Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Carlos Henrique

A banalização da ingratidão - Por Carlos Henrique


É até surpreendente como até hoje o povo culpa por aqui as usinas do madeira até pelo volume de chuvas. Mas esquece da enxurrada de dinheiro que foi aqui despejada. Claro que grande parte foi desviada, mas os desvios não foram obras de engenharia: foram eleitorais. O mesmo povo esquece que elegeu -  e reelegeu -  Ivo Cassol e Roberto Sobrinho.

O cardápio de mágoas despejado diariamente em forma de "fakes" nas redes sociais não poupa ninguém. Um exemplo: circula um vídeo antigo que mostra Valdir Raupp na companhia de Lula e Dilma, para comprometer sua campanha à reeleição. Mas nada é dito sobre o sucesso eleitoral do casal Raupp naquela ocasião: ambos foram eleitos com as maiores votações do estado.

O brilhante Eduardo Simbalista indica que os desafios urgentes do Brasil são: crescer, repartir e educar. O Brasil deve crescer um Uruguai a cada ano, um Chile a cada cinco e uma Argentina a cada 10 anos, apenas para gerar os empregos dos jovens que chegam ao mercado de trabalho. Já perdemos muito tempo: é hora de deixar as incertezas para trás.

Falar mal do Brasil virou esporte nacional: do sonho ufanista do Brasil do futuro (que nunca se realiza como no mito de Sísifo), o brasileiro acorda para nova epidemia. Os sintomas: decepção, desencanto, descrença, desesperança. O brasileiro desiste do sorriso, perde a alegria, abre mão da esperança.

Essa dificuldade de ser brasileiro, de aceitar verdadeiramente o Brasil como pátria e Nação, não é nova. Culpam a colonização pelo que o Brasil é hoje: meio espoliado, meio sem dono. Nesta terra de índio sem índio, o problema é sempre do outro. Os males do Brasil eram a saúva, pouca saúde e a inflação; agora a insegurança, pouca saúde, pouca educação e a corrupção. O que fizemos com o nosso país neste vôo da galinha? Então o brasileiro, povo sofrido, não está acostumado ao sofrimento?

O Brasil, terra abundante, litoral  imenso, enorme potencial e com inúmeros problemas a enfrentar, está acostumado a que o brasileiro lhe dê as costas. O brasileiro vê o país ser saqueado como assiste a um reality show de mau gosto. O brasileiro do “meu pirão primeiro” e do “todo mundo é ladrão” vai do otimismo ilusório ao pessimismo amargo com a naturalidade de quem sobe e desce de elevador.

O Brasil não tem culpa. O Brasil é o Brasil. O Brasil é maior do que o brasileiro. A culpa é nossa: dos brasileiros.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A cegueira da estupidez

A cegueira da estupidez

Você, leitor, já ouviu falar do “Efeito Dunning-Kruger”? Trata-se do  princípio definido em 1999, a partir do estudos de dois psicólogos americanos,

DNIT não cancela ponte Brasil-Bolívia

DNIT não cancela ponte Brasil-Bolívia

“Suspender é diferente de cancelar”, esclarece importante autoridade ligada ao gabinete do senador Confúcio Moura. É o que também deixam claro os di

Prejudicado no MDB, Roberto Alves concorre em Cacoal pelo Avante

Prejudicado no MDB, Roberto Alves concorre em Cacoal pelo Avante

"A democracia é a pior forma de governo" - teria ironizado o então primeiro  ministro inglês, Winnston Churchill, para acrescentar: - "Exceto por t

Rachadão do Pix: o vôo de Ícaro de Lira

Rachadão do Pix: o vôo de Ícaro de Lira

O parlamento brasileiro deveria agradecer ao ministro Flávio Dino, antes de condená-lo pelo bloqueio das “emendas Pix”. A quem, afinal, esperam conv

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)