O informativo eletrônico CITY BRAZIL – Estado de Rondônia – História – http//www.citybrazil.br/RO/historia.htm
Contém as seguintes informações erradas:
1. “Até o século XVII apenas algumas missões religiosas haviam chegado até a região onde hoje se encontra o Estado de Rondônia”.
Assertiva errada.
No século XVII, Isto é, no período de 1601 a 1700, só a partir de 1640 os padres jesuítas portugueses, iniciaram os primeiros contatos com as nações indígenas habitantes do baixo rio Madeira nas proximidades de sua foz. O padre Manuel Pires e Padre Grozoni vindos de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, instalaram em 1669, a missão de Tupinambarana na ilha da mesma denominação, próxima a foz do rio madeira na margem direita do rio Amazonas, habitada pelos indígenas Tupinabás.
A primeira missão instalada em área atualmente limitada pelo estado de Rondônia foi a de Santo Antônio do Alto Madeira, próxima a foz do rio Jamarí (atual vila de São Carlos), fundada em 1723 pelo padre João Sam Payo, portanto, na segunda década do século XVIII. Em 1727 foi transferida pelo referido padre, para o lago Cuniã a fim de melhor proteger os aldeiados dos preadores de índios vindos de Santa Maria de Belém do Grão-Pará e dos ataques das nações indígenas adversárias dos colonos portugueses.
Os padres João Sam Payo e Manuel Fernandes, em 1728 subiram o rio Madeira até sua primeira cachoeira no sentido foz/nascente, a do Aroya dos indígenas e São João dos portuguêses, em frente a essa, na margem direita do rio instalaram a missão de Santo Antônio das Cachoeiras visando catequizar os Mura. Estes em 1742 assaltaram a missão destruindo-a, matando cem missionados. Os padres decidiram abandonar o local desccendo o rio Madeira acompanhados dos remanescentes índios e Luso-brasileiros, estacionando por algum tempo nas vizinhanças do rio Baeta, em Arararitana próximo a foz do rio Jamari. Devido os constantes ataques dos Mura e o surto de doenças epidêmicas, mudaram-se para a foz do rio Ji-Paraná instalando a missão de Camuam, pelos mesmos motivos a abandonaram abrigando-se na missão do *Trocano (atual cidade de Borba). *(O nome Trocano foi tomado de um grande tambor de guerra dos Mura de vibrante percussão ouvido a quilômetros de distância).
2. “No início do século XVIII os portugueses, partindo de Belém, subiram o rio Madeira até o rio Guaporé e chegaram ao arraial de Bom Jesus, antigo nome de Cuiabá, onde descobriram ouro”.
Tal afirmação não procede.
Os portugueses lusos-paraenses, em suas bandeiras fluviais subiram o rio Madeira até a sua primeira cachoeira e a de Santo Antônio, em atividade de comércio de escambo com os índios, por intermédio dos padres jesuítas, trocando produtos manufaturados por especiarias as drogas do sertão, extraídas nas florestas dos vales do rio Madeira e dos seus afluentes, principalmente do Ji-Paraná e do Jamarí.
Os descobridores de ouro nos vales dos rios Coxipó-mirim, Coxipó e Cuiabá, foram os bandeirantes lusos-paulistas Pascoal Moreira Cabral em 1719, Miguel Sutil em 1722, Fernando Paes de Barros, Arthur Paes de Barros, José Martins Charo e José Pinheiro descobriram terrenos auríferos nas cabeceiras do rio Guaporé em 1724. Armando de Almeida Morais e Tristão Cunha Gago alcançaram o vale do médio rio Guaporé em 1736, descobrindo ouro do seu afluente Corumbiara. (Em área atualmente pertencente ao estado de Rondônia).
- Portanto, não foram os portuguêses vindo do Pará que descobriram as minas de ouro de Mato Grosso. E sim os vindos de São Paulo.
As informações sobres os tratados entre Portugal e a Espanha estabelecendo limites das colônias sul americanas e sobre as expedições de estudos e levantamentos cartográficos estão confusas e incoerentes.
Correto:
O Tratado de Madri foi firmado em 13 de janeiro de 1750, reconhecia as conquistas portuguesas além dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Foi anulado pelo Tratado de Pardos de 12 de fevereiro de 1761, volvendo as questões de limites à indefinição. Em 1º de outubro de 1777, Portugal e a Espanha firmam o Tratado de Santo idelfonso o qual pouco se deferia do estabelecido no Tratado de Madri ficando muitas questões pendentes só solucionadas após as colônias terem se constituído em estados independentes.
No período de 1722 a 1749, não houve mapeamento dos rios Madeira, Guaporé e Mamoré, conforme afirmam. O reconhecimento oficial do rio Madeira desde de sua foz até sua formação na junção das águas do rio Beni com as do rio Mamoré foi realizada pela expedição comandada pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta vindo de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, em 1722, com essa incumbência. Melo Palheta não chegou à Santa Cruz de La Sierra como afirmam. Êle subiu o rio Mamoré até alcançar a povoação de Santa Cruz de Cajuava missão de padres jesuítas espanhóis, na qual chegou dia 8 de agosto permanecendo até o dia 11, retornando à Juma no rio Madeira, descendo o rio Mamoré e o Madeira, chegando nesta no dia 9 de setembro de 1723.
O sargento-mor Luiz Fagundes Machado partiu de Santa Maria de Belém do Grão-Pará em 14 de julho de 1749, chefiando uma expedição exploradora de levantamento cartográficos dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé, até alcançar as minas de ouro no arraial de São Francisco Xavier no vale do alto Guaporé na capitania de Mato Grosso e Cuiabá.
A expedição de Francisco Melo Palheta de reconhecimento do rio Madeira foi realizada no período de 11 de novembro de 1722 a 9 de setembro de 1723. Não em 1722 conforme consta no informativo.
A economia baseada na exploração da borracha e da castanha-do-pará, em nada influi para mudança do nome do Território Federal do Guaporé para Rondônia, como é afirmado no informativo. Roquete Pinto já havia proposto o espaço geográfico de atuação da comissão Rondon entre a Serra do Norte e rio Madeira construindo a linha telegráfica estratégica Mato Grosso/Amazonas fosse denominado Rondônia. Ao ser criado o Território foi sugerido lhe ser dado o nome de Rondônia, o que se opos o general Rondon. O então deputado federal pelo estado do Amazonas, Aureo de Melo, nascido em Abunã, apresentou o projeto de lei mudando a denominação de Território Federal do Guaporé para Rondônia em homenagem ao marechal Cândido Mariano Rondon, aprovado, transformou-se na Lei nº 21.731, de 17 de fevereiro de 1956, sancionada pelo então presidente da república, Juscelino Kubistechek.
O bandeirante paulista Antônio Raposo Tavares não percorreu o rio Guaporé. Êle saiu de São Paulo em 1648 seguindo para o oeste, penetrou no Vice-Reino do Perú, alcançando a cordilheira dos Andes, retrocedendo para o leste, atingiu as cabeceiras do rio Mamoré (Grande La Plata), por esse descendo em balsas improvisadas, chegando a sua foz se passando para o rio Caiary (Madeira), seguindo por esse até a sua foz na margem direita do rio Amazonas descendo o seu curso, alcançando sua foz no litoral atlântico na capitânia do Grão-Pará, em 1651.
Os Dados Gerais apresentam erros, sendo as informações corretas as seguintes:
- Quanto ao relevo, as áreas mais acidentadas encontram-se localizadas nas regiões central e sul do estado, cujo relevo é formado pelas chapadas dos Parecis e dos Pacaás Novos, onde ocorrem elevações com altitudes que alcançam mais de 1.000 metros acima do nível do mar. O ponto culminante do estado é o Pico do Tracuá com 1.126 metros de altura na chapada dos Pacaás Novos, no município de Campo Novo de Rondônia;
- Quanto a hidrografia, a bacia fluvial não é do rio Aripuanã, é do rio Roosevelt, de denominação dada por lei do governo federal em 1914, ao rio explorado pela Comissão Cientifica Roosevelt/Rondon, com 1.409 Km de extensão com nascente no planalto de Vilhena e foz na margem direita do rio Madeira no estado do Amazonas. Em seu alto curso era denominado Dúvida, no médio curso Castanho e no baixo curso Aripuanã, isto é até 1914, data na qual em toda sua extenção passou a se denominar rio Roosevelt.
O rio Madeira um dos principais afluentes do rio Amazonas, o mais importante de sua margem direita, tem 3.240 Km de extensão, com vazão mínima de 4.000 metros cúbicos de água por segundo na vazante, período do estio e máxima de 40.000 metros cúbicos de água por segundo na enchente, período das chuvas. É formado pelos rios Guaporé oriundo do Planalto Central norte de Mato Grosso, rios Mamoré e Beni, oriundos dos planaltos andinos bolivianos, é linha de fronteira entre o Brasil e a Bolívia no trecho compreendido entre a foz do rio Abunã e Junção do rio Mamoré com o rio Beni, local de sua formação. Seu curso divide-se em alto, médio e baixo, o primeiro com uma extensão 420 Km é obstruindo por cachoeiras, saltos e corredeiras, impedindo a livre navegação, os médio e baixo cursos a partir de Santo Antônio a última cachoeira no sentido formação foz, é francamente navegável numa extensão de 2.820 Km até sua embocadura na margem direita do rio Amazonas.
O rio Guaporé a partir da confluência com o rio Verde, forma a linha divisória entre o Brasil e a Bolívia. (Portanto, não em todo seu percurso).
O rio Mamoré nasce nos Andes bolivianos, forma linha de fronteira entre o Brasil e Bolívia no trecho compreendido entre a foz do rio Guaporé e a foz do rio Beni.
Quanto economia é confudido agricultura com pecuária, incluindo a atividade de criação de animais com atividade e produção agrícola.
Fonte: ABNAEL MACHADO DE LIMA
Prof. de História da Amazônia/Universidade Federal do Pará
Prof. de Geografia Regional/Universidade Federal de Rondônia
Membro do Instituto Histórico e Geográfico/RO
Membro da Academia de Letras de Rondônia