com que ar desapontado olhou para o meu rebento, mas sei que ficou. Fez muxoxo. Eu quebrara um protocolo do Código Pária: - Criar raízes; pena: sedentarismo irrestrito. (art. 1.º e único).
Houve hoje, antes do desjejum que nem toquei, uma dessas tentações que põem em cheque tudo na gente. Senti-me levado a desafiar meu algoz, o relógio de ponto. Aquela toda energia de vida, do novo, das noites de lua e sexo sem geografia, o espaço da mochila disputado por Sartre, Kafka, Henry Miller e a escova de dentes, o impagável sopro de liberdade gratuita e imprudente, aquele cheiro de asfalto exalando do trem que me encarava, e de mim era ainda forte e pungente o que saía: um odor mórbido de velhice antecipada.
Mas não. Disse-lhe não para nunca mais ter a chance de dizer sim. Afastei-me correndo de seus olhos insistentes, ainda a tempo de pegar o trem para o trabalho.
As botinas da discórdia assombram Vila Murtinho - Causos do berço do madeira:
Entre a caixa d’água e a Igreja de Nossa Senhora Terezinha, ficava a residência do José Ribeiro da Costa, administrador da estação ferroviária da Es
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