Domingo, 19 de maio de 2019 - 09h20
Pescado saudável. Pescado com gosto de barro.
Quase
sempre somos questionados sobre o porquê do gosto de barro em algumas espécies
de peixes cultivadas e comercializadas nas feiras e nos mercados de pescado em
todo o estado de Rondônia?
Para responder a esta pergunta
habitual tivemos que nos recorrermos aos nossos bancos de dados, aos companheiros e a pesquisadores
conceituados na área de limnologia — tendo como referências o Dr. Paulo César
Ceccarelli e Dr. José Augusto Senhorini,
ambos com Pós-Doutorado e pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas
e Conservação da Biodiversidade Aquática Continental – CEPTA, membro do ICMBio,
onde fomos acostumamos a realizar cursos e fazermos treinamentos para
piscicultores de Rondônia, em Pirassununga-SP.
PORQUE: em nossas andanças pela piscicultura no estado de Rondônia
e nos demais estados do Brasil e em outros países participando de congressos, encontros, seminários, workshop’s,
palestras e cursos que temos tido oportunidades em participar e ministrar, quase
sempre a mesma pergunta se repete: por que alguns peixes têm “gosto forte de barro”? Têm “odor de lodo”? A explicação é simples e óbvia. Se queres
conhecer a qualidade da carne de um
animal procuras conhecer a alimentação e o sistema de cultivo desse animal.
Para
responder a esta eterna pergunta sobre o “gosto forte de barro” e “odor de lodo”
que algumas espécies de peixes apresentam em Rondônia e nos demais estados da
Região Norte do Brasil — especialmente das espécies tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) e
curimatã (Prochilodus lineatus) e que tanto incomodam e cortam
o prazer dos consumidores e ou turistas que vêm conhecer nossas riquezas e
belezas naturais e que na hora H buscam saborear o prato típico da culinária
regional à base de pescado, o saboroso tambaqui assado na brasa.
-
As espécies de peixes que se alimentam de lodo, são conhecidas como espécies de
peixes iliófagos ou planctófagos — que se alimentam de lodo e plâncton (zoo +
fito), respectivamente, e muitos destes plânctons são algas e existem dois
tipos que quando ingeridas pelos peixes dão o gosto forte de barro, sendo da
família Cyanobacteria. O gosto forte de barro é causado pela GEOSMINA (trans-1,
10-dimetil-trans-9-decalol) e o gosto de lodo é provocado pelo MIB
(2-metilisoborneol).
-
Estes fortes sabores apresentados em algumas espécies de peixes em Rondônia e
em toda a bacia Amazônica ocorrem em
alguns meses do ano, e tanto pode ocorrer em espécies de peixes provenientes da
piscicultura quanto naqueles capturados na natureza.
COMO EVITAR O GOSTO DE BARRO NO
PESCADO?
Como
você já sabe que o gosto de barro no pescado é proveniente do consumo de algas
que os peixes consomem, recomenda-se seguir os seguintes passos, antes de
vender a sua produção de pescado:
· Faça
o Teste de Degustação Prévia ou Teste de São Tomé: Prepare dois ou mais exemplares
de peixes do viveiro e tempere da forma
mais simples possível, sem sofisticação, usando apenas sal e cheiro verde, para
fazer a degustação, com até quatro (4) membros de sua família;
· Se
o produto preparado apresentar o gosto “forte de barro” e o “odor de lodo” não
tenhas dúvida ao concluir que a sua produção está necessitando de um tratamento
imediato, antes de ser comercializada;
· Suspenda
a administração da ração por um período de até cinco (5) dias, tempo este
suficiente para proceder a limpeza da alimentação no aparelho digestivo dos
animais;
· Se
você puder e tiver disponibilidade de infraestrutura em sua piscicultura, transfira
os exemplares para um outro viveiro e deixe estes peixes sem alimentação
durante um período de até cinco (5) dias;
· Se
o “sabor forte de barro” e o “odor de lodo” persistirem tente outras
alternativas, tais como: deixe os peixes em viveiros grandes, com bastante
renovação de água e sem alimentação, por no mínimo uma semana;
· Ao
concluir a renovação de água deste viveiro, colocar sal grosso ou sal de
cozinha na água (1 a 4 g/L), por um período de até dois dias;
· Uma
outra alternativa válida e factível será a de se utilizar sulfato de cobre (0,5
a 1 mg/L). Em outras palavras, isto quer dizer: 500 g : 1,0 m³. Se em um (1)
viveiro de 1,0 ha de lâmina d’água nós temos as dimensões: 100,0 m x 100,0 m x
1,0 m = 10.000 m³. Então: 500 g: 1,0 m³ =
X.g: 10.000 m³. Isto é: 5.000 kg de Sulfato de Cobre (CuSO4).
O Sulfato de Cobre é um composto químico, com fórmula molecular CuSO4.
· Temos
as seguintes explicações e alguns procedimentos técnicos para corrigir estes
problemas, de uma forma prática e factível, ao alcance de todos.
· Atenção: O profissional que presta assistência
técnica a este projeto de piscicultura tem que ter muito cuidado ao fazer a
aplicação deste produto Sulfato de Cobre CuSO4.
Para tanto, torna-se necessário se
calcular a Alcalinidade Total (A.T.) da água. Somente utilizar o Sulfato de
Cobre (CuSO4) se
a A.T da água for ≥ a 30 mg/L.
· Caso
você queira fazer um novo teste de degustação para se comprovar se aquele “gosto forte de
barro” “odor de lodo” já desapareceram
com as providências adotadas, tudo bem. Caso não queira, também, tudo bem;
· Muitos
piscicultores de Rondônia e região tiveram significativos prejuízos por conta
do “gosto forte de barro” e “odor de lodo” entranhados na carne de seus
produtos pesqueiros. Evite prejuízo. Faças a “degustação prévia”. Faças o Teste
de São Tomé.
· Consulte-nos,
estamos a sua disposição, com uma equipe de profissionais Engenheiros de Pesca
para resolvermos os seus problemas.
Nossos contatos:
E-mail:
almeidaengenheiro@yahoo.com.br
WhatsApp:
(69) 9 9220-9736
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ESPINHA NA GARGANTA
Twitter
aas@almeida.com
Tenham todos um feliz final de semana.
Antônio
de Almeida Sobrinho tem Graduação em Engenharia de Pesca, UFC, com
Pós-Graduação (Lato sensu) em Tecnologia do Pescado FAO/UFRPE; Pós-Graduação
(Lato sensu) em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira – UNIR/CREA-RO;
Pós-Graduação (Lato sensu) em Docência do Ensino Superior – UCAM/PROMINAS;
Pós-Graduação (Stricto sensu), em nível de Mestrado, em Desenvolvimento
Regional e Meio Ambiente – UNIR; Presidente de Honra da Academia de Letras de
Jaguaruana – A. L. J. e escreve periodicamente nos seguintes Portais de
Notícias:
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