O ex-deputado Ernandes Amorim está indignado com o tratamento dado ao noticiário veiculado com estardalhaço contra ele pela mídia, a propósito de denúncias formuladas pela Polícia e Ministério Público federais e aceitas pela 3ª Vara da Justiça Federal. Ele foi apontado pela “Operação Abate” como chefe de uma organização criminosa da qual participavam servidores da Secretaria Federal de Agricultura no favorecimento ilícito de empresas frigoríficas, laticínios e curtumes. Amorim reclama que sua resposta não obteve o mesmo destaque que as acusações na mídia. Nem poderia, caro Amorim. Afinal, release só tem um lado. É como um chicote, que apenas favorece a quem está com o cabo na mão. E quem recebe nos costados a parte mais fina só fica com a dor.
Tais acusações, segundo o ex-parlamentar, que se prepara para assumir, como primeiro suplente, uma vaga na Assembleia Legislativa com a eventual dança das cadeiras que poderá ocorrer caso tudo não acabe mais uma vez em pizza, não passam de uma bem articulada retaliação contra denúncias que fez na Câmara Federal. Ele argumenta que denunciou na Câmara Federal a mesma quadrilha que agora é acusado de chefiar, só que bem mais robusta. “Envolvia gente do BNDES, do frigorífico JBS-Friboi, Ministério da Agricultura e ainda com a cobertura de algumas autoridades do governo federal”.
Vale lembrar que o JBS-Friboi é controlado pela J&F Participações S/A (o “F” seria de Fábio Luis , aquele que foi chamado pelo papai de “Ronaldinho” da economia, quando foi literalmente agraciado com a compra de parte de sua empresa de videogames de fundo de quintal pela Oi por R$ 5 milhões). É a mesma empresa que anunciou a compra, também com grana do BNDES da Delta Construções. Na verdade, se formos “seguir o dinheiro”, como fazem os policiais nos filmes (e claro que também na vida real), dá um tratado sobre a vagabundagem patrocinada pelo dinheiro público. Só um exemplo: a JBS-Friboi, uma empresa de Anápolis (GO), foi alçada à condição de maior processadora de proteína animal do mundo com R$ 7,5 bilhões do BNDES. E Lula já cobrou a conta ao obrigar um dos sócios, José Batista Júnior, a deixar o PSB de Eduardo Campos para apoiar a reeleição de Dilma.
Mas Amorim argumenta que exigiu, quando deputado, a instalação de uma comissão de sindicância ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Ele mandou uma comissão a Rondônia, mas os resultados apurados foram desconsiderados, segundo Amorim. “Foi criada uma comissão paralela, inclusive com a participação de um veterinário que atua dentro da unidade frigorífica do grupo JBS, em cujo relatório a Polícia Federal se baseou, para me incriminar sem nem mesmo ouvir os integrantes da comissão oficialmente constituída pelo Ministério”.
O ex-deputado diz que vai apresentar à Justiça toda a documentação relativa ao caso. “Eu mesmo consegui criar uma comissão de cinco deputados federais, com acompanhamento de um procurador federal para investigar essa máfia, que atua no governo, no BNDES e no mercado financeiro. Vou exigir que seja juntado o relatório apresentado à época pela comissão de alto nível, que foi deliberadamente deixado de lado pela Polícia Federal. Nem mesmo os integrantes da insuspeita subcomissão da Câmara, formada pelos deputados Valdir Colatto, Moacir Micheletto e Moreira Mendes, chegaram a ser ouvidos. Da mesma forma, o trabalho que realizaram aqui nunca foi acatado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Isso tudo será esclarecido na Justiça. Aí o público poderá saber quem são os verdadeiros bandidos”.
Sábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)