Porto Velho violenta. 'Quem te viu, quem te vê'

Antônio de Almeida Sobrinho

█ Quem mora em Porto Velho há muitos anos pode muito bem falar com conhecimento de causa e com certeza já vem repetindo, constantemente, aquele refrão do Chico Buarque: “Quem te viu, quem te vê. Quem não a conhece não pode mais ver pra crer. Quem jamais a esquece não pode reconhecer”.

█ A onda de violência na cidade de Porto Velho, nos últimos anos, chegou ao topo do limite máximo aceitável, chegando ao ponto do Secretário Adjunto de Segurança Pública do Estado de Rondônia, César Pizzano, ser assassinado, bem recente, por dois jovens delinquentes que costumavam desenvolver suas atividades de trapaças e de crimes, no convívio diário com a sociedade, sem motivos e pelo simples prazer de matar.

█ Não se constitue em nenhum exagero alguém afirmar que em Porto Velho, há muitos anos, tem uma grande deficiência do sistema de segurança pública, e que o estes serviços são realmente deficitários, fracos, sem eficiência e sem eficácia, e que não protege o cidadão, nem sua família, e que a população vive a mercê da sorte e da graça de Deus.

█ Em assim sendo, com a ausência do Estado no quesito Segurança Pública para proteger a sociedade, os princípios constitucional, tanto Estadual quanto Federal, são desvirtuados e não cumpridos, sendo até passíveis de ações indenizatórias por parte do cidadão que tem a sua integridade física e familiar desrespeitada, violentada e, naturalmente, que se constitui como a principal vitima em toda esta ciranda de descasos e de omissões do poder público, da classe política e da sociedade que produz os bandidos que geram o ambiente propício para fecundar a impunidade, palco apropriado e ideal para a eclosão da violência, da criminalidade, da bandidagem e do crime organizado.

█ A Secretaria de Segurança Pública do Estado de Rondônia vai ter que trabalhar em parcerias com a Polícia Militar e as Prefeituras municipais, e muito, e suar bastante a camisa para que, com um trabalho muito sério — como pretende o Governador Confúcio Moura, como já anunciou algumas vezes, o Estado tem que ser competente e as ações adotadas, ininterruptamente, terão que ser pró-ativas e incansáveis, para que possa fazer um resgate estratégico e histórico, em qualidade e com grandes e inteligentes estratégias de uma verdadeira ação de guerra para combater de frente e em todos os lados a onda de violência que tomou conta — não só da cidade de Porto Velho, mas, também, de muitas outras cidades do interior.

█ Não é de hoje que Porto Velho vem se transformado em uma das cidades mais violentas do País, num verdadeiro campo de guerra, palco de chacinas encomendadas e que fazem amedrontar toda a população Quem ainda não foi vítima de assalto, de furto, de roubo, de arrombamento em suas residências e em seus estabelecimentos comerciais ou mesmo andando nas próprias ruas da cidade, em Porto Velho?

█ Qual a família que é louca em ousar ficar em casa durante o dia ou à noite com as portas abertas e janelas escancaradas, como ficávamos, antigamente, em tempos que não voltarão jamais, e não trancar todos os seus cadeados e fechaduras?

█ As famílias ficam trancadas e com um verdadeiro pavor e amedrontadas atrás das grades, trancafiadas a sete chaves, e os bandidos ficam soltos e estão acostumados a fazerem firulas e peripécias possíveis e impossíveis.

█ Os bandidos estão treinados e capacitados a realizarem os mais diversos tipos de trapaças e a praticarem as mais possíveis variedades e modalidades de crimes e cada um deles tem o seu planejamento pessoal e às vezes coletivo, se constituindo no crime organizado, com recursos humanos, financeiros e materiais, enquanto o Estado continua desaparelhado e sem meios de combater de frente o problema.

█ Ninguém pode descrever os momentos de aflição, de impotência e de insatisfação que um cidadão de bem passa ao ter um revólver apontado para a sua cabeça, especialmente, por saber que esta máquina mortífera está sob o domínio e na mão nervosa de um bandido de alta periculosidade e que a qualquer momento, num simples movimento ou num piscar de olhos ele pode apertar o gatilho e aí se vai para o além toda uma trajetória de lutas e de esperanças de dias melhores para uma sociedade e para sua família, sem falar na família que ficaria enlutada e desamparada.

█ Estes momentos de angústia e de aflição que eu descrevi neste momento, eu tive o infortúnio de viver e de conviver, aqui em Porto Velho, bem recente, ao ser assaltado à luz do dia, com um 38 na cabeça, juntamente com o meu companheiro Engenheiro Agrônomo e Presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Rondônia, (AEARON-RO) Roberto Cláudio Santiago, bem aqui na Vila dos Sargentos do Exército, ao lado do Hospital das Clínicas, Bairro São Cristóvão. Eu vou torcer que ninguém passe por estas aflições, nunca na vida. Não deseje este momento para o seu maior inimigo. Inimigo merece é de oração e de piedade. São segundos negros que passam como uma eternidade de tortura, um misto de agonia e de morte. Não tem como definir. Deixa pra lá. Vamos virar esta página.

█ A nova onda agora é o bando do capacete, tendo com reflexo a enxurrada de motos que encheu toda cidade, que está aterrorizando os bairros das zonas sul e leste de Porto Velho. De acordo com a reportagem policial, o comércio da zona sul e leste está sendo vítima do bando do capacete que entra na casa comercial ou residencial, encapuzado, com o capacete utilizado para pilotar a moto, na cara de pau, leva dinheiro, mercadoria e pertences dos proprietários, clientes e dos presentes e saem como se nada tivesse acontecido.

█ Para que possamos compreender as relações entre modernidade e as alterações do tempo e espaço, torna-se necessário um profundo estudo e, neste sentido, deve-se conhecer as razões e os níveis sociais em que está vivendo esta comunidade e os níveis de insatisfações que está gerando esta gama de problemas que funcionam como uma válvula de uma panela de pressão: produzindo esta onda de violência que aterroriza toda a sociedade.

█ Quantos cidadãos de bem já foram assassinados em Porto Velho, em todos os níveis, incluindo, desde Senador da República, Secretário de Segurança Pública, religioso, militar, advogado, médico, engenheiro, cidadão comum, senhoras, adolescentes, em todas as demais classes sociais e de opções sexuais, vítimas da violência desenfreada, pela onda de assaltos, de furtos, de estupros e da bandidagem e pela certeza da impunidade que impera nestes rincões da Amazônia?

█ Quem não tiver medo de ver sangue e quiser conhecer a cara de alguns bandidos na tela da televisão é só assistir aos Programas Policiais do meio-dia, em Porto Velho, coincidentemente, no horário do meio dia, exatamente às 12h00min horas começa o blá-blá-blá e o bang-bang e as cenas de sangue e de terror na TV, no exato momento em que as famílias se reúnem à mesa para almoçar.

█ Ao ligar a TV, o prezado leitor e telespectador passará a ser, também, mais uma vítima da violência, agora, a televisiva, policial e sensacionalista, e alguns até irão gostar, mas a maioria da população irá ser bombardeada com um festival de sangue, roubos, furtos, assaltos, estupros, assassinatos, acidentes, mortes e prisões de todos os naipes, ao vivo e a cores, de todos os gostos, e quase todos os canais da telinha.

. █ É neste exato momento como telespectador que a população passará a conhecer o verdadeiro perfil de violência a que está mergulhada a cidade de Porto Velho e passará a ficar inteirada da realidade nua e crua da capital do estado de Rondônia: a ex-pacata e ex-comportada hospitaleira e querida cidade de Porto Velho.

█ A cidade de Porto Velho, devido a sua tranquilidade, com uma postura comportada e hospitaleira, ficou conhecida até bem recentemente como uma cidade da tranquilidade, uma cidade muita pacata, muito calma, um cidade sem violência e, hoje, mergulhada neste caos de intranquilidade, com um trânsito maluco e desordenado, sem nenhum planejamento e sem perspectivas de melhorias — e sem sinalização —com dezenas e centenas de acidentes violentos que continuam a ceifarem vidas preciosas e a fazerem tantas vítimas e a deixarem sequelas incicatrizantes, contabilizadas através de centenas de ocorrências policiais, de entradas e de atendimentos hospitalares, todos os dias.

█ Quem quiser investigar a veracidade desta descrição não será preciso ir muito longe. É necessária, apenas, fazer uma rápida regressão no tempo e verificar que os tempos passaram; que a cidade se modificou; que a população aumentou; que os costumes mudaram; que os habitantes se multiplicaram; que o número de veículos aumentou, abruptamente, e que as ruas estão cheias de transeuntes e por estas e outras se pode recitar ou cantar os versos do Chico Buarque: “Quem te viu, quem te vê. Quem não a conhece não pode mais ver pra crer. Quem jamais a esquece não pode reconhecer”.

█ Este registro fotográfico com Eduardo Valverde pode ter sido a última foto em vida do político, cidadão e amigo Eduardo Valverde (Patrono da COOMAPEIXE, quando acabara de ser carinhosamente aclamado) ao lado do Presidente da COOMAPEIXE, este articulista, ao participar de uma Reunião Extraordinária, na Sede da COOMAPEIXE – Cooperativa Mista e Aquícola do Estado de Rondônia, dias antes de seu falecimento, vítima de um grave acidente automobilístico, na BR-364, no dia 11 de março de 2011, tendo como palco a perigosa, sangrenta e assassina BR-364, que tantas preciosas vidas vem ceifando, constantemente.

EDUARDO VALVERDE: MAIS UMA VÍTIMA DA BR-364

Presidente Estadual do PT, Eduardo Valverde, (D) vítima da BR-364.

█ Nesta reunião, atendendo um chamamento da Diretoria da COOMAPEIXE, foram discutidos diversos temas de interesse do estado de Rondônia, abaixo detalhados:

• a não entrega do “Caminhão da Venda do Peixe” entregue pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) ao Prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho, ao invés de entregar à COOMAPEIXE, em detrimento de 109 cooperados e dos consumidores de pescado em Porto Velho e adjacências – documento, em mãos, fazendo a leitura;

• fazer contato com o Gabinete do Deputado Federal Padre Tom (PT) para agilizar a tramitação dos recursos financeiros — emenda de sua autoria e herdado por seu substituto do PT, a fim de agilizar a liberação de uma Emenda Parlamentar, no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) para a construção de um Projeto de Criação de Peixes, no Lago da UHE Samuel, para beneficiar cooperados da COOMAPEIXE;

• a liberação de recursos financeiros de Compensação Ambiental proveniente das UHE Santo Antônio e UHE Jirau;

• agendar uma audiência com o Deputado Federal Padre Tom para se articular outros benefícios para COOMAPEIXE, em níveis de recursos financeiros provenientes de Emendas Parlamentares, individuais e de bancada.

• outros e tantos assuntos referentes ao setor pesqueiro e aquícola que ele (VALVERDE) sempre soube muito bem trabalhar em defesa dos menos favorecidos.

█ O PT perde um grande político; Rondônia perde um incansável e destemido lutador em busca de benefícios para as populações sacrificadas e injustiçadas; as populações carentes perdem um forte aliado e a Cooperativa Mista e Aquícola do Estado de Rondônia – COOMAPEIXE perde o seu PATRONO, que mal acabara de selar uma parceria política com Eduardo Valverde, recebe a notícia de seu falecimento.

█ O Presidente da COOMAPEIXE, representando o pensamento de seus cooperados, consternado com o falecimento de Eduardo Valverde, vem através desta Coluna se solidarizar com a população de Rondônia e, em especial, com seus familiares, e rogar a DEUS para que este momento de dificuldade seja aliviado com a misericórdia divina e passe a ser aceito como uma obra sublime que DEUS reservou como uma transição do terreno material para o campo espiritual para complementação e purificação do espírito, em busca da verdadeira Luz.

█ Vá com Deus, amigo Valverde, e que DEUS segure na sua mão e lhe ilumine os caminhos da Eternidade para que você encontre a Morada Eterna, e que seja iluminado com a Verdadeira Luz.

Tenham todos um ótimo dia. Um forte abraço.

Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira (UNIR/RO); Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado (FAO/UFRPE/MA); Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e Presidente da COOMAPEIXE – Cooperativa Mista e Aquícola do Estado de Rondônia.
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