Presença obrigatória e conceitual nos santinhos das campanhas eleitorais o tratamento ao público com dignidade e respeito é de uma raridade prática tamanha que merece registro – e aplausos – quando acontece. Daí a surpresa manifestada por uma leitora que fez questão de registrar a ocorrência e informar ao blogueiro. Não posso negar que já recebi tratamento respeitoso em diversos setores da administração pública, como no Detran, Portaria do TCE e da Assembleia. Mas a queixa do público é recorrente: “no geral a pessoa nem ao menos nos dirige o olhar”- observa.
“O descaso, a falta de compromisso e de educação em relação ao trato com o cidadão comum, aquele que não oferece qualquer risco de cobrança ou retaliação é comum em nosso cotidiano. Por isso, foi com surpresa que assisti ao tratamento atencioso de uma servidora da SEAS aos candidatos a uma das quatro mil casas do residencial “Orgulho do Madeira”, cujas inscrições foram iniciadas na última semana”.
O inusitado episódio aconteceu em função do grande número de candidatos que formou imensas filas em frente às dependências da Casa de Eventos Talismã, onde apenas no dia seguinte seria iniciado o cadastramento. O desconforto, o esgotamento e o sol inclemente mandaram muitas pessoas à UPA mais próxima. E foi justamente lá que uma servidora com crachá da SEAS procurou cada um dos que deixaram a fila para saber se precisava de algo e entregar uma senha para a efetivação da inscrição no programa.
Atitudes como aquela representam algo que deveria ser a normalidade no trato com o público. Mas é tão ausente que o governo do estado é aplaudido quando se propõe a efetivá-las. Por determinação do próprio governador todos os órgãos estaduais selecionaram pessoas exclusivamente para o atendimento ao público. E funcionou. Mesmo tendo sido anunciado que apenas 1,5 mil candidatos seriam atendidos no primeiro dia de inscrições, quase quatro mil pessoas se aglomeraram no local. A diferença é que ninguém foi obrigado a voltar frustrado: foram realizados, segundo o governo, exatos 3.930 atendimentos, entre triagem de documentação, entrega de senhas, inscrições e informações.
Numa realidade em que bancários em greve, com integral apoio do público, parecem dirigir contra esse mesmo público sua insatisfação e deixam desabastecidos os raros caixas eletrônicos que ainda operam, uma demonstração de respeito como aquela do Governo do Estado merece registro. Especialmente porque demonstram a grandiosidade de quem se propõe a realizar coisas verdadeiramente grandiosas.
A população – que ninguém se engane – saber reconhecer isso. Tanto que Confúcio Moura quase não conseguiu falar ao público, permanentemente interrompido por demorados aplausos. Igual situação não se repetiu, contudo, em relação ao prefeito Mauro Nazif, mesmo depois do governador ter explicado que a obra é fruto de cooperação entre os governos federal, estadual e municipal. Não adiantou. Nazif foi estrepitosamente vaiado. E conseguiu piorar as coisas quanto tentou dizer que somente mil pessoas seriam atendidas naquele dia. Melhor faria se ficasse calado.
Cássio Guedes elogia ação de Bessa
Tenho, com frequência e de forma até algo incisiva, apontado erros e desvios de conduta de veículos de comunicação, porquanto acredito que desqualificam a profissão de jornalista, já tão desacreditada em nosso estado, especialmente pela vinculação da linha editorial aos interesses de quem paga. Mas considero-me no dever de enaltecer os acertos, como faço agora em relação ao site Tudo Rondônia pela excelente entrevista, assinada por Carlos Araújo, com o desembargador aposentado Cássio Guedes, amigo e conterrâneo da mesma rua em Juiz de Fora. Cássio Guedes, vale lembrar, é sobrinho de outro amigo, Jurandir “Barão”, um dos chefes de oficina dos Diários Associados, que me indicou para o primeiro emprego no jornalismo, em 1973, quando eu ainda cursava o primeiro período do curso de Comunicação Social na UFJF.
Reproduzo aqui, com a licença do autor, meu amigo Carlos Araújo, trechos da entrevista.
Em relação ao site, acredito também não haver problema: tenho crédito por meus textos terem sido ali reproduzidos inúmeras vezes. Em tempos mais amenos, claro. Na entrevista, o desembargador, equilibrado como sempre, coerente, incisivo e sereno, joga luz sobre algumas questões ainda pendentes no relacionamento entre os poderes. Ele parabeniza, por exemplo, o secretário Marcelo Bessa, da Sesdec, e os delegados que atuaram na Operação Apocalipse. E esclarece que embora o MP tenha pedido o arquivamento do caso com apenas uma deputada denunciada, o Judiciário não acatou o pedido. Eis algumas declarações de um magistrado que, como ele próprio diz, jamais se escondeu atrás da toga.
1 – Mazelas – “O Ministério Público de Rondônia é muito atuante e isso não pode deixar de ser registrado. Existem lá suas mazelas e nós não estamos vendo ser julgadas. Quando temos um juiz safado, corrupto ou que desviou sua conduta, o Judiciário o afasta e julga-o, condenando em muitos casos. Mas não estamos vendo esse procedimento ser realizado pelo Ministério Público, infelizmente”. Ele exalta a atuação do Poder Judiciário de Rondônia e garante que se temos dois deputados – um estadual, Marcos Donadon; e outro federal, Natan Donadon, cumprindo pena em regime fechado, é porque foram julgados e condenados pelos juízes de Rondônia. O STF só confirmou as penas aplicadas pelo nosso Judiciário, “do qual me orgulho muito de ter integrado por 31 anos”.
2 – Apocalipse - Com relação às recentes operações realizadas pela polícia no Estado, eu só tenho que parabenizar o Secretário de Segurança Pública na pessoa do doutor Bessa e os delegados que comandam essas operações, porque realmente o nosso Estado precisa ser passado a limpo. Durante todos esses anos no Poder Judiciário eu tive o desprazer de julgar pessoas que estão à frente dos nossos Poderes, infelizmente. O Ministério Público é um órgão completamente independente, ele pode denunciar como pode não denunciar, só que o Judiciário assim como o Ministério Público também é independente, e pode receber a denúncia ou não receber o pedido de arquivamento. Há independência dos dois lados. O Ministério Público entendeu que não era o momento oportuno para denunciar alguns, mas, o Poder Judiciário entendeu que esse era o momento sim de denunciar, e não recebeu o pedido de arquivamento feito pelo Ministério Público com relação a alguns dos acusados.
3 - Mensalão - O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mensalão, no meu modo de ver, perdeu a oportunidade de se firmar como o grande poder da República. A Constituição Federal diz que todo poder emana do povo e o Judiciário parece que se esqueceu de que é poder. Há uma ideia de que poder é Executivo e Legislativo, quando se fala que emana do povo. Acontece que o Judiciário é o grande poder da República e o Supremo Tribunal Federal não soube exercer esse papel, com os apelos emanados do povo nas ruas pedindo exaustivamente a condenação dos mensaleiros. O STF vem protelando esse julgamento, aceitando embargos procrastinatórios, de declaração, infringentes e outros mais que nós não sabemos que virão pela frente.
4 – Poderes - Ele é salutar (o poder), desde que o Judiciário decida com firmeza, com a rapidez que o povo espera. Não adianta ficarmos criando juizados especiais para decidir pequenas causas, precisamos é decidir as grandes causas. Isso é o que o povo quer. O povo não quer saber se o cheque de 50, 60 reais voltou ou não e se ele foi lá no juizado e recebeu, o povo quer saber se o safado, se o político corrupto, o ladrão dos cofres públicos foi preso ou não. Isso é o que o povo quer. Infelizmente, nesse ponto, nós estamos deixando muito a desejar, porque nós aceitamos (nós que eu digo é o Judiciário), assim como o Supremo tem aceitado todo tipo de recurso para que a causa retarde o seu julgamento final.
5 – Harmonia - Eu sou provavelmente um dos membros do Poder Judiciário, que posso falar o que eu quiser em relação ao Ministério Público, porque eu tenho um pai e um irmão promotor de justiça e sei como funcionam os dois lados. O Ministério Público de Rondônia é muito atuante e isso não pode deixar de ser registrado. Existem lá suas mazelas e nós não estamos vendo ser julgadas. Quando temos um juiz safado, corrupto ou que desviou sua conduta, o Judiciário o afasta e julga-o, condenando em muitos casos. Mas infelizmente não estamos vendo esse procedimento ser realizado pelo Ministério Público.
LULA ESCREVE LIVRO:
“O FILHO DA LUTA” - A RIMA É DO FREGUÊS
Uma enquete circula na net coletando sugestões para o título de um eventual livro do ex-presidente, que manifestou interesse em seguir Sarney e Fernando Henrique e ser imortalizado com uma vaga na ABL. Entre as milhares de opções, uma chama a atenção: “Lula, o filho mais ilustre do Brasil”. Acho muito apropriado, já que o mais ilustre filho brasileiro é aquele sempre citado com referências pouco elogiosas à profissão de sua genitora.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)