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Gente de Opinião

Abnael Machado

5 DE MAIO DIA DAS COMUNICAÇÕES


 
É O DIA DO ESTADO DE RONDÔNIA, instituído pelo Decreto n° 434, de 26 de março de 1965, expedido pelo Tenente Coronel José Manoel Lutz da Cunha e Menezes, então governador do Território Federal de Rondônia, em homenagem ao soldado cidadão Cândido Mariano da Silva Rondon.

A síntese histórica, a qual exporemos, é sobre um homem, Cândido Mariano da Silva Rondon (1865/1958) extraordinário oficial do exército brasileiro, engenheiro e professor. Adepto da sociologia e filosofia positivistas, movimento intelectual e religioso, o qual propugnava que a verdadeira liberdade consistia em subordinar a vida a uma ordem moral e servir à "Família", à "Pátria" e a "Humanidade" pois contribuiria para estabelecer a fraternidade e a paz universal. Consonante a estes princípios, moldou as suas concepções sobre a nação e a certeza moral de seus atos uma devoção extrema a causa da brasilidade. Assim como formou-lhe a visão universal e o fundamento do seu projeto para construção de um novo e moderno país, fornecendo-lhe um desenho para o alcance do desenvolvimento nacional, o qual seguiu ao planejar e construir a linha Telegráfica Mato Grosso/Amazonas. Também fomentou suas ideias em prol da Construção de um Estado Nacional constituído por uma comunidade unificada de brancos, negros, mestiços e índios brasileiros. E de uma política do governo federal de proteção aos povos indígenas.5 DE MAIO DIA DAS COMUNICAÇÕES - Gente de Opinião

Sobre uma comissão do Exército. A comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso do Amazonas visando promover a expansão da autoridade do Estado Central no Brasil, com sua crescente presença em uma vasta região do norte e noroeste de Mato Grosso e da Amazônia Ocidental, nas quais dominavam os grandes proprietários de terras e a maioria de seus habitantes nada sabiam sobre o governo federal e a Capital do país. Situação preocupante para este e para os militares relativos à segurança nacional. Ainda tinham gravados em suas memórias as dificuldades enfrentadas na guerra do Paraguai (1865/1870) e nas ações bélicas em confronto com a Bolívia e o Peru, no inicio do século XX, pela posse dos vales do rios Purus, Juruá e Javari abundantes em seringueiras, árvores produtoras do látex da borracha, produto de alta cotação no mercado internacional.

O governo central com vista a superação dessa anomalia social, política e económica, decidiu investir recursos federais em projetos de desenvolvimento de: infra-estrutura; expansão da presença militar e planos de colonização.

O Presidente da República Augusto Moreira Afonso Pena (1847/1909) confiou aos militares o encargo de instalarem essa nova presença do Estado Central, no norte e noroeste de Mato Grosso e nos confins da Amazônia Ocidental.

Para empreender a grandiosa e difícil missão foi nomeado Chefe da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas e Engenheiro-Chefe do Distrito Telegráfico, respectivamente, nos dias 23 de fevereiro e 4 de março de 1907, o Major Cândido Mariano da Silva Rondon.

A Linha Telegráfica ligando o Estado Amazonas, os Territórios do Acre, Alto Purus e Alto Juruá à Cuiabá/Mato Grosso já ligada ao Rio de Janeiro, então capital da República, tinha por objetivo ser um instrumento de modernidade capaz de promover o progresso e estabelecer a civilização nos mais longínquos e isolados locais do país, possibilitar o estabelecimento de núcleos de povoamentos agrícolas e pecuários, garantir a segurança das fronteiras internacionais e a adoção de uma política que possibilitasse á gradativa e voluntária integração dos indígenas à sociedade brasileira, em igualdade de direitos e cidadania.

Desta forma os trabalhos da Comissão Rondon, além de se constituírem em obra de grandes proporções materiais e cientificas, influenciaram de forma decisiva na postura e decisões de políticas adotadas pelo governo federal em relação a questão indígena.

A comissão foi constituída por engenheiros militares, oficiais especializados, funcionários civis dos Telégrafos, trabalhadores e do 5° Batalhão de Engenharia e Construções.

Os trabalhos da Comissão tiveram início 24 de junho de 1907, pela primeira expedição saindo de Diamantina com destino ao Rio Juruena, percorrendo um território desconhecido de domínio dos temidos Nhambiquaras. Alcançaram este rio em 20 de outubro tendo sido explorado e levantado 618 km, retornaram a Diamantina aonde chegaram em 28 de Novembro, sendo declarado por Rondon concluídos os trabalhos da primeira expedição.

Em 24 de Julho de 1908, a segunda expedição saiu de Aldeia Queimada dirigindo-se ao Rio Juruena, deste no dia 10 de setembro seguiram rumo a Serra do Norte, percurso desconhecido, a alcançaram no dia 12 de outubro, retornando ao Posto do Juruena, ai chegando no dia 23 de outubro, prosseguindo para São Luiz de Cáceres, cidade aonde chegaram os expedicionários, no dia 11 de novembro, sendo declarada dissolvida a segunda expedição.5 DE MAIO DIA DAS COMUNICAÇÕES - Gente de Opinião

A terceira expedição foi dividida em duas seções a do Norte comandada pelo capitão Manuel Teófilo da Costa Pinheiro encarregado de subir o Rio Jaci-Paraná desde sua faz até sua cabeceira e aí estacionar aguardando a chegada dos expedicionários ^tvseção Sul. Iniciaram os expedicionários a subida desse rio, no dia 18 de agosto de 1909, alcançando sua cabeceira no dia 20 de novembro assentando acampamento - Dia 26 de janeiro de 1910, deixavam o acampamento seguindo para Santo António do Rio Madeira e deste para o Rio de Janeiro, aonde chegaram no dia 12 de fevereiro, sendo dissolvido Seção Norte, conforme instrução de Rondon.

A seção do Sul sob o comando do Coronel Rondon, no dia 02 de junho de 1909 saiu do Posto do Rio Juruena dirigindo-se para a serra do Norte, na qual os expedicionários chegaram no dia 12. Prosseguindo alcançando a sede do seringai Bom Futuro na margem do Rio Jamari, em dezembro, sendo posta por seu proprietário uma lancha para os conduzir a Santo António. Aceita a oferta, desceram o Rio Jamari, chegando a sua faz na margem direita do Rio Madeira, no dia 25 de Dezembro, prosseguiram subindo o Rio Madeira, chegando em Santo António no dia 31 de dezembro, ai permanecendo até o dia 06 de janeiro de 1910, seguiam com destino à Manaus, Belém e Rio de Janeiro, aonde chegaram no dia 06 de fevereiro de 1910, declarando o coronel Rondon, concluídos os trabalhos a terceira expedição -seção Sul, a dissolvendo.

Os trabalhos realizados pela Comissão Rondon no espaço geográfico limitado pelo Estado de Rondônia, continuam surtindo os seus efeitos positivos em prol do seu progresso e desenvolvimento, ao longo do caminho aberto, na selva surgiram sedes de seringais, os pequenos núcleos agrícolas e pecuários em torno dos postos telegráficos, alguns evoluíram transformando-se em modernas e prósperas cidades tais como: Vilhena, Pimenta Bueno, Ji-Paraná, Jaru e Ariquemes. A picada de quarenta metros de largura no eixo a qual se assentavam os postes da linha telegráfica serviu de base para a construção da rodovia BR 364 ex-BR 29, interligando Cuiabá a Rio Branco,

indicada em 1915, pelo antropólogo Edgar Roquete Pinto um dos integrantes da Comissão Rondon, a ser construída pelo governo federal. Obra realizada pela coragem, pela visão do futuro e compromisso com á pátria, do estadista Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente da República, homem da estirpe, envergadura e intrepidez do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

A grandeza de seu trabalho tanto material, assim como cientifico e social, foi alvo do reconhecimento nacional e internacional demonstrado por intermédio das homenagens lhes prestadas, das condecorações, títulos e diplomas lhes conferidos e outorgados, incluindo-se sua indicação pelo "Explorer's Club" de Nova Iorque com o apoio de Instituições cientificas e culturais brasileiras e estrangeiras (1957) como candidato ao prêmio Nobel da Paz, preenchendo todas as condições exigidas de ser agraciado. Não ocorrendo em consequência ao seu falecimento no dia 19 de janeiro de 1958, no decurso do processo.

O congresso Nacional conferiu-lhe o titulo de Marechal do Exército Brasileiro, em 5 de maio de 1955. E substituiu o nome do Território Federal do Guaporé por Rondônia, em 17 de fevereiro de 1956, em sua homenagem. Indicação feita ao governo federal, em 1915, por Edgar Roquete Pinto, que o espaço percorrido e explorado pela Comissão Rondon (1907/1910) fosse denominado Rondônia.

O governador do Território Federal de Rondônia, Tenente Coronel José Manuel Lutz e Menezes, por intermédio do Decreto n° 435 de 14 de abril de 1965, instituiu a Medalha do Mérito da Ordem Marechal Rondon, a maior condecoração concedida pelo Estado, aqueles que por serviços de relevantes importâncias prestados à Rondônia, si distingam, em quaisquer dos setores das atividades humanas.

Comenda entregue aos agraciados em solenidade realizada anualmente, no Dia de Rondônia, 5 de maio, em memória ao natalício do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Rememorar os feitos da Comissão Rondon, a personalidade impar do seu comandante, a fim de resgatá-los e preservá-los, é um dever de todos nós de Rondônia, como um pleito de reconhecimento aos ingentes serviços prestados, sustentáculos da construção do Estado de Rondônia, por seus audazes integrantes.


Fonte: Abnael Machado de Lima – Membro Fundador da Academia de Letras de Rondônia.
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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