MATIAS MENDES O LITERATO MAIOR
DO ESTADO DE RONDÔNIA E DO BRASIL
MATIAS MENDES é guaporeano, nasceu no vale do Guaporé ecossistema privilegiado pela natureza, dotando – o de belíssimas paisagens, constituída a flora por uma complexa associação de florestas cerrados, campos e vegetação aquática, por uma rede potâmica formada por emaranhado cursos de pequenos e grandes rios com nascentes na chapada dos Parecis a oriente e nos contrafortes das Andes a ocidente, todos tributários diretos ou indiretos do rio Guaporé. Este escoa suas volumosas águas em alguns trechos por vários canais como os do arquipélago de São Simão, por longos estirões, sinuosos meandros, corredeiras sobre lajedos rochosos, tranqüilas baias, serenos lagos e taciturnos remansos de abissais profundidades habitados por desconhecidos e agressivos seres monstruosos prováveis remanescentes da fauna marítima de um mar existente no interior da América do Sul, cujo escoamento com o soerguimento dos Andes originou as planícies alagadiças do Chaco e do Pantanal Mato Grosso, do qual é parte integrante o vale do Guaporé.
A emersão de monstros das profundezas dos poções dos rios amazônicos não é caso raro como comprovam os relatos a seguir: conta o padre
José Francisco Pucci (
padre Chiquinho), “Estávamos no rio A Aripuanã, pouco abaixo do rio Paxiuba, o motor deu uma arrancada fruto de contínuos esforços do motorista, enquanto a canoa baixava de bubuia e com bastante velocidade. Incontinente emergiu quase no meio do rio um animal, cuja cabeça era do tamanho aproximado da de um bezerro. Dirigiu-se para o local onde o nosso motor tinha dado sinal de explosão; voltou em seguida para o lugar de antes, submergindo, os moradores do rio guariba confirmaram a existência de um mostro naquele poço. E de não ser a primeira vez que aparecia, é visto mais freqüentemente no verão sempre a noite. Não é cobra grande, mas sim um monstro diferente” (
trecho do relatório de viagem de desobriga -
Arquivo da Prelazia de Porto Velho). Em um poção no rio Madeira em frente aos galpões da Madeira-Mamoré, no qual se encontrava ancorado o casco do navio Rio Aripuanã servindo de cais, havia desde 1912, de ser morada de uma monstruosa cobra vista algumas vezes pelos tripulantes dos vapores ali estacionados. Creditando-se ao monstro, o desaparecimento de diversos indivíduos que à noite se aventuravam a pescar de cima do pontão, cujos cadáveres jamais foram encontrados, como aconteceu há pouco com um sírio, e na noite 30 para 31 de outubro com o foguista Francisco Miranda da guarnição do paquete “Belém”. (
notícia publicada no jornal Alto Madeira, em 1917). Meu saudoso amigo
Electo Azevedo, certo dia conversávamos, ele me dizia ter problema de insônia e para passar o tempo lia e relia meus livros. Porém não concordava comigo em escrever que a cobra grande é lenda. Vou te contar um caso por mim vivido, o qual prefiro ocultar para não ser taxado de potoqueiro. Eu era regatão no tio Tapajós em Santarém, havia próximo à foz desse rio, desaguando no rio Amazonas, um trecho que em determinado horário da tarde, não era trafegado e se algum inadvertidamente o fizesse, tinha sua embarcação destruída aparecendo seus destroços flutuando nas águas dos rios e seus ocupantes desaparecidos.
Certa tarde por descuido entrei no tal trecho, no horário de perigo navegando em direção a um povoado na margem do rio Amazonas. Um tripulante me advertiu que um mostro estava avançando em perseguição à lancha, ordenei que fosse imprimida máxima velocidade, me armei com um rifle 44, fui para o toldo do barco e vi com pavor a descomunal cabeça da cobra, a uns dois metros acima da superfície, o seu corpo era como se fosse a proa de um navio rompendo as águas formando ondas de cada lado. Calculei uma distância apropriada e comecei a atirar, tinha a certeza de estar acertando o alvo, porém perigosamente o mostro se aproxima indiferente ao tiroteiro. Para nossa sorte, ela desistiu da perseguição, submergindo. Pedi aos meus empregados que nada comentassem sobre o ocorrido. Ao aportar no povoado os seus moradores admirados, perguntavam como havia feito a atravessia naquele horário sem nada haver me sucedido, pois alguns que tentaram fazer , não sobreviveram para contar a história. Então contei-lhe que no início da década de 1940, tinha de sete para oito anos, estava em Santarém morando no bairro da Aldeia. Certa manhã mais ou menos às dez horas houve uma correria na direção da margem do rio, o povo se aglomerando nas calçadas e na praia, o motivo do alvoroço era um espetáculo inusitado, uma gigantesca cobra se deslocava no meio do rio Tapajós, sua enorme cabeça a uma altura de uns dois metros sobre as águas, as partes visíveis do corpo de cor negra eram mais grossas que o diâmetro de um tambor de gasolina nadava contra a correnteza, formando ondas em seu redor. Todos comentavam é a cobra grande do laguinho. Esta era imenso espelho d’água turvas de grande profundidade separado do rio por uma restinga de areias brancas. A superfície do laguinho algumas vezes se agitava com elevadas ondas, independente de estar ventando, eram certamente provocadas por movimentos de algum gigantesco animal em suas águas profundas. Nele ninguém se atrevia navegar e muito menos nadar.
Conclui-se que são reais e não lendas os monstros do rio Guaporé. Este se desloca entre planícies, platôs e elevados planaltos dando impressão de serem elevadas serras. São esses acidentes resíduos de geleiras da última era glacial. No seu leito predominam terrenos arenosos, nos quais rolam as conchas de ostras e de outros moluscos a muito tempo desaparecidos.
A fauna é rica, diversificada de espécies de animais terrestres, aquáticos, anfíbios e variadissimas aves habitantes das florestas, campos, cerrados, rios, lagos e lagoas.
Os primitivos habitantes da Guaporelândia, os indígenas, aí chegaram em diversas épocas em sucessivas emigrações vindos dos Andes os Mojos suboquereono, os cajubaba entre outros, resistindo ao domínio dos Incas. Os Guarayo vindos do Paraguai, os Palmeia oriundos do Caribe e os Tupinambás do litoral do Brasil, estes dois últimos deixaram ricos sítios arqueológicos em Leomil/Pámela e Pedras Negras respectivamente. Estes e outros contingentes indígenas buscavam a liberdade e preservação de suas culturas. Da mesma forma procediam os escravos africanos e seus descendentes, fugindo dos seus senhores dos garimpos e das lavouras de Minas Gerais, alcançaram o vale do Guaporé aí se estabelecendo, muito antes dos bandeirantes lusos paulista, gozando da almejada liberdade e se auto determinando. Advindo dessas circunstâncias ser o guaporeano cortês, altivo, audaz, cioso do respeito aos direitos, não admitindo injustiças e imposições.
Neste cenário de exuberante beleza e insólitos mistérios, nasceu e viveu até a adolescência Matias Mendes, o interiorizando em si, levando-o em suas andanças por longícuas plagas, exteriorizando-o em romances, crônicas, ensaios e poesias. Agora em seu livro “Lendas do Guaporé” desnuda a Guaporelândia, revela os seus segredos e desafia os cientistas a desvendarem os mistérios ocultos nas profundidades dos remansos do rio Guaporé e os exporem ao mundo a descoberta dos seus monstruosos habitantes seres até então desconhecidos pela ciência.
O seu acervo de poesias publicadas, o colocaram entre os cento e setenta e oito maiores poetas do Brasil, relacionadas na “Im Antologia Brazilia Esperança Parnaso”. É portanto “Poeta Maior”.
O seu livro”Lendas do Guaporé” foi classificado entre as melhores obras literárias editadas no ano de 2007.
As duas distinções de destaques nacional enaltecem o Estado de Rondônia, e se constituem em honroso mérito para a Academia de Letras, a qual o tem como um dos mais ilustres de seus membros.
Meus cumprimentos e mais efusivos louvores ao último romântico e audaz cavaleiro andante guaporeano, arauto do saber e da poesia, sendo daqueles “que por obras valerosas se vão da Lei da Morte Libertando”.
Fonte: Abnael Machado
Sábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)