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Abnael Machado

Hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau no Rio Madeira - Final


Quanto as conseqüências as prejudiciais não são esclarecidas com a devida transparência.

Ao serem questionados sobre os danos que causaram ao meio ambiente, a resposta é de que serão no mínimo, visto que o nível do rio Madeira serão permanentemente mantido no da enchente, logo, as áreas inundadas permanecerão as atuais.
 
Basta essa ocorrência para ocasionar graves danos a fauna, as populações ribeirinhas, de imprevisíveis e irreparáveis conseqüências, pois estas têm seus equilíbrios biológicos e suas sobrevivências condicionadas aos ciclos periódicos das enchentes e vazantes do rio. Portanto, se esse permanecer no nível da enchente mantendo da mesma forma inundando os terrenos de suas margens, a flora ciliar (mata de várzea) que os reveste morrerá, assim como as seres vivos de sua fauna. As populações ribeirinhas habitantes das margens do Madeira há mais de trezentos anos mantendo-se das atividades da coleta, do extrativismo de produtos florestais, da caca de animais silvestres, da pesca, da agricultura periódica de várzeas serão compelidas a migrarem se prenderem continuam vivas. Mas mudaram-se para onde? Para exercerem quais novas atividades que lhes assegurassem a subsistência?
 
O rio Madeira no regime natural, no período da vazante decresce o seu volume decaindo o debito para 4.000 m³ de água por segundo e no da enchente se avoluma atingindo 40.000 m³ de água por segundo, respectivamente lançados no rio Amazonas, ocorrendo entre o menor e o maior débitos um crescimento de 10 vezes mais o volume de suas águas (4.000 x 10 = 40.000). Se com a construção das hidrelétricas o nível das águas será mantido no da enchente débito de 40.000 m³ por segundo, no período das chuvas esse volume atingirá 400.000m³ e a inundação de suas margens será 10 vezes maior que a atual, represando as águas dos seus afluentes alagando essas extensas áreas de sua respectivas bacias. Tomando por referencia a cidade de Porto Velho na qual atualmente a inundação no Máximo a avenida Rogério Weber, com a alteração do nível do rio atingira a rua Prudente Morais.
 
Portanto, a construção da avenida Beira Rio de ser substituída pela muralha beira rio de contenção das águas das futuras enchentes do rio Madeira.
 
O aumento do volume do débito do rio causará também um desequilíbrio ecológico nas margens do rio Amazonas e prejuízos a sua população ribeirinha.
 
Se após a construção das hidrelétricas o nível do rio não ultrapassar o da enchente, permanecerá como atualmente navegável sem obstáculos no trecho de sua foz, e a cachoeira de Santo Antonio. A programada via de transporte fluvial Madeira/Mamoré/Guaporé/ integrada a infra-estrutura de transporte intermodal da ligação oceânica Atlântico/ Pacifico (Brasil/Bolívia/Peru/Chile), não passara da intenção.
 
As usinas reduzirão a velocidade de corrente das águas do rio, aumentando a sedimentação do seu leito comprometendo a segurança das barragens.
 
Não haverá a propalada redução do custo da energia elétrica fornecida aos consumidores, porque esta já tem uma destinação estabelecida, os parques industriais das regiões Sudeste/Sul. Construídas as hidrelétricas do Madeira um linhão conduzira energia produzida para Araraquara/São Paulo, Rondônia será interligada a rede nacional, logo, o preço da tarifa do consumo de energia elétrica será o mesmo cobrado nos demais estados servidos pelo sistema nacional.
 
Os milhares de empregos criados durante a construção das usinas, em sua maioria será para mão-de-obra não qualificada, trabalhadores braçais. A especialização será importada.
  
Será que o pagamento de royalty ao município de Porto Velho ao estado de Rondônia compensará os prejuízos causados a natureza (solo, flora e fauna) e a tradicional população ribeirinha?
 
No dia 01 de marco em curso, assisti na Escola do Legislativo duas conferências coordenadas pelo jornalista Lúcio Albuquerque,  proferidas por dois especialistas dos mais altos níveis e competências em suas respectivas áreas de conhecimento e saber, o engenheiro Marrocos que discorreu sobre a produção de energia elétrica o crescente consumo, a poluição e o efeito estufa, as fontes alternativas, a construção das hidrelétricas de Santo Antonio, Jirau, Ribeirão no rio Madeira, Cachoeira da Esperança no rio Beni, suas conseqüências vantajosas econômicas e sociais, os danos causados ao meio ambiente e as populações ribeirinhas. O professor universitário Solano Lopes discorreu sobre os sítios arqueológicos sul-americanos, em especial os do espaço geográfico de Rondônia. Atestando a presença do homem na América a mais de doze mil anos, as imigrações, o povoamento do vale amazônico, o desenvolvimento de população agrícolas que utilizavam avançados recursos técnicos de engenharia tais como agricultura nos altiplanos em terrenos escalonados, a construção de canais de drenagem em planícies alagadiças canalizando as águas para lagos artificiais. Populações artesãs produtoras de artefatos de pedras, de argilas, de madeira, de couro, cestarias e ornamentais de penas, de sementes, e de ossos. Fabricação de armas e embarcações, conhecimentos e utilização de plantas medicinais, exercício de intercâmbio comercial (troca de produtos) e cultural ao longo dos rios amazônicos, povos do caribe alcançavam as planícies guaporeanas e benianas via rota fluvial Orenoco/Negro/Amazonas/Madeira/Mamoré/Guaporé/Beni. Esses povos co vários estágios culturais foram exterminados pelos europeus a partir do século XVI do segundo milênio, em favor da geração de fontes de rendas mercantilistas obtidas com a agressão ao meio ambiente, destruindo a flora e fauna, os meios de subsistência das populações nativas.
 
Conclui-se que os interesses de ordem de geração de riquezas imediatas, são os mesmo de hoje, se necessário, são removidos os considerados óbices tantos naturais como humano para o alcance do atendimento ao ditames econômicos do capitalismo dominante


Fonte: ABNAEL MACHADO DE LIMA
Prof. de História da Amazônia/Universidade Federal do Pará
Prof. de Geografia Regional/Universidade Federal de Rondônia
Membro do Instituto Histórico e Geográfico/RO
Membro da Academia de Letras de Rondônia

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