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Abnael Machado

Revolução de 1924 em Porto Velho



A revolução de 1924 é a continuidade da revolta de 1922, gerada pela conspiração de 1920. (Tenentismo).

A rebelião contra o governo federal presidido por Dr. Artur da Silva Bernardes (Presidente) e Dr. Estácio de Albuquerque Coimbra (Vice-Presidente), eleitos com mandatos de 1922 a 1924, eclodiu em São Paulo no dia 05 de julho de 1924, chefiada pelo general Isodoro Dias Lopes. O governo federal energicamente reagiu, decretou o estado de sítio para São Paulo, Amazonas, Pará, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, nos quais havia batalhões do exército, da marinha e das policias estaduais rebelados apoiados pelas respectivas populações. Justificavam a sublevação como instrumento saneador das anomalias politicas e administrativas de extinção do coronelicio dos  senhores de currais eleitorais, financiadores dos pleitos eletivos e avalistas do espúrio acordo entre São Paulo e  Minas Gerais (café e leite) estabelecendo os mandatos dos Presidentes da República, um período para cada um desses estados.

O objetivo era o alcance da instituição de regime democrático pleno com a prevalência do respeito aos direitos constitucionais e a vontade soberana do povo.

Para auxiliar as forças legalistas o governo criou os batalhões patrióticos paramilitares, a fim de combater os revoltosos. Estes, no dia 27 de julho de 1924, retiram-se da cidade de São Paulo internando-se pelo interior do país em atitude hostil.

A Revolução em Manaus/AM (23/07/1924).

Em Manaus os revolucionários vitoriosos liderados pelo 1º tenente, Alfredo Augusto Ribeiro Júnior, tomaram o governo do Estado, destituindo o governador Rego Monteiro, assumindo o cargo o chefe da revolução, o qual destituiu todos os superintendentes municipais (prefeitos), dissolveu os Conselhos Municipais (Câmaras) e a Assembleia Constituinte, extinguiu a Constituição do Estado.

Foi designado o capitão reformado do exército, chefe do 27º Distrito Telegráfico sediado em Santo Antônio do Rio Madeira, Luiz Marinho de Araújo com delegação especial do Interventor, para instalar o governo revolucionário em Porto Velho.

A Revolução em Porto Velho.

O Dr. Joaquim Augusto Tanajura Superintendente do Município de Porto Velho e Deputado Estadual membro da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, encontrava-se ausente de Porto Velho, em Manaus na ocasião em que irrompeu a revolta.

O Presidente do Conselho Municipal, Artur Napoleão Lebre, exercia interinamente a superintendência, quando no dia 4 de agosto de 1924, desembarca do navio Madeira-Mamoré, vindo de Manaus o capitão reformado, Luiz Marinho de Araújo, supramencionado, convocou uma reunião com a participação das autoridades, dos empresários, dos comerciantes e do povo em geral, cientificando-os de suas atribuições, sobre as razões e os objetivos da Revolução.

Considerando que a administração municipal encontrava-se acéfala, com amparo nos poderes lhes outorgados e com aprovação desta assembleia, assim deliberou: nomeio o cidadão engenheiro Cincinato Correia Rodrigues, Delegado do Movimento Revolucionário, administrador do município de Porto Velho, o qual declaro empossado. Designo o capitão Theofilo Araújo, a comunicar ao senhor Artur Napoleão Lebre, a sua destituição. Cumprida a missão lhe atribuída, seguiu para Santo Antônio sede do 27º Distrito Telegráfico, do qual era chefe.

Enquanto acontecem essas ocorrências em Porto Velho, Manaus é ocupada pelas forças legalistas, o Presidente da República nomeou o coronel do exército Raimundo Barbosa, governador militar do Estado do Amazonas. Restabelecendo-se a legalidade constitucional. Joaquim Augusto Tanajura e Artur Napoleão Lebre, foram reintegrado nos seus respectivos cargos eletivos, em 30 de setembro de 1924, concluindo seus mandatos em 31 de dezembro de 1925.

Um episódio político da centenária história da nossa jovem Porto velho.

No ensejo, pegando carona com esse, rememoro um recente acontecimento, para registro nos anais de nossa história, por seus lanches semelhantes com os de 1924, transcorridos quarenta anos.

A Revolução de 1964 em Porto Velho

Era governador do então Território Federal de Rondônia, o coronel do exército Abelardo Alvarenga Mafra, o qual no dia 6 de abril, foi convocado pelo governo da revolução a se apresentar a esse, no Rio de Janeiro, sendo demitido do cargo e preso sem justificativa.

O Dr. Eudes Camponizzi, Secretário Geral, cargo equivalente o do Vice-Governador, tendo assumido o governo, assim permaneceu.

No dia 22 de abril de 1964, chega a Porto Velho, vindo de Manaus, o capitão do exército Anachreonte Coury Gomes, se autodenominando agente da Revolução. Precionou o governador em exercício a se declarar impedido de permanecer no cargo, em consequência de se encontrar doente, exigido imediato tratamento fora do Território, assim sendo lhe repassar o cargo, o que ocorreu, o assumiu intitulando-se interventor, ocupando o palácio às 21 horas do dia 23 de abril.

No dia 24 de abril em nota oficial publicada no Alto Madeira, divulgava a formação do seu gabinete constituído por partidários do PTB partido do Presidente deposto. Enquanto os destituídos dos cargos ocupados, inclusive os de prefeitos, na maioria eram filiados ao PSP, partido apoiante do governo da revolução. Deste modo, a revolução chegou em Porto Velho, na contra mão.

Individuo arrogante, violento, executou prisões arbitrarias de diversos cidadãos e cometeu desvairados desmandos. Seus atos eram totalmente irregulares, visto que o governador do Território, Tenente Coronel José Manuel Lutz da Cunha e Menezes, encontrar-se nomeado deste 24 de abril de 1964.

O capitão era temido, durante o dia era uma fera, tal qual um leão.

E a noite tornava-se um dócil veado, divertindo-se com os guapos garotões.

Quando retornou à Manaus, foi flagrado em ato libidinoso de pederastia, sendo expulso do exército.

        

Abnael Machado de Lima

Membro da Academia de Letras de Rondônia

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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