Terça-feira, 20 de agosto de 2013 - 17h27
█ Prezado leitor, você conhece a históriaverdadeira e a existência da lenda do Samurai? Então, vamos fazer um pequeno resgate deste herói oriental. Nesta oportunidade, iremos reviver uma pequena história que escrevemos no início dos trabalhos de pesca e piscicultura, logo que fora instalado o estado de Rondônia, e que agora encontrei em meus alfarrábios, que conservo a sete chaves, e que agora vou tentar parafraseá-los a fim de ajustá-los a nossa realidade e ao atual momento — que tem tudo a ver com as dificuldades e com as batalhas de vida ou de morte que tivemos que travar e enfrentar para se conseguir fazer alguma coisa, no âmbito da pesca e da piscicultura, tornando-se, uma área um tanto quanto emblemática, bastante mística, repleta de histórias bizarras e com muitos contrastes: determinados seres humanos, sendo a maioria com boa índole e gente do bem, e, outros, com limitados escrúpulos e gente do mal.
█ Confesso com todas as minhas convicções e consciência racional que em determinadas oportunidades pensei em desistir e procurar um novo rumo de vida e construir ou escolher uma nova profissão, mas o compromisso assumido e o forte juramento que fiz, no momento de nossa formatura na Graduação em Engenharia de Pesca, nos falou mais alto — quando tivemos que remoer por bastante tempo um convívio indigesto em nome da ética e do profissionalismo, além das adversidades regionais, até me decidir e ter que pedir as contas e largar naquela oportunidade o serviço público, mesmo sabendo das consequências que teria que enfrentar, pois vinte e cinco anos (25) de trabalhos prestados, com um salário compensador e garantia de estabilidade, não é todo dia e todos que jogam fora.
█ Apesar dos pesares, ainda ter que conviver com personagens de caráter duvidoso e com determinadas pessoas que hoje posso considerá-las como de mal caráter e do lado do mal, e em determinadas oportunidades ter que escutar o que não se quer ouvir e, até se conformar com a leitura e interpretação de determinadas lendas — sendo aceitas durante muito tempo com justificativas supersticiosas utilizando-se o sangue frio que circula no músculo do PEIXE –de que animal de sangue frio, a exemplo do peixe, gera no dia-a-dia intrigas e futricas e causa naturalmente a desunião entre os membros que convivem no meio ou que atuam diretamente e indiretamente com este animal nas águas e nos rios da Amazônia.
█ Para se desenvolver a piscicultura no novo estado de Rondônia teremos que ter alguns pré-requisitos e posturas que se assemelham as qualidades exigidas para ser considerado e transformado em um forte-guerreiro e destemido Samurai.
█ Para tanto, teremos que ter carapaças de aço, forças morais, espirituais, espadas afiadas para se defender das garras e de traições dos inimigos próximos e se ter plena convicção intelectual — para agir como tal —, para daí, nos transformarmos e nos considerarmos um forte e destemido Samurai, que somente com o decorrer do tempo nos habilitaremos para desempenhar este difícil papel: com lealdade, amadurecimento intelectual e moral, competência e sabedoria para conciliar interesses tão conflitantes e se obter uma só resultante — o desenvolvimento e consolidação da piscicultura no estado de Rondônia – alvo do objetivo principal de nossa meta, não se esquecendo em ser portador das seguintes convicções:
█ Hoje, com o passar do tempo, após trinta e cinco anos (35) de dedicação profissional como Engenheiro de Pesca e Analista Ambiental na Amazônia brasileira e nos demais países vizinhos da Amazônia que já atuamos, tenho a convicção de que foi realmente necessário ser um pouco mais e irmos mais além de um simples Samurai para se chegar ao local onde nos encontramos:
█ Quando os primeiros colonos começaram a desenvolver suas primeiras atividades no então Território Federal do Guaporé, mais tarde, transformado em Território Federal de Rondônia, e, depois, no atual estado de Rondônia, o binômio perfeito agricultura e pecuária formou uma grande parceria e de lá para cá esta dupla tem feito muito sucesso e tem se tornado numa espécie de alavanca propulsora e a responsável direta pela fixação do homem à terra, contribuindo com a elevação do padrão socioeconômico do produtor rural e de sua família, se transformando como verdadeiras pilastras de sustentação e de crescimento do PIB – Produto Interno Bruto de Rondônia e, assim, consolidando, sobremaneira, a sustentabilidade social, ambiental e econômica da região.
█ No rastro do binômio agricultura e pecuária surgiram, naturalmente, as coleções de águas — formadas nos moldes de pequenas, médias e grandes barragem — construídas para atender as demandas da agricultura e da pecuária — e estas escavações cheias de água abundantes e de excelente procedência e qualidade, permaneceram por vários anos — sendo utilizadas com exclusividade para fornecer água para o rebanho bovino e para a exploração agrícola e para o consumo doméstico.
█ Enquanto a pesca extrativa praticada em nossos principais rios e tributários dispunha de um estoque pesqueiro considerável, aparentando uma grande fartura, porém, nunca ultrapassando a uma produção anual de pescado com um volume na época máxima anual de 5.000 toneladas/ano, somatório da produção de todas as capturas da bacia hidrográfica de Rondônia, uma vez que a captura máxima sustentável daquela ocasião, nos idos da colonização, revelava um estágio incipiente — os estoques pesqueiros, especialmente nas bacias do rio Guaporé e rio Mamoré respondiam satisfatoriamente àqueles níveis de esforço de pesca, o mesmo não se podendo se falar sobre o rio Madeira — que nunca fora rio piscoso e, sim, rico em variedades ictíicas.
█ Com o advento dos primeiros trabalhos de piscicultura desenvolvidos pela EMATER-RO, nos idos de 1984, culminando com a realização da primeira desova de tambaqui e em nível de produtor rural – realizada com a nossa assistência técnica — em laboratório particular e rústico, na propriedade do micro produtor rural e proprietário da então Madeireira Santa Maria Ltda., no município de Ariquemes, José Elvan de Freitas Braga, quando os alevinos que eclodiram e sobreviveram tendo em torno de 50% distribuídos, sem ônus, para o Estado e para os proprietários sem alevinos, e, assim, sendo, portanto, estes os primeiros povoamentos de peixes feitos e com registros no estado de Rondônia, provenientes de desova artificial.
█ Estes alevinos produzidos no laboratório particular de José Elvan de Freiras Braga e, posteriormente, doados para vários produtores rurais que dispunham de viveiros preparados e sem alevinos, em diversos municípios da BR-364, graças ao voluntariado e iniciativa do Engenheiro Agrônomo Haroldo dos Santos, (ex-Deputado Estadual), funcionário do Governo de Rondônia, residente no município de Ouro Preto do Oeste, que está aqui em Rondônia para testemunhar este resgate histórico, dos primórdios do surgimento da piscicultura no Novo Estado, nos idos de 1984 e, consequentemente, como os primeiros trabalhos de piscicultura na região.
█ Nada ocorre por acaso debaixo da linha do equador, como já falava o poeta, e com os colonos que vieram para Rondônia, atraídos por incentivos do Governo Federal, com as promessas de terras fartas, abundantes, doadas e/ou baratas, não foi diferente. Estes colonos que vieram para o Novo Eldorado, como ficou conhecido o estado de Rondônia, tinham experiências em piscicultura, em seus respectivos estados de origens, a exemplo do colono paranaense, do capixaba, do gaúcho, do catarinense, do paulista e de grande parte de nordestinos que não encontraram nenhuma dificuldade em desenvolver a atividade piscícola, pois estes necessitavam, apenas, dos meios necessários e de incentivos governamentais para desenvolverem esta atividade, em sistemas semi-intensivo e intensivo e, desta forma, se tornarem autossustentáveis e prósperos.
█ Quando da criação e instalação do Governo do estado de Rondônia, o primeiro Governador eleito pelo voto popular, Jerônimo Garcia de Santana, percebeu que o Estado não contava com a presença da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca – SUDEPE (depois extinta),e tentou, de imediato, oportunizar a criação e estruturação da Coordenadoria Regional da SUDEPE, uma vez que estes serviços eram prestados através de um simples convênio com a SEAG-RO e, depois, SEAGRI-RO, funcionando numa espécie de um faz de conta, sem a mínima estrutura para atender as necessidades básicas da pesca extrativa, do fomento da piscicultura e da preservação dos recursos pesqueiros, uma vez que somente existia a SEMARO – Secretaria de Estado do Meio Ambiente, hoje, SEDAM-RO, com uma estrutura precária e com uma atuação modesta e com pífios resultados.
█ Em junho de 1987 fomos convidado pelo então Deputado Estadual Manoel Messias da Silva (então Líder da bancada do PMDB, com 16 Deputados), e empossado no cargo de Coordenador Regional da SUDEPE no Estado de Rondônia, que atendendo a uma convocação do Governador Jerônimo Santana, sob a justificativa de que o Estado teria que fazer com que a SUDEPE se fizesse presente no dia-a-dia da população de todo o Estado e que teríamos que atuar para desenvolver nossas potencialidades aquícolas e faunísticas e, ao mesmo tempo, se fazer a preservação de nossos recursos pesqueiros, de forma educativa e até coercitiva, considerados erroneamente como uma fonte inesgotável de alimentação para as presentes e futuras gerações.
█ Logo após o ato de posse, voltamos para Rondônia e ao acordar no dia seguinte me lembrei de que a SUDEPE na dispunha de uma simples cadeira e tivemos que começar tudo do ponto de partida e correr contra o tempo para recuperar os 12 anos de convênios passados e sem quase nenhuma realização. Após 120 dias do início e de atuação à frente da SUDEPE nossa então equipe técnica preparou um balanço para o então Governador Jerônimo Santana, sob o título: “SUDEPE: 120 DIAS DE SUCESSO E DE REALIZAÇÕES” quando podemos mostrarque “o possível está feito e o impossível far-se-à, numa verdadeira alusão ao pensador Voltaire, o filósofo que sempre pregou e fez a diferença em suas ações e usou como ferramenta principal o poder e a força da palavra.
Prezados amigos e leitores, na próxima edição de ESPINHA NA GARGANTA daremos continuidade a este assunto e falaremos sobre a implantação da piscicultura no estado de Rondônia.
Tenham todos um bom dia.
Antônio de Almeida Sobrinho
Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, Pós-Graduação pela FAO em Tecnologia do Pescado, Pós-Graduação pela UNIR-RO em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira, Mestrado pela UNIR-RO em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e Conselheiro de Administração do SESCOOP/OCB-RO, período 2013/2017.
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