Terça-feira, 19 de junho de 2012 - 15h09
O jornalista e historiador EMANUEL PONTES PINTO, membro fundador da Academia de Letras de Rondônia, nos brinda com a sua magnífica obra “URUCUMACUÔ: mitos, lendas, tradições e historia”, publicado no mês de junho do ano em curso. Era seu propósito realizar o seu lançamento no evento comemorativo dos vinte e seis anos de fundação da Academia de Letras de Rondônia, porem em face seu debilitado estado de saúde, ainda em convalescência, os seus médicos não o permitiram a fazer longa viagem. Mas garantiu-me o fará em Porto Velho, tão logo os médicos o libere a viajar. Também de que será alvo de criticas e censuras provindas dos conservadores por ter inovado rompendo com os grilhões das regras e padrões impostas aos escritores, escrevendo um livro em estilo próprio, uma simbiose de história, mito, lenda e tradições.
O Emanuel reacende as discussões e as pesquisas sobre a misteriosa Urucumacuã, põe lenha da fogueira como faz o jornalista meu amigo “ Zé Catraca”.
No início da década de 1980, do século XX, a agremiação carnavalesca “ Diplomatas do Samba” teve como tema Urucumacuã, e um samba enredo magistralmente composto, obtendo a Escola sem contestação o primeiro lugar.
O Esron Mezes provavelmente inconformado, publicou um artigo no qual deplorava os Diplomatas terem contribuído para a divulgação de uma mentira, pois Urucumacuã, jamais existiu, não sendo mais do que uma visão do Rondon, em seus delírios de febres palústricas.
Como colaborador da Diplomatas, logo em seguida publiquei um artigo, no mesmo jornal “Tribuna” reportando-me que os carnavalescos unindo o divertimento ao utilitário prestaram uma ação educativa e cultural à comunidade, dando-lhe a conhecer a um fato de nossa história, embora nebuloso, instigando-a a o pesquisar liberando-o do invólucro mitológico e lendário, estabelecendo seu cunho de verdade. Que Urucumacuã não era um delírio de Rondon. As informações sobre sua existência ocorrem desde o século XVIII, constando que os pobres jesuítas da Missão de Santo Antônio da Cachoeiras, localizada na margem direita do Rio Madeira, exploravam as minas de Urucumacuã nas proximidades das nascentes dos rios Camararé, Jamari e Corumbiara; o primeiro governador da Capitania de Mato Grosso e Cuiabá Dom Antônio Rolim de Moura, organizou uma expedição em 1755 para descobri a famosa mina, a qual conforme indicações lhes repassadas, ficaria na Serra do Norte, nas cabeceiras dos citados rios; Dom Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, quarto governador da Capitania de Mato Grosso e Cuiabá, organizou com a mesma finalidade, duas expedições uma em 1776 e outra 1779. Os demais governantes da Capitania continuaram as pesquisas em busca dessa exuberante área aurífera e diamantina.
Edgar Roquetti Pinto em seu livro “Rondônia” faz referência a Urucumacuã, localizando-a nos vales dos rios Pimenta Bueno e Barão de Melgaço.
Em 1934 o General Cândido Mariano Rondon para garantir seu direito aos descobrimento da mina de Urucumacuã, registrou o “Manifesto do Descoberto”, nos cartórios dos municípios de Guajará Mirim e Mato Grosso (ex-Vila Bela da Santíssima Trindade).
O então Major Aluízio Pinheiro Ferreira Diretor da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e Inspetor de Fronteira, organizou patrocinada pelo Ministério da Agricultura, em 1941 uma expedição para encontrar a mina de Urucumacuã, que segundo Rondon ficava situada nas seguintes coordenadas geográficas: entre os meridianos de 60º e 61º a Oeste de Greenwich e os paralelos de 12º e 13º latitude Sul, nas circunvizinhanças de Vilhena abrangendo o Vale do Rio Apidiá e a nascente do Rio Corumbiara.
Coincidentemente, na tarde do dia desta publicação o Emanuel proferia no auditório da Biblioteca Estadual Dr. José Pontes Pinto, em Porto Velho, uma conferência sobre a expedição de 1941 e obviamente, Urucumacuã, a qual ratificava o exposto em meu artigo.
Quando em 1980 escrevi o livro “Pequeno Ensaio Sobre as Lendas e Folclores de Rondônia” fiquei diante de um dilema quanto classificar Urucumacuã, se como mito? Lenda? Ou história?
Concluindo que não era mito, visto ser este de origem grega (mythos), significando discursos, narrativa, boato, fábula e a apólogo. Originariamente significava uma narrativa fantasiosa da genealogia e dos feitos das divindades do politeísmo registrados nas teogonias.
Com reserva, inclui no rol de lendas, por ser a lenda vocábulo de origem latina significando legenda, isto é coisa que se deve ler. É uma narrativa baseada em fato verídico ou imaginário, conservado pela tradição.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, lenda é tradição popular narrada escrita ou oral, de caráter maravilhoso no qual os fatos históricos são deformados pela imaginação popular ou do poeta.
Urucumacuã pelo complexo conjunto de fatos históricos comprovados a seu respeito tem as condições de ser considerada cientificamente como História.
O nosso maior literato poeta, historiador e pesquisador Matias Mendes, informalmente sugere, que talvez a mina de diamantes do Rio Roosevelt seja a tão procurada Urucumacuã.
Aguardo o livro “Urucumacuã mitos, lendas, tradições e história” para optar sem qualquer dúvida sobre a condição literária do tema Urucumacuã, se é: Mito, Lenda ou História.
Meus cumprimentos acadêmico e amigo Emanuel por mais esta importante realização enriquecedora do cabedal histórico e cultural brasileiro, em especial o amazônico.
ABNAEL MACHADO DE LIMA
Membro fundador da Academia
de Letras de Rondônia
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