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Antônio de Almeida

IMPORTAÇÃO DE CAMARÃO: UM TIRO NO PÉ E OUTRO NO PEITO


Gente de Opinião

                                    Camarão do Equador (Litopenaeus vannamei).

              Diversas entidades brasileiras ligadas à produção de camarão no Brasil, dentre elas a Associação Brasileira de Criadores de Camarão - ABCC, tendo como presidente o engenheiro de pesca Itamar Rocha, promete entrar na Justiça caso o Governo do Brasil publique no Diário Oficial da União a importação deste crustáceo.

            Se o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA insistir em autorizar a importação de camarão do Equador e publicar esta autorização os maiores penalizados serão: os carcinicultores do Brasil que além de não receberem subsídios do Governo terão que concorrer com produtos subsidiados e sobreviver, sem apoio governamental com o problema da Síndrome do Vírus da Mancha Branca (WSSV – White Spot Syndrome Virus) e a nossa biodiversidade  estará vulnerável a mais dez (10) doenças endêmicas, em níveis da presente mancha branca, neste camarão que deverá ser importado.

            O Equador — como o maior produtor de camarão da América do Sul —, detentor de tecnologia de ponta para conviver pacificamente com a WSSV  e outras dez (10) doenças endêmicas neste crustáceo naquele país,  com uma produção subsidiada pelo Governo, despertando a partir daí que os exportadores de camarão vislumbrassem o mercado do Brasil para vender parte de sua produção, com a justificativa de que o mercado do Brasil está desabastecido, com a redução da produção, em decorrência da crise da Síndrome do Vírus da Mancha Branca e com a alta dos preços deste produto para o consumidor final.

           
EUA: UM MODELO A SER SEGUIDO PELO BRASIL
 
Os EUA decidiram impor barreiras tarifárias sobre as importações de camarão equatoriano com a justificativa de suposta concorrência desleal do país-sul-americano, disse à AFP José Camposano, presidente da Câmara Nacional de Aquicultura – CNA,  uma vez que estes produtores de camarão recebem subsídios do Governo.
            Esta atitude patriótica deveria ser seguida pelo Governo do Presidente Michel Temer, a fim de defender os interesse da economia do país e proteger  os carcinicultores que produzem o camarão para atender a demanda do mercado interno e contribuem signitivamente para pagar seus impostos para o Governo.

                      O Ceará como o maior estado produtor de camarão do Brasil será o maior penalizado caso este triste episódio venha a se concretizar.

            Com o desmonte da máquina administrativa dos últimos anos, ocorridos com os setores da pesca e da aquicultura, este setor vem gradativamente se fragilizando, até se tornar tão vulnerável que até a presente data ninguém sabe em que estrutura organizacional do Governo estes se encontram — e em que estágios estão funcionando, comprovando o que muitos falam, aos quatro ventos: é um verdadeiro samba do crioulo doido, com falava e cantava o Sérgio Porto – “o Standislau Ponte Preta”, assim degradados:

·         Extinção da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca –SUDEPE, na gestão do então presidente José Sarney;

·         Criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, quando incorporou as atribuições da pesca e aquicultura para esta nova instituição, na gestão do então presidente José Sarney.

·         Criação da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca – SEAP/PR, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com status de Ministério, assumindo as atribuições dos setores da pesca e da aquicultura;   

·         Criação do Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva;

·         Extinção do Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff;

·         Criação da Secretaria de Aquicultura e Pesca – SAP e passa a funcionar dentro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, na gestão da então presidente Dilma Rousseff, retornando ao local de origem, desde os idos de 1987, onde funcionou a então SUDEPE;

·         Agora, a gestão do presidente Michel Temer retira a Secretaria de Aquicultura e Pesca – SAP do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA e repassa as suas atribuições ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços – MICES, a fim de completar a salada de peixe com papelão.


IMPORTAÇÃO DO CAMARÃO

Caso o Governo do Brasil autorize a importação do camarão do Equador, os demais países da América do Sul, principalmente a Argentina, também, ganhará na justiça o direito à exportação de parte de sua produção de camarão produzido para ser comercializado no Brasil – e, não tenha dúvida, será muito difícil a revitalização da canicultura nacional - que vem sofrendo nos últimos anos com a instabilidade política e institucional do Governo, por  ausência de incentivos governamentais, culminando com a crise fulminante com a  Síndrome do Vírus da Mancha Branca (WSSV) que dizimou em 70% a produção de camarão do estado do Ceará, considerado o maior pólo produtor do Brasil e responsável por 65% da produção de camarão, em nível nacional.

 

AÇÃO NA JUSTIÇÃO CONTRA O GOVERNO A FIM DE PROIBIR A IMPORTAÇÃO  DO CAMARÃO.

Acabo de ser informado, em primeira mão, de que a Associação dos Criadores de Camarão do Brasil – ACCB, na pessoa de seu presidente, engenheiro de pesca Itamar Rocha, estará contratando neste momento o Escritório Tostes & Associados para ingressar  na  justiça contra o MAPA, a fim de reverter a liberação da importação de camarão do Equador.

Com a liberação da importação de camarão para o Brasil, o Governo estará dando um tiro no pé e outro no peito, ao mesmo tempo.

Por que o Governo do Brasil não deveria autorizar a importação de camarão?

UM TIRO NO PÉ:

O Governo autoriza a falência da carcinicultura nacional, uma vez que o Equador é o maior produtor de camarão da América do Sul -  que apesar deste país ter sido, também,  vítima da Síndrome do Vírus da Mancha deu a volta por cima e se capacitou para conviver pacificamente com este problema – e sem falar que parte da produção equatoriana é subsidiada pelo Governo e este produto deverá chegar ao Brasil por um preço bem inferior e, assim, inviabiliza a nossa produção.

UM TIRO NO PEITO:

Com a importação do camarão proveniente do Equador, o Governo do Brasil estará decretando a falência da carcinicultura nacional e todos os carcinicultures, sem exceção estarão saindo,  automaticamente do mercado, tendo os municípios mais afetados os do Vale do Jaguaribe —  Aracati e de Jaguaruana — como os maiores pólos produtores de camarão do estado do Ceará, quando serão mortos com um tiro no peito, sem direito à vela e sepultados como indigentes e sem ter direto à missa de sétimo dia.

PENSAMENTO DO MÊS

Se o Governo do presidente Michel Temer estiver mesmo ao lado do povo brasileiro não deve permitir a importação de camarão do Equador, por razões muito óbvias: assinar a importação do camarão do Equador é o mesmo que decretar a falência da carcinicultura do Brasil e isto tem um nome muito especial – DESSERVIÇO PRESTADO AO POVO DO BRASIL.  

 

Antônio de Almeida Sobrinho é Engenheiro de Pesca, com Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Membro da Academia de Letras de Jaguaruana – ALJ  e escreve semanalmente nos seguintes Portais de Notícias:

Atualmente Antônio de Almeida Sobrinho atua no estado do Ceará, precisamente na Região do Vale do Jaguaribe, nos municípios de Aracati e Jaguaruana, com vistas à revitalização dos Projetos de Carcinicultura da região, através de Biotecnologia direcionada à Limnologia e as peculiaridades da aquicultura nacional, com à implementação de Unidade de Observação (U.O) e Unidade Demonstrativa (U.D), com vistas à convivência pacífica da criação de camarão com a Síndrome do Vívus da Mancha Branca, em parceria com a Kayros Ambiental e Agrícola, com apoio científico da USP e ESALQ.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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