ATROPELANDO A HISTÓRIA

O senhor Francisco Matias que se auto intitula “Historiador e Analista Político”, em seu artigo “Rondônia, o Legado de Rondon”, publicado no Jornal Alto Madeira, edição de 10 de maio do ano em curso, mais uma vez divulga equívocos históricos e geográficos a respeito de Rondônia, em detrimento a sua história e a sua geografia e a correta informação ao público. Sem o devido respeito a esse, impingindo-lhe inverdades originadas de sua imaginosa criatividade e deduções pessoais destituídas de verídicas comprovações.



Escreve:

1. “O médico Edgar Roquete-Pinto, conseguiu, em 1915, que o Governo Federal determinasse que a área geográfica situada entre os rios Juruena e Madeira, coberta pela Comissão Rondon, fosse oficialmente designada Rondônia. Surgia a Rondônia Ocidental e a Rondônia Oriental.  A primeira cobria a região do Juruena ao Vale dos Parecis. A segunda, de lá até o Vale do Madeira, terminado na porção territorial onde seria erguida a cidade de Guajará-Mirim, do estado do Mato Grosso. (os grifos são nosso).

2. Assertivas equivocadas, Roque Pinto sugeriu ao governo federal. Sugestão não acatada, portanto, nunca existiu a Rondônia Ociental e a Rondônia Oriental. Caso tivesse existidos, a Ocidental ficaria situada no espaço compreendido entre a serra do Norte (atual chapada dos Parecis) e o rio Madeira. (Ocidental significa Oeste). A Oriental se situaria no espaço compreendido entre o rio Juruena e a serra do Norte (atual chapada dos Parecis, integrante do Planalto Central Brasileiro, não sendo vale como encontra-se escrito). (Oriental significa Leste). O povoado de Guajará Mirim, desde 1912 era o ponto final da ferrovia Madeira-Mamoré, no qual o governo do Estado do Mato Grosso instalou um posto fiscal e de arrecadação de impostos, em 08 de outubro de 1912, designado como seu encarregado o Guarda Manoel Tibúrcio Dutra. Em 26 de junho de 1.922, foi expedida a Resolução nº 879, criando o distrito de Esperidião Marques com sede no povoado, o qual foi elevado à categoria de Vila em 12 de julho de 1926, por intermédio da Lei nº 962. A Vila de Esperidião Marques, como era denominada foi elevada à categoria de cidade com denominação de Guajará Mirim, sede do Município do mesmo nome, criado pela Lei nº 991 de 12 de julho de 1928, expedida pelo Dr. Mário Correa governador do Estado de Mato Grosso. Portanto, Guajará Mirim surgiu do povoado com esta denominação formado a partir de 1912, três anos antes da sugestão de Roquete Pinto (1915).

3. O autor omitiu os postos telegráficos de Barão de Melgaço e José Bonifácio, ambos instalados no planalto de Vilhena no espaço atualmente limitado pelo estado de Rondônia.

4. “Major Amarantes, que morreu de malária, em Santo Antônio. (Os grifos são nossos).

5. O Major Emanuel Silvestre Amarante, chefe distrital (3º Distrito Telegráfico) da Zona Norte, faleceu no início de 1929, no Hospital da Candelária situado no município de Porto Velho, acometido de uma infecção tífica.

É lamentável que esses equívocos constituem a ser difundidos, é de bom alvitre os arvorados em serem historiadores, geógrafos, terem a plena consciência que a História e a Geografia são ciências, devendo serem tratadas com método científico, com o devido compromisso com a veracidade de seus fatos. Não atropelem a História.

Fonte: ABNAEL MACHADO DE LIMA
Ex-Prof. de História da Amazônia – Universidade Federal do Pará
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia