Sábado, 1 de maio de 2010 - 10h26
A CONSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA
MULHER MERCADORIA COBIÇADA
A paisagem social do seringal em certos aspectos lembra o começo da vida social brasileira no século XVI, quando os pioneiros que construíam as bases da sociedade que deveria realizar a conquista da tetra, vencer a natureza e criar uma nova nação de homens por eles plasmados, e uma nova ordem, peculiares a essa terra e a essa natureza, esses percussores, colonos, soldados e funcionários que vieram para as jornadas pioneiras estavam desacompanhados das esposas, das famílias que pelas circunstâncias ficaram cm Portugal. Em conseqüência do que o lar na América brasileira foi sendo organizado com a mulher indígena. Na Amazônia do século XVII repetiu-se o mesmo episódio, a mulher indígena foi a companheira do sertanista no desbravamento e conquista de seu espaço geográfico. O mesmo não ocorrendo no período do grande rush da borracha, na quinta década do século XIX e inicio do século XX, na organização dos seringais nos vales dos rios amazônicos. O migrante nordestino vinha só, na maioria eram solteiros e os casados eram forçados a deixarem as famílias nos locais de origem, visto que ao seringalista só interessava o homem como força de trabalho, mão-de-obra produtora de borracha. Esses não encontraram a companhia da mulher indígena, como os desbravadores que lhes antecederam.
As nações indígenas mantiveram-se arredias, quando não hostis.
Essa situação fez a mulher ser objeto cobiçado permanente sonho do seringueiro isolado na floresta. Assim a presença da mulher no seringal no período de assalto à floresta, no auge da produção de borracha, passou a constitua mais um dos aspectos sociológicos peculiares à estrutura social do seringal.
Os seringueiros no seu infortúnio biológico, encomendavam aos patrões e estes às casas aviadoras, mulheres, como se encomendam outros artigos. Em condições iguais aos demais produtos eram lançados no livro de registro de conta corrente, como débito do seringueiro. Os pedidos de mulheres só eram atendidos de acordo com as possibilidades financeiras dos seringueiros.
O seringueiro que recebia uma mulher, a podia trocar por borracha com outro companheiro, ou perdê-la tomada pelo patrão, no caso de declínio do seu nível de produção e consequentemente o aumento de sua dívida na empresa.
Outra forma de obter uma mulher era o contrato, com autorização do patrão, direto entre as partes, por tempo determinado. O seringueiro contratava uma mulher para co-habitar com ele durante a safra da borracha, ao fim da qual, do lucro líquido da produção, um percentual variando de 30% a 50% deste era da mulher, dissolvendo-se o compromisso.
Destas formas chegando aos seringais em meio as cargas de abastecimentos os grupos de mulheres trazidas de todas as partes, inclusive dos bordéis de Belém, Fortaleza e Manaus. Repetia-se a história, o episódio das "Mulheres Erradas" as quais mencionara o Padre Manoel da Nóbrega (1546), as "órfãs da Rainha" remetidas de Lisboa para a Bahia a partir do reinado de D. João III.
Repetia-se o determinismo comum à todas as épocas e a qualquer parte da terra na qual o homem se lance desacompanhado da mulher, à conquista de espaços físicos e de riquezas.
Na Amazônia não poderia ser diferente, os homens aceitaram sem escolha todas as mulheres que lhe apareceram, com elas se unindo para satisfazei suas necessidades fisiológicas e biológicas naturais de perpetuação da espécie e composição de uma sociedade melhor estruturada e mais estável.
Com o passar dos anos e a modificação das condições existenciais nos seringais, a medida que perdiam o caráter de aventura, deixando de ser meros acampamentos, os seringueiros que possuíam famílias no Nordeste, gradativamente foram mandando buscá-las. Suas filhas foram casando constituindo novas famílias locais contribuindo para elevação da dignidade e da moral social dos seringais.
Como ilustração transcrevo um trecho do livro "Em Dez Anos no Amazonas", autor Alfredo Lustosa Cabral. "Não é todo dispensável dizer, aqui, que eram muito difíceis, naquela época, as relações entre os dois sexos. Regiões havia, numa extensão de dez doze propriedades, onde não se encontrava uma dona de casa. A aquisição de uma donzela da selva era tarefa temerária, porque a índia não se sujeitava ao regime doméstico. Isso ainda podia acarretar o perigo de ser a moça levada petos da tribo ou haver choques: violentos, de parte, transformando-s e em intriga que não se
acabaria mais. Sob esses aspectos, as uniões dos seringueiros com selvagens eram quase nulas.
Foi por isso atendendo a tamanha irregularidade de vida que, certa ocasião, a policia de Manaus de ordem do Governador do Estado, fez requisições de hotéis e cabarés dali de umas cento e cinqüenta rameiras. Com estranha carga, encheu-se um navio cuja missão foi a de soltar, de distribuir as mulheres em cruzeiro do Sul, no Alto J unia.
Houve, desarte, um dia de festa – a maior pompa, que tinha se visto. Amigaram-se todas, não faltou pretendente. Mais tarde, apareceu um sacerdote e as casou '*
Fonte: Abnael Machado
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