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Gente de Opinião

Abnael Machado

Discurso



 
Em: 01 de novembro de 2013.

ABNAEL M. LIMA

Meus Senhores, Minhas Senhoras

Autoridades e Acadêmicos

A minha querida amiga acadêmica Sandra Castiel Fernandes, me destinguiu com a honrosa, porém difícil incumbência de fazer a apresentação de sua primorosa obra, o livro "Professora Marise Castiel. Educação, Cultura e Política", o qual em suas páginas sem paisagens artificiais revivem episódios bem vividos de um passado memorável de algumas épocas, que se modificaram, nas fases de expansão da sociedade Amazônica/Rondoniense, refletindo-lhe a cultura e o perfil evolutivo, imprimidos por protagonista da ciência, da literatura, da política àvidos de aventuras, conhecimentos e riquezas, que em tempos distintos do passado estiveram no espaço atual de Rondônia atraídos pelo fascínio de sua natureza, ou pela obsessão de enriquecimento fácil, contribuíram mesmo destituídos deste propósito, na faina civilizadora do meio social.

A autora objetivando o resgate e preservação da memória de sua mãe, mulher excepcional, atuante nos mais diversificados segmentos sociais, cujo histórico de sua vida, é uma simbiose com história evolutiva de Rondônia, dedicou-se á pesquisa em fontes fidedignas, sob o critério mais honesto de investigação. Seus pormenores, seus detalhes, o comportamento, os costumes das épocas, os figurantes em ação, foram coletados nas biografias, nas edições dos compêndios de história, nos arquivos, nas antigas coleções de jornais, em especial o Alto Madeira, nas entrevista com pessoas da localidade, as quais tiveram participação direta ou as testemuram retendo-os na memória. Uns dos quais este que vos fala, assim se pronunciando sobre a mestra, líder política, promotora da evolução social, magnânima pessoa humana, Marise Castiel.

 


PALAVRAS DO HISTORIADOR ABNAEL MACHADO DE LIMA
MARISE CASTIEL


Saudosa amiga, lembrança perene em minha mente e em meu coração, grato por seus conselhos e a amizade a mim dedicada.

Marise, excepcional profissional, não era apenas uma professora executando rotineiramente, sem afetividade)' as funções do magistério. Era uma educadora comprometida com a formação integral de seus discípulos, transmitindo-lhes com eficácia não só o ensino propedêutico, mas também os princípios da cidadania e civismo, integralidade moral, ética, convivência pacífica de mútuo respeito aos direitos individuais, objetivando conscientizá-los do dever de se tornarem cidadãos úteis participativos em sua comunidade social, política e econômica. Para tanto, buscava o apoio das famílias conquistando suas amizades, integrando-as à escola como partícipes nas suas atividades escolares, cívicas, culturais e sociais.  Designada para exercer as funções do cargo de diretora escolar, mesmo conhecedora dos obstáculos a superar para o alcance da eficiência do ensino, tais como: prédios e equipamentos escolares deteriorados, material escolar e de apoio didático obsoletos, corpo docente constituído por mais de 60% de leigos e falta total de técnicos especialistas em educação; confiante em sua capacidade profissional, privilegiada inteligência e liderança, enfrentou o desafio para melhores condições de trabalho.

Além de administradora, exercia as funções de supervisora escolar e de orientadora educacional, auxiliando as docentes leigas a elaborarem e desenvolverem seus planos de curso e de aulas. Convenceu suas subordinadas a serem assinantes da revista didática/ pedagógica "Escola" editada no Rio Grande do Sul, então expoente em educação, organizando nos fins de semana ciclos de estudos, debates e avaliações do desempenho escolar, do progresso dos alunos e das dificuldades existentes e os possíveis meios de superá-las.

Incentivava a realização de atividades extraclasse, tertúlias literárias, teatro, festas dançantes, bingos e outros, eventos organizados pelos alunos e pela Associação de Pais e Professores com a participação das famílias, angariando recursos financeiros destinados a aquisição de livros didáticos, de literatura infantil e juvenil, de revistas para a biblioteca escolar como também para consertos do mobiliário e reparos de maiores urgências no prédio da escola e nas suas instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias.

Seu desempenho, sua dedicação à escola e aos seus alunos, a cordialidade e urbanidade com seus subordinados, a tornaram alvo da admiração e respeito da comunidade, tanto no exercício de dirigente como no de docência em sala de aula.

Ao ser criado o Curso Normal Regional do Território Federal do Guaporé "Carmela Dutra", por intermédio do Decreto nº 047 de 19 de dezembro de 1947, expedido pelo Coronel Frederico Trotta, então Governador do Território (31/10/1947 a 09/06/1948), a professora Maríse assessorava a Diretora da Divisao de Educação (equivalente a Secretaria) a Professora Laudímia Trotta, a qual em janeiro de 1948, o instalou assumindo a sua direção acumulativamente. Porém quem o dirigia de fato era a sua assessora, passando a responder oficialmente por sua direção a partir de 09 de junho de 1948, quando a professora Laudímia deixou o cargo de Diretora da Divisão de Educação, em decorrência da exoneração do Governador Frederico Trotta.

Assumindo o cargo de Diretora da Escola Normal Carmela Dutra, o seu desempenho administrativo a projetou como a maior inconteste líder educacional, transformando este estabelecimento de ensino no mais dotado de recursos didáticos pedagógicos, de equipamentos técnicos e científicos modernos de última geração, laboratórios, biblioteca, auditório, salas especiais de balé, de orientação educacional, de música (fanfarra e banda de instrumentos musicais), quadras e ginásio de esporte.

Assumiu por várias vezes o cargo de Secretária de Educação, tendo por compromisso elevar o padrão da qualidade de ensino e sua expansão. Para o alcance do seu objetivo, realizava cursos de férias para capacitar os docentes leigos das zonas rurais do Vale do Rio Madeira e de seus afluentes, trazendo-os para Porto Velho, e os dos Vales dos rios Mamoré e Guaporé, para Guajará Mirim. Visando assegurar o rendimento do trabalho escolar, lhes eram entregues os programas de cada disciplina, a distribuição dos seus conteúdos em planos de aula diários, semanais e mensais, acompanhados de instruções de procedimentos e orientações para fixação da aprendizagem e sua avaliação. Os testes de medidas avaliatórias do desempenho dos alunos no fim do ano letivo, com vistas à promoção, eram elaborados e aplicados por técnicos da Secretaria distribuídos em todas as escolas da zona rural.

Pessoalmente, inspecionava as escolas urbanas e rurais, nas localidades onde se encontravam situadas as segundas, arregimentava seus administradores ou seus proprietários para serem parceiros, colaboradores da Secretaria na expansão da oferta de oportunidades de ensino e educação à população de todos os níveis e segmentos sociais.

Sua vida foi dedicada á educação do hoje estado de Rondônia.

Humanitária, se sensibilizava com a situação de penúria da camada social marginalizada, com as desditas em seu entorno, empenhando-se de conformidade com suas limitações, para superá-Ias ou minimizá-las. Os que a ela recorriam pedindo-lhe auxílio, eram tratados com polidez e generosidade" concitando-os a juntos encontrarem alternativas de soluções.

Como todos nós seres humanos, tinha defeitos e virtudes. Porém no cômputo geral as suas qualidades superavam em elevado superávit quaisquer negatividades. Era uma magnânima MULHER. Seu lema era: "Quem não vive para servir, não serve para viver".

Missão cumprida de filha, esposa, mãe de sete mulheres, professora, amiga, cidadã cívica.

"Otium cum dignitate".

 

Porto Velho, 04 de julho de 2011

O livro Professora Marise Castiel e Rondônia, Educação, Cultura e Política, que vos apresento, é um precioso acervo de memórias, as quais fazem a história cotidiana de quem viveu e vive o dia a dia de Porto Velho/Rondônia.

Em: 01 de Novembro de 2013

Abnael Machado de Lima

 


* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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