Sexta-feira, 12 de junho de 2015 - 08h53
Antônio de Almeida Sobrinho
A
Centro histórico de Aracati tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), no ano 2000.
Fonte: Museu Jaguaribano. Sobrado do Barão de Aracati, estilo neoclássica.
O município de Aracati é um pedaço do Brasil iluminado por um sol tropical durante os 12 meses do ano, e banhado por belas e pitorescas praias, dentre tantas tem destaque a de Canoa Quebrada, conhecida nacional e internacionalmente e considerada como a 5ª mais conhecida do mundo.
A cidade de Aracati foi fundada em 11 de abril de 1747 e teve seu centro histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), no ano 2000, como patrimônio nacional, tendo como filhos ilustres os seguintes personagens, em suas respectivas áreas de atuação: na categoria revolução -- o revolucionário Eduardo Angelim; no romance, o escritor Adolfo Caminha; na escravatura, o abolicionista Dragão do Mar; e no clero, o primeiro Bispo do Ceará, Dom Manoel do Rego Medeiros; e na música clássica, o pianista consagrado Jacques Klein.
De acordo com as estatísticas, o município de Aracati conta com 3.000 pontos comerciais e tem destaque na carcinicultura e como centro de ensino superior, quando se podem citar: o Campus de Ensino Superior do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará – UFCE; e a Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ
A cidade de Aracati ganhou recentemente um Aeroporto Internacional Dragão do Mar e, também, inaugurou um parque de produção de energia Eólica e um Shopping Pinheiro: O Bom Vizinho.
Aracati ganhou lugar de destaque em 2014 como a cidade mais importante da região e a que mais arrecadou e que mais contribui com o crescimento do PIB no estado do Ceará.
Símbolo da Praia de Canoa Quebrada, Aracati, Brasil,
desenhada nas falésias da praia do mesmo nome.
A praia de Canoa Quebrada deve ter realmente uma magia muito especial que faz com que que a conhece, sempre retorne, e isto ocorra através de uma atração natural que apaixonou e continua a apaixonar os turistas por este pedaço do Brasil: que durante muitos anos foi palco e parte integrante da saga dos pioneiros e desbravadores colonizadores franceses, portugueses e espanhóis que por aqui desembarcaram e, hoje, aos residente periódicos, numa verdadeira população flutuante, e a população fixa que por aqui habita e convive, no dia-a-dia com turistas dos quatro cantos do planeta.
Praia de Canoa Quebrada, Aracati, Brasil.
Como trabalho de rotina venho quase sempre me deparando com situações adversas e agradáveis que tenho muito me questionado: será que é prêmio ou destino? Realizar um trabalho no âmbito da aquicultura, no sentido de iniciar os primeiros trabalhos de carcinicultura do estado de Rondônia e ter que visitar os municípios do Vale do Jaguaribe, dentre tantos os municípios de Aracati (onde mora meu filho) e de Jaguaruana (meu torrão natal), acredito que não seja privilégio para muitos. Portanto, não me canso em afirmar: quando o profissional faz aquilo que gosta, tudo tem o ritmo e embalo de festa e o sabor de quero mais.
A história é rica e bizarra sobre a origem da Praia de Canoa Quebrada, em conformidade com historiadores locais, quando dão conta de que o Capitão Francisco Soares da Cunha, navegador recém-chegado de Portugal, como missão da Coroa do Rei de Portugal para fazer o mapeamento da área, uma espécie de diagnóstico da realidade, e ao chegar na Ponta Grossa, onde hoje é Icapuí, a embarcação quebrou, furou e começou entrar muita água e comprometeu a realização de um trabalho de suma importância para os objetivos da viagem.
Em conformidade com o texto original de historiadores, a verdadeira e pioneira versão da origem do nome Canoa Quebrada tem o seguinte texto:
[ ... vieram empurrando a embarcação, com objetivo de chegar a Aracati, com a informação que tinha um homem conhecido do lugar, o qual chamava-se Simão. Foram falar com ele e terminaram dando-lhe o barco. Simão trouxe alguns homens para destruir o barco, quando vieram, espantaram-se com o tamanho da embarcação e disseram: uma Canoa Quebrada. ... e aí ficou registrado o nome deste maravilhoso lugar].
De acordo com outra vertente histórica, durante o dia os gringos franceses que por aqui desembarcaram exerciam durante o dia atividades muito árduas e no período noturno se dedicavam à diversão. Desta dubiedade de atuações se justificam a existência de uma Lua e de uma Estrela, esculpidas nas falésias da Praia de Canoa Quebrada e se transformarem em símbolo histórico.
Por outro lado, falam, ainda, em outra versão de natureza religiosa: um marroquinho que fazia parte da equipe de filmagens para os documentários, de religião islâmica, com a seguinte justificativa:
[ ... sentindo remorsos pelas continuadas farras noturnas, desejava o perdão de Alá. Para se redimir da culpa, mandou esculpir nas falésias: a Lua e a Estrela, como ícones locais].
VERSÃO VERDADEIRA DA ORIGEM DA LUA E DA ESTRELA
Na versão do Portal canoabrasil.com, a verdadeira origem, surgimento e materialização do símbolo ‘Lua e Estrela’ esculpidas nas falésias da Praia de Canoa Quebrada tem a sua gênese, através da obra de Francisco Fernandes Pinto, o popular Chico Eliziário, nascido em 15 de março de 1916, mais tarde cognominado de Chico Tartaruga.
Chico Eliziário imortalizou uma arte
e os símbolos de Canoa Quebrad
Foto:Portal canoabrasil.com.
De acordo com esta revelação histórica, o artesão e escultor em casco de tartarugas e miniaturista, Chico Eliziário começou a confeccionar anéis, colares, pingentes e armações de óculos, utilizando-se de casco de tartarugas e chifres bovino – sendo estas matérias primas e subprodutos abundantes na região, tendo uma superpopulação de tartaruga marinha (Cheloniidae) e da indústria de charque com carne bovina para abastecer os demais centros consumidores regionais.
O artesão Chico Eliziário foi, na verdade, de acordo com nossa fonte, o primeiro a atualizar a Lua e a Estrela como representação gráfica para identificar a sua arte e, em decorrência da grande aceitação popular de sua produção artística, este passou a esculpir nas falésia da Praia de Canoa Quebrada a representação gráfica da Lua e da Estrela, com apoio de seu assistente Carlos Limaverde. Chico Eliziário faleceu em 19 de setembro de 1990.
Qual o cearense ou nordestino que ainda não ouviu falar no vento de Aracati?
Eu que nasci e fui criado na cidade de Jaguaruana-CE, vizinha a Aracati, cresci ouvindo o meu saudoso pai falar sobre o vento do Aracati, sempre nos horários determinados, entre 19h:00 a 21h:30 minutos, dando-nos a sensação de que as portas do céu eram abertas e rajadas de vetos eram liberadas para ventilar e refrescar os cearenses calorentos, queimados pelo causticante sol da labuta do dia-a-dia.
O popular vento de Aracati é conhecido mundialmente e pode muito bem ser considerado como um grande ventilador, catalizador e distribuidor de oxigênio para os municípios do Vale do Jaguaribe.
Para os cearenses mais fervorosos da religião católica o vento do Aracati pode ser considerado como um sopro de Deus, que dependendo da localização geográfica, cada município recebe num determinado horário, até na hora em que está passando a tradicional e imperdível novela das oito.
Por ser o último município da calha do Vale do Jaguaribe, em parceria com a cidade de Fortim, as águas do rio Jaguaribe deságuam no Oceano Atlântico, em território dos municípios de Aracati e de Fortim e este ato – uma espécie de desperdícios de água - inspirou o escritor cearense Demócrito Rocha a escrever o poema Rio Jaguaribe, cujos primeiros versos falam com muita preocupação e fazem um emocionado apelo ao poder público, na pessoa do presidente da República, em tom de desespero:
“O rio Jaguaribe é uma artéria aberta por onde escorre e se perde o sangue do Ceará
O mar não se tinge de vermelho por que o sangue do Ceará é azul.
Todo plasma,
Toda esta hemoglobina
Na sístole dos invernos
Vai perder-se no mar’.
Com este apelo feito pelo jornalista e escritor Demócrito Rocha ou em atendimento ou por coincidência, o sangue do Ceará foi estancado com a construção do Açude do Orós, no município do mesmo nome, que passou a armazenar a água que seria despejada diretamente no mar e deixava a população com sede e passou a distribui-la, racionalmente, e transformou o ‘maior rio seco do mundo’ em um rio perene e humanizado.
PENSAMENTO HISTÓRICO
Não será necessário se conhecer toda história de uma região para se falar da importância que esta representa para um povo. O poder de amálgama e de magnificação do mercúrio prova com exatidão que não será necessário se utilizar grandes quantidades deste metal para se obter o mesmo resultado. O poder de amálgama de 1,0 g de mercúrio pode produzir o mesmo efeito e resultado de 1,0 kg.
Antônio de Almeida Sobrinho
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