Domingo, 13 de dezembro de 2009 - 18h38
CAUSOS DO GUAPORÉ/RONDÔNIA
A CONJURAÇÃO GUAPORENSE/BENINEANA
Em Porto Velho apareceu em 1952, um cidadão boliviano de vistosa aparência, elegante, da complexão física atlética, comunicativo dizendo ser ex-centro avante da seleção boliviana de Futebol, e revolucionário estando sendo perseguido pelo atual governo do seu país, refugiando-se no Brasil em busca de asilo político. Encontrando-se em difícil situação financeira sem condições de custear sua hospedagem e alimentação. Isto comentado num grupo seleto, no qual se encontrava o médico Dr. Ary Tupinambá Pena Pinheiro, como todo caboclo amazônico hospitaleiro e de magnânimo coração, o convidou a se abrigar no hospital São José até regularizar sua permanência no país, na condição de asilado.
Sua primeira afirmativa foi imediatamente acreditada, pois por coincidência na seleção da bolívia na copa do mundo de 1950, tinha um Gutierez muito bom de bola, nome com o qual se apresentava. O Dr. Renato Clímaco Borralho de Medeiros o recrutou para integrar a equipe de futebol do Ypiranga Clube, o famoso “Leão Azul”. A noticia da contratação do talentoso craque se espalhou célere por todos os recantos da cidade, ultrapassando-a chegando a Santo Antonio, Teotônio, Jaci-paraná, Mutum-Paraná, Abunã, Vila Murtinho, Yata e Guajará Mirim levada pelo trem. São Carlos, Assunção, Vitória, Calama e Humaitá pelas embarcações rio abaixo. Cachoeira do Samuel e Vila Rondônia pelo telégrafo.
Sua esperada estréia, marcada para vinte de Junho, um domingo no clássico futebolístico, Ypiranga contra seu arqueadversário, não menos famoso Ferroviário Esporte Clube. Na tarde do confronto o estádio Paulo Saldanha ficou lotadíssimo, assim como as copas das arvores e os telhados das casas em seu derredor. Logo nos primeiros segundos do inicio da partida, num levantamento de bola, Gutierrez de costa para a trave adversária deu um coice na pelota a colocando no ângulo esquerdo dessa, fazendo um golaço, levando ao delírio a galera azulina e ao silêncio apreensivo à ferroviária com o que aconteceria no desenrolar do embate com o seu time. Para seu regalo nada aconteceu, porque daí em diante a atuação do craque foi um fiasco, totalmente perdido sem saber o que fazer com a bola, vaiado pelos azulinos não retornou para o segundo tempo e o Ypiranga sofreu uma goleada. Sua desculpa foi que estava há dois anos sem jogar.
Freqüentando as reuniões etílicas da elite empresarial e governamental no Café Central do João do Barril e no Bar do Raul, este famoso pelos salgadinhos que servia, entrou em contato com os agentes do DIVA* do Governo pedindo-lhes para conseguirem que ele fosse recebido pelo governador do Território Federal, Dr. Jesus Bularmarque Hozannah, para o cientificar sobre um gravíssimo fato comprometedor da segurança do Brasil e do próprio continente Sul-Americano. No dia seguinte reservadamente, um dos agentes lhe comunicou que o governador o receberia em audiência, as 20 horas daquele dia, em seu gabinete. A hora marcada se apresentou ao comandante do corpo de segurança do palácio, este previamente instruído o conduziu ao gabinete, no qual encontravam –se apenas o governador, o secretario geral, Dr. Moacir de Miranda e o chefe da casa civil. Feitas as apresentações protocolares, lhe foi concedida a palavra. Revelou aos presentes ser um agente secreto do Serviço de Inteligência do Governo da Bolívia, enviado aos Departamentos de Pando e Beni, para identificar os comunistas e suas atividades. Descobriu que esses juntamente com seus camaradas de Porto velho, conspiravam realizarem uma revolução armada destituindo os respectivos governantes, assumindo o poder anexando o Território do Guaporé aos dois citados Departamentos bolivianos instalando uma república socialista. Repassou ao governador a relação nominal dos camaradas comunistas de Porto Velho, líderes da conjuração. Este agradeceu, o despediu recomendando a manter rigoroso sigilo, e o mantivesse informado sobre o que mais desvendasse.
O governador disse aos seus assessores que precisavam tomar imediatas providências, mediante a gravidade da denúncia. Os dois opinaram que o boliviano era um leviano, um lunático, devendo ser sigilosamente preso e recambiado à Bolívia. O governador discordou, enfatizando que os ativistas do comunismo internacional se infiltravam e subvertiam a ordem em todos os continentes, em especial na América do Sul. Lembre-se que “aonde tem fumaça há fogo”, temos que apurar veracidade ou a invencionice da denúncia. E mais, é uma ótima oportunidade de eliminar os opositores à nossa administração, a maioria constante dos relacionados. O governador resolveu agir por conta própria, sem participar a ocorrência aos comandantes militares, aos juizes de direito, aos promotores e ao deputado federal Aluízio Pinheiro Ferreira. Precipitadamente mandou prender os médico Ary Tupinambá Pena Pinheiro e Renato Climaco Borralho de Medeiros, o engenheiro Wadih Darwich, os senhores Omar de Oliveira, Manuel Bezerra, Sadi, Elizer, Barrada e outros denunciados. Comunicou as prisões e seus motivos ao Ministro do Interior e Justiça ao qual eram subordinados os Territórios Federais;
Constada a tramóia urdida pela mente lunática do Gutierez, este escafedeu-se sem deixar vestígios. Os cidadãos presos postos em liberdade e o governador diante da absurda gafe, solicitou demissão do cargo, imediatamente concedida, para o bem de todos e felicidade geral do Guaporé.
*Departamento de Informação da Vida Alheia
Abnael Machado de Lima
Membro fundador da Academia de Letras de Rondônia.
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