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Antônio de Almeida

O vilão da piscicultura: Parasita ataca Rondônia


 O vilão da piscicultura: Parasita ataca Rondônia - Gente de Opinião

ACANTOCÉFALO, O VILÃO DA PISCICULTURA:

PARASITA ATACA RONDÔNIA

Pertencente à classe dos  nematelmintes, a espécime dos acantacéfalos (ákantha = espinho + kephalé = cabeça) parasitas “com a extremidade anterior do corpo provida de espinhos ou ganchos”.

               Não seria preciso ser nenhum vidente, necessariamente, e, nem tampouco, um mago das adivinhações para prever que ‘a atividade da aquicultura no estado de Rondônia corre sérios riscos e ameaças’, a curto e médio prazos, com grandes possibilidades e com índice de probabilidade considerável para sofrer ataques parasitários e, consequentemente, ocorrer um “boom” indesejável, por os mais diversos agentes, dentre estes, parasitas, fungos, vírus e bactérias, capazes de comprometer sobremaneira uma das mais importantes atividades econômicas do Estado, tendo como consequência o descaso com à sanidade animal que ameaça comprometer a produção de pescado no Estado.

               Como o estado de Rondônia tem uma verdadeira inclinação para a piscicultura, com um potencial de recursos hídricos que formam uma verdadeira malha de rios e igarapés, perfeitamente ajustáveis à produção de pescado — peixe, camarão e rã —, as demandas por tecnologia, em todos os níveis da cadeia produtiva da aquicultura aumentaram, proporcionalmente, e estas necessidades não vem sendo atendidas por parte do poder público, em especial o Governo de Rondônia, que vem insistentemente incentivando o desenvolvimento da piscicultura e as prioridades nas áreas de recursos humanos, financeiros e materiais não tem sido correspondidas de acordo com as reais necessidades.

               A atenção mundial por parte de pesquisadores e cientistas de todo o mundo se voltam diante do atual quadro da presença de zoonoses parasitárias, transmitidas através do consumo de pescado de água salgada e doce, e se tornarem um problema de saúde pública da população que pode ser infectado com o consumo de pescado cru, como “sushi” e “sashimi”, reflexo da cozinha oriental, presente em nossos dias.

               A presença de parasitas zoonóticos nos peixes cultivados no Brasil, é uma realidade que não gostaríamos em explicitar neste material, mas não se pode tentar tapar o sol com uma peneira e a única alternativa é mostrar a nossa realidade, nua e crua, para que as autoridades competentes tomem as devidas providências para equacionar o problema e no estado de Rondônia não poderia ser diferente.

               O senhor Manuel Paulo de Almeida, piscicultor do estado do Amazonas, nos pergunta através de WhatsApp:

1.     Quais são as principais doenças que podem surgir na piscicultura e quais são as recomendações técnicas para erradicar o problema?

RESPOSTA

Em atendimento a sua pergunta, Senhor Manuel, temos a comentar:            — com a exceção da fagicolose, doença presente e que afeta o ser humano e causa distúrbios diversos, dentre estes se podem citar as cólicas, a diarreia, a flatulência e o emagrecimento. As zoonoses que oferecem risco à saúde humana, transmitidas por consumo de pescado cru, pode-se citar: anisaquíase, a eustrongilidíase, amcapilaríase, a fagicolose, clonorquíase e adifilobotríase, dentre outras, estas não estão presentes no dia a dia do brasileiro, acreditando-se que isto ocorra por ausência de pesquisas e de diagnósticos, no atual momento.

               De acordo com pesquisas realizadas para atender a pergunta de nosso prezado leitor, piscicultor Manuel, temos a acrescentar que as espécies de peixes da ictiofauna da Bacia Amazônica estão vulneráveis as seguintes doenças:

i)              Saprolegniose(micoses dérmicas): quase sempre causada por fungos Saprolegnia, Achlya, Aphanomycese Dictyuchus,conhecidos na terminologia científica da região como “mofos aquáticos”. Todos os exemplares quando são portadores da “micose dérmica”, independente de espécies, idade e tamanhos apresentam alterações significativas no comportamento natatório, atípico de suas respectivas naturezas. Quando em estado avançado, o animal apresenta o corpo com uma coloração branca (algodão) e, posteriormente, com a sujidade, uma coloração marrom.

ii)             Branquimicose(Branchiomycessp.,) esta doença é conhecida como “necrose das guerras” conhecidas com o nome de “gill rot” e quase sempre associada à baixa qualidade da água e ao pH ácido do ambiente aquático, onde o peixe é cultivado.

iii)           Ictiofiríase ocasionada pelo agente Ichthyophonus hoferiem ambientes com baixas temperaturas.

iv)           Fungossendo os principais que se manifestam na piscicultura: Rhizopus sp., Dermocystidium sp., Exophiala sp., Hyphomycete e outros.

               De acordo com a fonte pesquisada, o  que mais pode causar doenças aos peixes confinados é o manejo inadequado e consequente retirada de escamas, acarretando contaminação bacteriológica ao animal, corroborando com a máxima que afirma: “um dos maiores motivos pela susceptividade dos peixes e se tornarem vulneráveis a ataques com estes  fungos explicitados é a retirada de parte do muco protetor dos peixes.”

               Após realizado o Diagnóstico da Saúde Sanitária da piscicultura no estado de Rondônia o Governo do Estado terá uma missão muito especial:

1.     Dotar os Serviços de ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural, sob a responsabilidade da EMATER-RO, de recursos humanos, financeiros e materiais para prestar uma assistência técnica de qualidade para atender, a contento, as demandas da piscicultura do Estado;

2.     Promover a realização de Concurso Público para Provimento de Cargos para contratação de profissionais com Graduação em Engenharia de Pesca, egressos da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, disponíveis no mercado e sem perspectivas de trabalho, até o presente;

3.     Estruturar o Setor Pesqueiro e Aquícola de Rondônia dotando os pontos estratégicos do Organograma Administrativo do Estado de Rondônia, com profissionais com formação específica para implementar as ações preconizadas e necessárias para o desenvolvimento do setor produtivo pesqueiro;

               Por que a administração do governador Confúcio Moura não tem atendido as demandas das necessidades da aquicultura no estado de Rondônia?

               Resposta: Esta pergunta poderia ser feita diretamente ao próprio governador Confúcio Moura e, com certeza, que ele iria responder, com todas as letras:

               - “porque eu sou muito preocupado e, ao mesmo tempo, muito teimoso, e estou sempre ouvindo os conselhos de pessoas erradas e sem formação para tal”.

               Se o governador não responder com estas palavras, eu que vou afirmar: é porque realmente ele é muito teimoso. Desculpe-nos, Sua Excelência.

               Poderia, com certeza, responder o governador Confúcio Moura e justificar tanta teimosia.

               Para se responder esta pergunta formulada, se pode responder com uma outra pergunta ao próprio governador Confúcio Moura:

               Se Vossa Excelência não fosse um profissional da área de medicina (médico) e não conhecesse de perto as necessidades da Saúde de Rondônia e um conhecedor no campo da medicina curativa e preventiva o Estado teria atingido ao atual estágio de desenvolvimento que hoje alcançou, com um grau de satisfação por qualidade dos serviços prestados à população e a avaliação realizada por parte da população, com os níveis e os números de pacientes atendidos, nas mais diversas áreas de atuação e com atendimento para a população?

               Resposta: Claro que a resposta seria NÃO.

               Quando a qualidade do atendimento na área da saúde pública tem um atendimento 5 estrelas, a recíproca passa a ser verdadeira com a melhoria da qualidade do atendimento para a população.

               A saúde da população tem uma melhoria significativa e todos atingem seus objetivos:

               # O poder público cumpre o seu papel, como gestor e responsável pela boa aplicação dos recursos públicos;

               # A população recebe os benefícios, a contento, e suas necessidades serão atendidas.

                 Levando-se em consideração o crescimento abrupto da produção de pescado do estado de Rondônia, passando de 12 mil toneladas de pescado, na safra 2009/2010, para 100 mil toneladas, safra 2015/2016, de acordo com projeções de produção de pescado do Governo de Rondônia, os riscos aumentaram e se podem pontuar como fatores responsáveis, os seguintes pontos:

               # Ausências de diretrizes, no âmbito dos setores pesqueiro e aquícola suficientes para promover a gestão da pesca e da aquicultura, em consonância com as necessidades do Estado;

               # O Governo do Estado tem a obrigação moral em realizar a curto prazo um Diagnóstico Sanitário da Aquicultura no estado de Rondônia para se dimensionar o atual estágio da saúde sanitária do pescado, proveniente da piscicultura semi-intensiva e intensiva, em parceria com a UNIR e IDARON;

               # O Governo tem a obrigação em fortalecer a cadeia produtiva do pescado no Estado, considerando a deficiência de gestão pública e carência de recursos humanos, financeiros e materiais, no âmbito da pesca e aquicultura, suficientes para tornar a aquicultura de Rondônia uma atividade economicamente rentável, ambientalmente equilibrada, ecologicamente sustentável  e sanitariamente saudável;

               #  Como prevenção à saúde pública, recomenda-se abstinência do consumo de pescado cru ou mal cozido;

               #  Que o Governo de Rondônia viabilize Campanhas Educativas, no âmbito da pesca e aquicultura, envolvendo produtores rurais e piscicultores, nas áreas de meio ambiente e alimentação, através dos órgãos como EMETER-RO, SEDAM-RO, SEAGRI-RO e IDARON, e que sejam recomendados a utilização produtos com eficiência sanitária comprovada, capazes de promoverem a melhoria da qualidade da água e a redução de patógenos responsáveis pela contaminação e doenças provenientes de fungos, vírus, parasitos e bactérias patogênicas, no meio aquático;

               # Viabilizar a implementação de projetos e estudos,  em áreas afins de sanidade animal, no âmbito da aquicultura, incluindo diagnóstico, inspeção sanitária,  com vistas à profilaxia e tratamentos curativos, como métodos seguros e eficazes, com o embargo da importação de alevinos, sem inspeção sanitária, procedentes de outros estados e de centros produtores de alevinos.

Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca (UFC-CE); Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado (Lato sensu) pela  (FAO/UFRPE e MAPA); Pós-Graduação (Lato sensu) em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira pela (UNIR/CREARO) e tem Pós-Graduação (Stricto sensu), em nível de Mestrado, em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela (UNIR).

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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