Sábado, 9 de maio de 2015 - 10h48
Caracol-Gigante-Africano ((Achatina fulica, Perussac, 1821).
A proliferação do molusco em quase todos os municípios e cidades do estado de Rondônia — conhecido mundialmente com o nome de Caramujo-Gigante-Africano ou simplesmente Caramujo Africano (Achatina fulica, Perussac, 1821) — vem se transformando em um transtorno e motivo de preocupação por parte da população que desconhece os problemas e as consequências que este molusco pode acarretar para a saúde de suas famílias.
Por se tratar de uma preocupação de todos e um iminente problema que pode afetar, direta e indiretamente, à população que no dia-a-dia está exposta aos possíveis riscos quando passa a dividir espaço com o caracol-gigante-africano, fomos cobrados por leitores e amigos que questionaram por que esta Coluna ESPINHA NA GARGANTA ainda não se manifestara sobre este tema tão polêmico e grave, uma vez que está afeto a nossa área de formação profissional, intrinsecamente ligado à aquicultura, no que tange à ocupação territorial e aos recursos hídricos, habitat natural e artificial da criação de animais aquáticos, dentre estes os peixes.
Não sou de fugir de desafios, e se buscou informações técnicas, bibliográficas e de trabalhos científicos, resultado de pesquisas de campo, de investigações pessoais, entrevistas com autoridades sanitárias — governamentais e não governamentais — através de pesquisas bibliográficas da mídia eletrônica regional e nacional, através de professores universitários e de próprios colegas da engenharia de pesca e, daí se montou um pequeno banco de informações que serão suficientes para mostrar um perfil do problema para que o prezado leitor e o público em geral passem a ter as devidas precauções e que providencias devam ser tomadas para se combater o problema de frente e se evitar graves problemas de saúde para toda a família.
Então vamos nós: velejando numa nau sem vela, sem vento e sem documentos.
Caracol-Gigante-Africano
((Achatina fulica, Perussac, 1821)
se preparando para realizar a postura..
O nome caramujo é incorreto para este animal — quando se deve chamá-lo de caracol-gigante-africano, uma vez que caramujo é um molusco de água doce e este é um animal terrestre pulmonado, com o nome caracol-gigante-africano.
Este caracol-gigante-africano é um molusco da classe Gastropoda, com a concha de cor marrom, nativo do leste-nordeste da África, que foi introduzido no Brasil em 1988, como parte de um projeto de produção e comercialização de escargot, muito empregado na culinária em vários continentes.
Este molusco está presente em vários continentes, com ênfase para a África. Este caracol foi introduzido no Brasil ilegalmente, com início de 1980, no estado do Paraná, com grandes possibilidades de alimento substitutivo ao escargt (Helix aspersa), segundo nossa fonte. Em uma feira agropecuária fora comercializado indiscriminadamente para quem interessasse iniciar um pequeno cultivo.
Mediante a mesma fonte, a segunda introdução deste molusco no Brasil teria ocorrido através do Porto de Santos-SP, na cidade de Santos-SP, quando um servidor público, na década de 90, viabilizou a montagem de um heliciário na Praia Grande, onde promovia cursos rápidos de finais-de-semana.
Fontes não muito confiáveis afirmam que este molusco fora introduzido no estado de Rondônia através de empresários-pescadores da pesca amadorística, provenientes de estados do sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, a exemplo de São Paulo (SP), Santa Catarina (SC), Paraná (PR) e de Mato Grosso (MT) que praticam a pesca amadorística à linha e à molinete, de finais-de-semana, a convite de empresários e de políticos locais, que utilizam este Gastropoda como isca especial para ser utilizada nestas práticas esportivas e as sobras são abandonas às margens dos rios e pesqueiros, em toda a bacia hidrográfica de Rondônia.
Para ilustrar esta matéria buscou-se uma reportagem do Extra de Rondônia com um flagrante de uma postagem de ovos do espécime mencionado (caracol-gigante-africano), na cidade de Vilhena-RO, na Rua Duque de Caxias, centro comercial desta cidade, conforme imagem, a seguir.
Desova do caracol-gigante-africano, na
Rua Duque de Caxias, no centro comercial
de Vilhena-RO.
A ilustração mostra claramente o poder reprodutivo deste caracol — em franca proliferação no estado de em Rondônia, quando cada postura pode variar de 40 a 400 ovos, com até cinco posturas por ano. Neste sentido, se podem conclui que este molusco pode povoar e comprometer uma comunidade, um município e um Estado em poucos anos.
Por ser um animal hermafrodita, isto é, se reproduz sem ser preciso de cópula ou de acasalamento, quando um único indivíduo pode reproduzir outros dois mil filhotes, logo após atingir a sua maturidade sexual, sem necessitar do sexo oposto, corroborando com a difícil missão de erradicação deste molusco.
Este molusco pode pesar até 200 gramas e medir até 10 cm e 20 cm de altura. Sem predadores naturais, aliado à resistência e excelente capacidade reprodutiva, estes indicadores contribuíram para que a procriação deste animal se adaptasse com muita facilidade em 23 estado do Brasil, até ser proibida através uma legislação regulamentada pelo IBAMA.
Para ser ter idéia do potencial reprodutivo deste animal, em apenas um ano este caracol tem potencial reprodutivo para reproduzir até 300 vezes.
Este caracol pode ser transmissor de doenças abdominais e inclusive ser responsável pela transmissão da meningite, e, também, como vetor da dengue e febre amarela.
Quando este animal é abandonado e/ou quando morre e fica abandonado a sua concha se prestar para acumular água e se prestar como depósito compatível com as necessidades do mosquito Aedes Aegypti e, assim, indiretamente produzir o anófilo e, posteriormente, o mosquito e a propagação da dengue e da febre amarela.
Além de destruírem plantas nativas e cultivadas, alimentando-se vorazmente de qualquer tipo de vegetação, e competir com espécies nativas – inclusive alimentando-se de outros caramujos. Tais animais são hospedeiros de duas espécies de vermes capazes de provocar doenças sérias. Felizmente, não foram registrados casos em que essa doença, em nosso país, tenha sido transmitida pelo caracol- gigante-africano.
ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA E ECONÔMICA
Em conformidade com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) estas espécies de caramujos citadas anteriormente, da classe Gastropoda, são conhecidas como invasoras e representam uma ameaça à biodiversidade, em todo o planeta, perdendo apenas para o desmatamento, nos aspectos biológico e à saúde pública.
1. Helix aspersa, Muller, 1774 – Molusco apreciado na culinária européia com o nome de “escargot”, introduzido no Brasil no início do século XX;
2. Achatina fulica, Bowdich, 1822 – Molusco africano introduzido no Brasil com fins econômico e para ser utilizado na culinária regional.
RISCOS E AMEAÇAS À SAÚDE PÚBLICA
O caracol-gigante-africano se alimenta de plantas nativas e cultivadas e quando se hospedam em hortaliças são vorazes e são hospedeiros de duas espécies de vermes, responsáveis pela propagação de doenças sérias, tais como se podem citar:
· Angiostrongylus costaricensis: pesponsável por uma doença abdominal grave, que provoca perfuração intestinal, se assemelhando à apendicite;
· Angiostrongylus cantonensis: responsável pela angiostrongilose meningoencefálica, com sintomas variados, quase sempre fatal.
Venho aqui neste espaço parabenizar a equipe que faz o Programa da Rádio Parecis FM, tendo como Diretor Geral o Jornalista Ewerton Leoni, sob a coordenação e apresentação do meu prezado amigo e Jornalista Sérgio Melo, com a participação decisiva dos Dinos Sérgio Pires e Beni Andrade que nesta semana fizeram uma abordagem sobre este Tema: OS CARAMUJOS EM RONDÔNIA.
Parabéns pela brilhante matéria e uma preocupação chama outra.
Em homenagem ao Programa OS DINOSSAUROS evidenciados pelos seus membros DINOS, esta matéria foi elaborada e, agora, publicada para esclarecer a todos que estão preocupados com este problema
Um grande abraço.
PRECAUÇÕES QUE DEVEM SER TOMADAS:
· usar luvas ou sacolas ao manipular os caracóis;
· deixar as verduras ou hortaliças ao molho durante 15 minutos, em água potável na porção de 1 (uma) colher de água sanitária para 1,0 (um) litro de água;
· usar luvas ou sacolas plásticas ao manipular os caracóis;
· desinfeccionar itens alimentares;
· fazer a catação individual dos caracóis e de seus ovos;
· quebrar individual, um por um, suas conchas, antes de eliminá-los;
· aplicar o sal e a cal virgem sobre os caracóis quebrados;
· fazer a incineração do material triturado e, depois, enterrar em lugar seguro;
· fazer o devido enterro de todo material, acondicionados em dois sacos plásticos, em cova funda, distante de cisternas e do lençol freático para evitar contaminação.
PENSAMENTO PARA REFLEXÃO
De tanto conviver com o problema da proliferação do CARAMUJO no estado de Rondônia e ameaçar a saúde pública da população a Prefeitura Municipal de Porto Velho batizou uma Rua do Bairro Conceição de Rua Caramujo, em homenagem aos caracóis, com direito a CEP e Caixas Postais Ilimitadas e S.A.
Antônio de Almeida Sobrinho
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