Domingo, 16 de março de 2014 - 07h16
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█ Altos níveis de precipitações pluviométricas que têm sido registrados nos últimos dias, nas cabeceiras do rio Madeira, no Andes, precisamente em territórios do Peru e da Bolívia, e, no Brasil — em toda bacia hidrográfica do rio Madeira e no estado de Mato Grosso — contribuindo para o aumentando do nível das águas, gradativamente, com pequenas oscilações, atingindo a marca histórica e inédita, até então de 19,11 metros, neste dia 15 de março de 2014, às 08h15, enquanto duas horas antes a cota máxiama histórica, até então havia atingido 19,12 metros, de acordo com aferição realizada pela Agência Nacional de Água – ANA, implicando na formação de um verdadeiro caos, com 2.500 famílias desabrigadas em Porto Velhos e nos distritos, com grandes prejuízos e transtornos para as famílias desabrigadas.
█Com as águas da cheia do rio Madeira alcançando até agora uma marca histórica inédita de 19,12 metros, em toda a sua história, em conformidade com os registros e informações de entidades que atuam nesta área — e não poderia deixar de expor e de submeter toda a população atingida, direta e indiretamente, a sérios riscos, além de transtornos e de prejuízos para as famílias que residem em áreas comprometidas com as enchentes e que vêm sofrendo por um longo período com o flagelo da cheia.
█ No período da pós-cheia as famílias desabrigadas e os responsáveis na coordenação dos trabalhos de reconstrução e de recuperação dos danos materiais — através de levantamentos e de inventários para avaliar os prejuízos causados com a cheia do rio Madeira — sendo, portanto, esta a fase mais delicada e a que requer maior preocupação com a saúde pública.
█ Em contato com o Engº Jorge Luiz da Silva Alves, que integra a Comissão responsável pelo inventário dos danos causados com a cheia do rio Madeira, este foi enfático em afirmar: - os danos materiais contabilizados, até então, já está se aproximando dos R$ 3.000.000,00 (Três bilhões de reais), e esta dívida alguém irá ter que pagar.
█ Compete as entidades públicas — ambientais e de saúde — como à SEDAM, à SEMA ao IBAMA, à Defesa Civil, à SEMUSA, à SESAU e a outros organismos governamentais e não governamentais, a deflagrarem uma Campanha Educativa para conscientização da população, no âmbito da questão da saúde pública, a fim de evitar, com a máxima urgência, a captura e o consumo de espécies de peixes das águas da cheia (não praticar a pesca de subsistência), com caniço, linha-de-mão, com tarrafa ou com outros apetrechos artesanais e similares, nos municípios que estão alagados, com a cheia do rio Madeira, sob pena de estarem colocando a vida de toda sua família em risco, inclusive de morte.
█ Com a elevação das águas fora da calha do rio Madeira, as águas superficiais se misturam com os resíduos sólidos e líquidos das fossas domésticas, atingidas com as águas da cheia e, não temos dúvida de que os excrementos — como fezes e urinas de ratos e de outros animais — se juntam de forma natural — quando grande parte dos animais aquáticos, especialmente os peixes passam a se infectarem com a bactéria (Leptospira spp.) que transmite a leptospirose e outras doenças gastrointestinais e que pode colocar as famílias, indiscriminadamente, em risco, com possibilidade de levar a óbito.
█ A leptospirose também é conhecida com o nome de doença de Weil, sendo o seu principal transmissor e agente causador principal — o maior inimigo do homem: o rato, através de agentes responsáveis, direto e indireto, duas bactérias (Leptospira spp.) que se alojam nos rins do rato e são normalmente liberadas em sua urina.
█ Por ocasião das alagações e cheias, como esta que se contata com o transbordamento da calha do rio Madeira, a urina do rato normalmente é misturada à água, à lama, aos microorganismos — que em contato com a pele, principalmente em caso de ferimentos, machucados, mucosas ou por ingestão de alimentos aquáticos, sendo o mais comum o pescado.
█ Há controvérsias quanto ao consumo de pescado capturado em coleções de águas que receberam efluentes provenientes de ambientes com dejetos de roedores, incluindo o rato, se transmite ou não a leptospirose. Este tema tangencia a minha formação acadêmica, mas, mediante depoimentos de fontes pesquisadas, este assunto procede e tem tudo a haver.
█ Para se evitar a contaminação e, consequente, contração da leptospirose, recomendam-se com toda veemência se evitar: i) contato direto com as águas das enchentes; ii) não utilizar a água da cheia para lavagem e preparo de alimentos, de roupa, de louças e para banho. Esta água, mesmo que seja devidamente filtrada e fervida, não deve ser recomendada para se beber, uma vez que a contaminação através de bactérias (Leptospira spp.) não será neutralizada através de uma simples filtragem.
█ Uma cena veiculada na mídia eletrônica, através do Programa Tempo Real, da TV Candelária, apresentado nesta última 4ª Feira, 12 de março, pelo apresentador Léo Ladeia, mostrou uma senhora preparando alimento (lavando um frango, com as águas das enchentes) quando causou um rápido comentário e constrangimento por parte do jornalista e que, também, deve ter chocado aos demais telespectadores — que estavam ligados na TV e que assistiam ao mencionado Programa, no horário nobre.
█ Os adultos não devem tomar banhos nas águas das enchentes e, como também, os pais não devem permitir que seus filhos brinquem, usem as águas para uso direto e mergulhem nas águas de enxurradas, principalmente nas águas do rio Madeira, neste nível em que se encontra — sob pena dessas crianças serem vítimas de contaminação ou mesmo sofrerem ataques de animais aquáticos, a exemplos de jacaré, cobras, peixes, escorpiões, arraias e por outros animais.
█ Sempre que a água da cheia retorna ao leito normal, as residências e casas comerciais afetadas ficam com muita lama, fruto da decantação das partículas em suspensão e com resíduos de sedimentos nos assoalhos, calçadas, tablados e nas paredes. Neste caso, devem-se ter muito cuidado para desinfetar todo o ambiente e não tentar reaproveitar alimentos que tiveram contato com as águas.
█ Para este procedimento de limpeza, recomendam-se utilizar água sanitária, na proporção de 20 partes de água limpa para uma de água sanitária, e empregar vassouras e material de limpeza que evite o contato direto da pele com a parte suja. Devem-se utilizar botas de borracha e sacos plásticos para se revestir as mãos e, assim, se evitar o contato direto com a lama e matérias indesejáveis. Devem-se, também, proceder à complementação da assepsia com o emprego de água limpa, por diversas vezes, até deixar o ambiente bem limpo, desinfetado e saudável.
█ Na pós-cheia do rio Madeira serão acionados os servidores responsáveis pelos serviços de limpeza. Este contingente de servidores deve ter toda a atenção especial para se evitar a contaminação e não esquecer em utilizar botas e luvas de borracha, nos seguintes momentos;
· na remoção de entulhos;
· na desobstrução de esgotos, valas e bueiros;
· na limpeza de prédios públicos;
· na limpeza de casas residenciais;
· na recuperação e limpeza de obras de saneamento básico;
· na recuperação de estradas e pavimentação asfáltica.
█ Na Bolívia, os pecuaristas e piscicultores estão sofrendo com as enchentes provenientes de altos níveis de precipitações pluviométricas registrados nos últimos dias nas cordilheiras dos Andes, quando já ocorreram vários óbitos de campesinos e de ribeirinhos, vítimas de afogamento e de doenças endêmicas da região, provenientes das cheias; perda de parte do rebanho bovino, podendo chegar a 900.000 cabeças, segundo informações veiculadas na mídia eletrônica, quando várias exemplares do rebanho bovino tiveram que ser sacrificados e comercializados, a fim de se evitar o prejuízo total.
Centenas de cabeças do rebanho bovino da Bolívia tiveram que ser abatidas |
█ Entidades governamentais e não governamentais do Governo da Bolívia, a exemplo do Foro Boliviano de Meio Ambiente (Fobomade), a Liga de Defesa do Meio Ambiente (Lidema), a Câmara Agropecuária do Oriente, autoridades do Governo do Departamento do Beni e parlamentares estão reiterando insistentemente ao Governo da Bolívia para acionar junto ao Governo do Brasil para que os danos ambientais e prejuízos materiais causados, em territórios das sete das oito Províncias da Bolívia sejam ressarcidos, a curto prazo, pelos responsáveis diretos pelo refluxo das águas, sendo os Consórcios responsáveis pela construção das obras hidrelétricas do rio Madeira, na opinião das autoridades bolivianas.
█ Notícias proveniente da cidade de Guayaramerim, na Bolívia, dão conta da ocorrência de uma grande mortandade de peixes adultos e de alevinos da espécie pirarucu (Arapaima gigas, SHINZ, 1822), com suspeita de contaminação por bactérias, com maior incidência nos lagos e lagoas naturais e da própria piscicultura — que de incipiente se transformou em frustração, em desespero e em prejuízos para os abnegados irmãos bolivianos que não se cansam em procurar desenvolver a piscicultura.
Exemplares de peixes mortos em decorrência de fortes impactos ambientais causados pelas enchentes dos rios da Bolívia |
█ Você já imaginou se o estado de Rondônia sofresse um surto de aftosa e a exportação da carne bovina sofresse um embargo por parte dos países importadores? Qual seria a posição dos produtores rurais, dos criadores de gado, dos pecuaristas e exportadores de carne bovina do estado de Rondônia? Qual seria a posição do Governo do Estado?
Resposta:Obviamente, que de imediato o Governo do Estado, através da IDAROM, iria procurar localizar onde estariam os focos da doença a fim de erradicar o mal pela raiz, e, assim, erradicar o problema, através de sacrifício e de incineração dos exemplares infectados com a doença.
█ O estado de Rondônia tem uma produção de pescado estimada em 50.000 toneladas, na safra 2012/2013, e projetada para a safra 2013/2014, na ordem de 80.000 toneladas, vulnerável à ação da importação de alevinos da Bolívia, com sérios riscos em causar um problema muito sério capaz de comprometer a qualidade da piscicultura estadual, especialmente para os criadores da espécie pirarucu, em estágio crescente e acelerado de desenvolvimento, quando se estima que a produção de pescado com a espécie pirarucu (Arapaima gigas, SHINZ, 1822) se encontra, hoje, em torno de 2% da piscicultura do Estado.
█ Os alevinos da espécie pirarucu (Arapaima gigas SHINZ, 1822), conhecido na República da Bolívia com o nome de ‘paites’ estão contaminados e emprestáveis para a utilização na piscicultura, sob pena de contaminação na população existente, com sérios riscos de comprometerem a piscicultura do estado de Rondônia, e de não sobreviverem ao transporte e/ou em não resistirem ao cultivo por muitos dias, de acordo com informações de piscicultores da Bolívia, vítimas das enchestes dos rios e lagos daquela região andina.
█ Qual deveria ser de imediato, a posição do poder público, em relação a esta provável importação de alevinos provenientes da Bolívia, infectados com bactérias?
Resposta:Obviamente, que seria localizar o foco desta importação; verificar se realmente estas informações são procedentes para, depois, tomar todas as medidas cabíveis.
█ Se você, amigo leitor, é um piscicultor e está pensando em povoar a sua piscicultura com a espécie pirarucu, você deve ter muito cuidado e preste muito atenção para as seguintes preocupações:
· procure se certificar se estes alevinos têm boa procedência;
· não compre gato por lebre;
· procure se inteirar se estes alevinos são provenientes da Bolívia
ou de lavanderia clandestina;
· evitar ter prejuízos financeiros;
· cometer danos ambientais irreversível à atividade da piscicultura do estado de Rondônia
com a introdução de alevinos contaminados é crime e pode até dar cadeia.
PARA LER E GUARDAR
A qualificação técnica para os piscicultores do estado de Rondônia é uma necessidade imperiosa e urgente: como método eficiente de aumento da produção e da produtividade, de melhoria da qualidade do pescado, redução dos custos de produção, incremento na receita líquida da produção comercializada e na redução do preço do pescado para o consumidor.
Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca e Analista Ambiental , Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado, com Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.
E-mail: almeidaengenheiro@yahoo.com.br (69) 9919-8610 e (69) 8111-9492.
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