Quinta-feira, 4 de março de 2010 - 09h26
A Memória e Perene Reconhecimento Aos Edificadores da Sociedade e da cidade de Porto Velho
Padre João Nicolett (1884/1937)
Padre João Nicoletti vindo de Salvador/BA, chegou em Porto Velho em 20 de Janeiro e 1928, juntou-se à Comissão Administrativa da construção da Igreja do Sagrado Coração de Jesus constituída pelos senhores Prudêncio Bógea de Sá, Prefeito Municipal; Francisco Alves Erse, engenheiro; e o Comendador José Centeno, comerciante, nomeada em 27 de agosto de 1927, pelo padre Antonio Carlos Peixoto, Secretario Geral da prelazia de porto Velho, designado pelo Monsenhor Dom Pedro Massa, bispo prelado do estado do Amazonas.
O padre Peixoto chegou em Porto Velho no dia 9 de novembro de 1926, sendo sua primeira providência agilizar a construção da igreja cuja pedra fundamental havia sido lançada com solenidade realizada em 03 de Maio de 1917, presidida por Dom João Irineu Joffely, então bispo prelado do estado do Amazonas, acolitado pelo padre Raimundo Oliveira pároco de Humaitá/AM, porém não passou da intenção, nada de concreto foi posto em prática para a realização da obra, o que era deplorado pelo bispo em carta pastoral, quanto ao comportamento negligente para com a Santa Madre igreja católica o povo imbuído com a macumba, as autoridades, os empresários e o jornal Alto Madeira com a Maçonaria.
O padre Nicoletti membro da comissão assumiu o comando da construção da igreja, assim como o empenho de congregar adeptos ao catolicismo e conseguir patrocinadores da obra da catedral. Intensificou os trabalhos, os quais haviam sido iniciados em 26 de setembro de 1927. Paralelo a estes, desenvolvia intensiva atividade de assistência espiritual, realização de missas, novena, procissões, reuniões pastorais, catecismo para crianças e jovens, assim como sociais, criação de escolas para crianças e jovens (colégios Dom Bosco e Maria Auxiliadora), e para adultos, atendimento médico e alimentício de subsistência, estes últimos a população carente desamparada pelo poder público, desassistida quanto ao tratamento profilático e a preservação da saúde, falta de emprego e dos meios para produzir alimentos. Para minorar a calamitosa situação pessoalmente prestava socorro medico, instalou uma farmácia e uma caixa econômica de depósitos populares, projetou a construção de um hospital. Impulsionou a agricultura, cultivo do tabaco, do arroz, do milho, da mamoneira, da macaxeira e legumes, organizou uma cooperativa agrícola e adquiriu uma máquina de descascar arroz. Incentivou a criação de gado bovino. Visitava os doentes em suas casas e barracas a qualquer hora do dia ou da noite, montado no seu cavalo de nome Mossú, ganhou de presente da família Rocha (João Barril). Aos mais necessitados fazia doação de medicamentos, alimentos, vestuários e redes de dormir. Era auxiliado pelos irmãos leigos João Colombo e Egydio Bourtgnon. Com o padre Peixoto dividiu os trabalhos, ficando este com as atividades junto aos moradores ribeirinhos das margens do rio Madeira e de seus afluentes, aos do longo da ferrovia até Guajará-Mirim e aos do longo da Linha Telegráfica Estratégica Mato Grosso/Amazonas. O seu dedicado trabalho foi-lhe recompensado, a parte espiritual tomava vitalidade, foram fundadas as associações dos Apóstolos da Oração; dos Anjos e das Filhas de Maria. Aos domingos o jornal Alto Madeira publicava o horário das missas e das novenas. Foram construídas e instaladas capelas em: Cachoeira do Samuel (1927); Abunã (1929); Jaci-Paraná (1930); Fortaleza do Abunã (1930) e reconstruída a de Santo Antônio das Cachoeiras (1934), Instalou pronto socorro em Porto velho e vários povoados interioranos distribuindo medicamentos gratuitamente.
O padre João Nicoletti apoiado pelo padre Peixoto, pelo Monsenhor Dom Pedro Massa e discretamente pelo capitão do exército Aluízio Pinheiro Ferreira, Diretor da Seção Norte da Comissão Rondon, iniciou a campanha para a construção do hospital, visto o existente, o da Candelária, ser de exclusivo atendimento aos contratados da empresa Madeira-Mamoré Railway. Foi fundada a Liga Pró-hospital São José. Foi adquirido no dia 27 de novembro de 1927, da Sociedade Portuguesa Beneficente, um prédio em fase de acabamento, situado no Alto da Favela, permutado pela obrigação da Prelazia assumir o pagamento do passivo da Beneficente, num montante de 6.776$ 000 (seis contos e setecentos e setenta e seis mil reis). Eram contra a construção do hospital, a empresa Madeira-Mamoré e o médico Antonio Magalhães, este primeiro diretor brasileiro do Hospital Candelária, o qual pretendia instalar um hospital no hotel Brasil, um dos casarões de madeira da citada empresa, emitiu parecer contrario a instalação do hospital da prelazia alegando os seguintes motivos:
1- A localização do prédio no Alto da favela dificultava o transporte dos enfermos. (solucionado com a transformação do automóvel do padre Nicoletti, um Ford de bigode, o primeiro que circulou pelas ruas de Porto Velho, em ambulância);
2- As divisões internas do prédio não atendiam ás exigências espaciais que a higiene moderna requeria, bem como ser insuficiente para o atendimento da clientela. (solucionado com a construção de mais dois pavilhões anexos ao primeiro);
3- Falta de água corrente; (solucionado com o aproveitamento de uma nascente e a aquisição de uma caldeira e uma bomba para o abastecimento de água).
4- Falta de energia elétrica (solucionada pela Prefeitura Municipal providenciando o seu fornecimento)
Em 24 de maio de 1929 o hospital iniciou o seu funcionamento em caráter experimental. E no dia 7 de Setembro deste ano foi oficialmente inaugurado.
No dia 19 de Março de 1930 chegaram a Porto Velho as irmãs salesianas Carlota Rena, Elizabeth Negri e a noviça Sebastiana Assis. E no mês de maio desse ano, a irmã Petrina Pinheiro, formando a equipe auxiliar na administração do hospital, sendo sua diretora a irmã Carlota Rena.
Foi construído pelo padre Noicoletti, em 1930 um prédio para a residência das irmãs (atual colégio Maria Auxiliadora), num terreno do Alto da Favela, doado pela Sociedade Espírita São Viciente de Paula, à Prelazia.
Festejou com júbilo a vitoriosa Revolução de 1930, repicando os sinos da igreja, resultando no afastamento e no cessamento das doações e dos óbulos dos amigos e sócios da primeira hora, adversários políticos dos tomadores do poder.
Foi envolvido no episodio da circulação de dinheiro falso em porto velho, cédulas de 200$00 (duzentos mil reis), em conseqüência de que na primeira quinzena do mês de agosto de 1934, ao receber o pagamento das internações hospitalares dos servidores do 3° Distrito Telegráfico e da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, ambos sob a chefia do capitão Aluízio Ferreira, foi efetuado com as tais cédulas falsas, constatadas pela irmã Catarina Cappelli, diretora do hospital, confirmada pela Mesa de Rendas, crime comunicado ao tenente Alcides Lima Mendes comandante do contingente especial do exército em Porto Velho. O Padre Nicolatti deu o alarme dentro e fora da igreja. Foram indigitados a Madeira Mamoré e Distrito Telegráfico. A justiça Publica Federal intentou a ação criminal contra Elpidio Morais Teixeira, Lourival Pinheiro Ferreira (Tesoureiro da Madeira-Mamoré, irmão do capitão Aluísio Pinheiro Ferreira),Cristovão Pimenta e outros. O Capitão Aluízio Pinheiro Ferreira Diretor da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e do 3° distrito Telegráfico solicitou a instauração de inquérito policial, o qual foi presidido por Dr. Ruy Araújo, Chefe de Policia do Estado do Amazonas, concluindo-o em 15 de dezembro de 1934, declarando não haver nenhum indicio de culpabilidade contra qualquer servidor da ferrovia Madeira-Mamoré e do 3° Distrito Telegráfico, bem como de qualquer pessoa residente em Porto Velho. Ficou apurado que a remessa à Madeira-Mamoré de dois volumes lacrados um contendo vinte contos de reis (20.000$000) em cédulas de duzentos mil reis (200$000) e outro contendo seiscentos mil reis (600$000) com apenas uma cédula de 200$000 (duzentos mil reis), foi feita pela Tesouraria da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos de Manaus, e que todas as células de duzentos mil reis eram falsas.
No dia 30 de janeiro de 1935, o padre Nicoletti e várias outras pessoas entre as quais o comerciante Miguel Chakian, o diretor da Agência dos Correios e Telégrafos, o Peixotinho, foram chamados à Manaus para deporem no inquérito judiciário, o último citado, morreu de colapso cardíaco na véspera da viagem, na casa do capitão Aluízio Ferreira ao ter ido se despedir. O Padre Nicoletti tendo como advogado de defesa o Dr. Alcides Rocha, apenas confirmou a trapaça da qual havia sido vitima, não acusou ninguém. Regressou a Porto velho 20 de março de 1935, estava muito abatido. Em 07 de julho de 1936 adoeceu gravemente sem força para se erguer do leito. No dia 06 de Agosto foi substituído pelo padre Ângelo Serri vindo de Humaitá. Dia 26 de Agosto o Monsenhor Dom Pedro Massa chegou a Porto Velho, providenciou sua transferência para Manaus, aonde este no período de 06 de setembro a 30 de outubro internado no hospital da Beneficente Portuguesa, sendo removido para o hospital dessa mesma instituição em Belém/PA, no qual faleceu no dia 26 de Janeiro de 1937, com 52 anos de idade vitimado por arterio-esclerose generalizada e grande dilatação da aorta.
No dia 29 de abril de 1937, a Câmara aprovou o projeto dos vereadores Inácio Castro e Silva e Tiburcio Cavalcante Neves, transformando a quadra n°7 em praça João Nicoletti.
O padre Nicoletti construiu a catedral do Sagrado Coração de Jesus, o prédio do hospital São José composto por quatro pavilhões contendo; enfermarias, apartamentos, maternidade, pronto-socorro, sala de cirurgia, laboratório, isolamento, cozinha, copa, refeitório, salas de reuniões, de recepção, de diretoria, dos médicos, tesouraria, banheiros, lavanderia, leprosário e necrotério. Os prédios de três andares dos Colégios Dom Bosco e Maria Auxiliadora, reconstruiu a capela de São Francisco o primeiro templo católico de Porto Velho, construído pela senhora Maria Alves de Andrade (Dona Mariquinha). Dotou a prelazia de bens imóveis, terrenos, casas, duas farmácias na avenida 7 de setembro, uma olaria, criação de gado bovino e suíno, vacaria, pomares de cítricos e plantações hortigranjeiras e outros bens.
Era dedicado sacerdote, zeloso da comunidade católica cuidando para não se envolver com a macumba, o espiritismo e a maçonaria. Era o professor comprometido com a formação integral de seus discípulos tanto intelectual, como cívica e espiritual. Era o competente e carinhoso médico, responsável por todo serviço hospitalar atendendo os internos com graves doenças, fazendo curativos nas pessoas que se socorriam do hospital, assim como os chamados dos aflitos para atendimentos dos seus doentes em suas casas particulares. Era filantropo, amparando sem restrições os necessitados, deserdados e marginalizados sociais.
Dedicou a sua vida, a sua alma em prol da promoção do progresso e do bem estar econômico, social e moral da região do alto Madeira.
Nasceu em Santo Arcanjo de Romagna/Itália, em 24 de junho de 1884, veio para o Brasil (salvador/BA) em 1924. Mudou-se para Porto Velho em 1927. Faleceu na cidade de Belém/PA em 28 de janeiro de 1937. Encontra-se sepultado no presbitério da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, em Porto Velho.
Por tudo que fez o padre João Nicoletti é um cidadão benemérito de Rondônia.
Abanel Machado de Lima
Membro Fundador da Academia de Letras de Rondônia
A PRAÇA DAS TRÊS CAIXAS DÁGUAS - Por Abnael Machado
No projeto urbanístico da cidade de Porto Velho, planejado pelo prefeito FRANCISCO LOPES PAIVA, gestor no período de 1979/1980, nomeado pelo Governa
YARAS DO RIO MADEIRA - Por Abnael Machado
A Yara e a Sereia possuidoras de idênticas magias, encantos, poderes e seduções, fisicamente são totalmente diferentes. A sereia é mulher da cintura
EXCURSÃO NO RIO CANDEÍAS - Por Abnael Machado
Eu e meus companheiros docentes do Colégio Mal. Castelo Branco, projetamos realizamos uma excursão no Rio Candeias, no trecho compreendido entre a BR
INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO CARMELA DUTRA - Por Abnael Machado
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); Em sessão solene realizada no dia 14 de dezembro, do corrente ano em curso, seus gestores Vera Lú